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Por que Trump e Musk vão acabar com o home office no setor público?

A onda do trabalho presencial está voltando com tudo nos Estados Unidos – inclusive em empresas de tecnologia e para o funcionalismo público

A nova medida que acaba com o home office para funcionários públicos federais foi anunciada no site da Casa Branca nesta segunda-feira, 20, pelo próprio presidente Trump. (Jim WATSON / POOL / AFP/AFP)

A nova medida que acaba com o home office para funcionários públicos federais foi anunciada no site da Casa Branca nesta segunda-feira, 20, pelo próprio presidente Trump. (Jim WATSON / POOL / AFP/AFP)

Publicado em 21 de janeiro de 2025 às 16h02.

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Em agosto do ano passado, o CEO global da Amazon, Andy Jassy, anunciou o fim do home office aos funcionários da empresa nos Estados Unidos a partir de janeiro deste ano. A ordem do CEO vem na esteira de decisões tomadas por alguns dos executivos mais influentes do mundo. Em 2022, ainda na pandemia, Elon Musk já havia ordenado aos funcionários da montadora Tesla que trabalhassem pelo menos 40 horas presenciais. Agora, como czar do governo Donald Trump para a reforma do Estado, Musk forçou e conseguiu o fim do home office na máquina pública americana.

A nova medida que acaba com o home office para funcionários públicos federais foi anunciada no site da Casa Branca nesta segunda-feira, 20, pelo próprio presidente Trump.

“Os chefes de todos os departamentos e agências do Poder Executivo do governo devem tomar todas as medidas necessárias para encerrar os acordos de trabalho remoto e exigir que os funcionários retornem ao trabalho presencial em seus respectivos postos de trabalho em tempo integral”, diz parte do texto do decreto.

Old School – a velha ou a mais nova tendência do mercado de trabalho

Produtividade e fiscalização, segundo Joaquim Santini, pesquisador internacional, são ações que caminham juntas no mercado de trabalho - na visão de Donald Trump e de muitos empresários.

“Para Trump, uma vez que o setor público é financiado pelos contribuintes, é fundamental que haja supervisão próxima. Para ele, sem a presença no local de trabalho, seria mais difícil cobrar resultados e assegurar que os recursos públicos estão sendo bem usados”, diz Santini.

A crença de que as pessoas precisam ser constantemente supervisionadas para manterem a produtividade revela um traço profundo e característico de lideranças consideradas "old school", afirma Santini. “Tanto Donald Trump quanto Elon Musk compartilham uma visão que privilegia a hierarquia e o trabalho presencial de todos os funcionários para combater a queda no desempenho”.

O trabalho público nos Estados Unidos 

O processo seletivo para cargos públicos nos Estados Unidos é diferente do Brasil. No país norte-americano os funcionários não são concursados. “É um sistema de seleção, igual em empresa privada. É aberta a vaga, você envia o currículo e participa do processo seletivo”, afirma Talitha Krenk, advogada brasileira que trabalha e mora no estado de Indiana, nos Estados Unidos.  

Geralmente, trabalhos federais são apenas para cidadãos americanos, afirma Krenk, que reforça que o regime de trabalho remoto para profissionais do setor público aconteceu na época da pandemia, para atrair profissionais para o setor – que diferente do Brasil, não é um setor tão cobiçado.

“Muitas vagas federais postadas já diziam que era trabalho remoto, o que ajudava na contratação e retenção de funcionários. Principalmente, porque empregos públicos tradicionalmente tem salários menores do que o mercado privado”, afirma a advogada.

Existe uma preocupação se tal medida irá causar pedidos de demissões voluntárias. Atualmente, segundo relatório do OMB (Escritório de Gestão de Pessoal) de agosto de 2024, mais de 1 milhão de pessoas trabalham em regime híbrido ou remoto nos Estados Unidos.

Mais mudanças à vista

O novo governo promete trazer mudanças significativas para o mercado de trabalho nos Estados Unidos, especialmente no setor público. De acordo com a advogada Krenk, uma transformação de grande impacto está prevista para o funcionalismo público americano, com a criação do Department of Government Efficiency, que será liderado por Elon Musk.

“Neste mês, além dessa mudança do trabalho para presencial, vimos a eliminação de departamentos de diversidade, equidade e inclusão de várias empresas e criação de departamentos baseados em mérito”, afirma.

O presidente Donald Trump também enfraqueceu as proteções trabalhistas dos servidores civis ao reinstaurar a medida conhecida como "Schedule F". Essa política permite reclassificar milhares de funcionários federais como nomeações políticas, eliminando as proteções tradicionais do serviço público, afirma Krenk.

“Trump agora pode reclassificar os funcionários federais como indicação política e os tornam mais fáceis de serem demitidos, caso seja entendido que eles não são leais ao presidente ou ao governo. Essa já era uma medida que ele fez no governo anterior e reinstituiu agora”.

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