(katleho Seisa/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 16 de março de 2023 às 16h33.
Última atualização em 17 de março de 2023 às 15h42.
O que você sente quando recebe a sentença “Ok”? Para esta semana, retomo as crônicas metalinguísticas, em homenagem à Língua Portuguesa.
"OK!" é uma expressão cretina. É feia à beça, cafona ao extremo. Sua frieza e seu comodismo vêm há muito tempo.
Imagino um sujeito que redige ao chefe:
- Bom-dia, senhor Gomes! Recebi o e-mail e já convoquei todos os colaboradores do Setor BETA, para uma nova reunião.
Ansioso por demonstrar um bom trabalho, recebe como resposta:
- OK!
Não há como negar que o subordinado se sentirá instantaneamente mal. Vida que segue, e que ele nem pense em reclamar disso.
No amor, então, o "OK!" é como chamar briga. É ríspido, insensível demais (independentemente da ocasião e da hora):
- Passei a tarde inteira lendo mensagens que me fazem recordar o nosso amor. Que assim seja sempre, no calor de nossos corpos e almas. Amo você!
O rei ou a rainha das desculpas tecnológicas da rapidez louca do cotidiano envia como r-e-s-p-o-s-t-a:
- OK!
Com isso, é garantida uma rápida e revoltante ligação telefônica, com um bom puxão de orelha diante do ato mal-educado.
A questão não é nem a reciprocidade sentimental, mas a falta de educação, como a do sujeito que insiste em não responder o cumprimento de um vizinho no elevador.
No meio familiar, pode ser ainda mais grave. Isso levaria a um castigo doloroso, e uma mãe poderá deixar de conversar com o filho pelas próximas décadas:
- Meu filho, que Deus ilumine seus passos em mais esta viagem de férias! Bom descanso! Mamãe ama infinito você, criaturinha!
- OK, mãe!
Que dor é a abominável mensagem relativa, de maneira irônica, a "Tudo bem!" Por isso, não a uso, não gosto de recebê-la e rezo para que todos a esqueçam (bem longe).
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DIOGO ARRAIS
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Professor de Língua Portuguesa