Kawhi Leonard do Toronto Raptors: time venceu a final da NBA (Lachlan Cunningham/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 8 de agosto de 2019 às 06h00.
Última atualização em 8 de agosto de 2019 às 19h50.
Em junho, o time canadense Toronto Raptors venceu o Golden State e se tornou a primeira equipe de basquete de fora dos Estados Unidos a conquistar o título da NBA (National Basketball Association). O que esse fato inédito tem a ver com a sua carreira ou o ambiente de trabalho? Tudo. Para César Souza, consultor e fundador da Grupo Empreenda, assim como as regras no basquete mudaram ao longo do tempo, as empresas se transformaram também.
Novas ferramentas de gestão, reforma trabalhista, escritórios abertos, ascensão das redes sociais, são apenas alguns exemplos de fatores que interferem no dia a dia de líderes e profissionais do mercado. Souza morou 11 anos nos Estados Unidos e ficou obcecado com basquete, por ser um esporte bastante dinâmico e imprevisível. Assim como o mundo corporativo.
“Sempre acompanhava e vibrava de perto. Depois que voltei para o Brasil, passei a acompanhar à distância. Até que me deparei com placares de 130 pontos a 120. O que está acontecendo? Na minha época, o placar era 90 a 80, quando chegava a 100, já era muito”, disse.
A verdade é que os placares mudaram muito ao longo dos anos. Em 1950, o Minneapolis Lakers (agora Los Angeles) foi derrotado pelo Fort Wayne Pistons por 19 a 18. As regras do basquete eram diferentes e não havia limite no tempo de posse de bola. Com a ajuda do consultor, traçamos cinco paralelos entre o mundo do basquete e do trabalho.
1.As habilidades mudam constantemente
As mudanças no estilo de jogo da NBA fizeram com que o mercado passasse a priorizar jogadores mais ágeis e que arremessam bem à longa distância. Não estamos falando apenas de técnicas e sim do perfil físico dos atletas: estrelas como Stephen Curry que tem 1,91m e pesa 86 kg e Klay Thompson com 2,01m e 98 kg.
Já nos anos 90, os ídolos eram jogadores como Shaquille O’ Neal (2,16 m - 147 kg), Patrick Ewing (2,13 m – 109 kg) e Robert Traylor (2,06 m – 145 kg). Em comparação com os atletas de hoje, eles eram mais pesados e o jogo era mais focado dentro do garrafão.
No mundo corporativo, há alguns anos, as demandas eram outras e era possível se manter em uma empresa por décadas sem precisar de se reinventar. Atualmente, empresas buscam profissionais que tenham flexibilidade, facilidade para lidar com novas ferramentas, competência emocional, espírito empreendedor, entre outros. Quem não se encaixa no perfil, dificilmente consegue uma vaga.
2. Os números dizem muito sobre como você deve agir
Em 1954, foi implantada a regra do limite de 24 segundos de posse de bola até o arremesso para a cesta. Já em novembro de 2018, o limite da posse foi reduzido para 14 segundos no caso da bola bater no aro ou ser interceptada pelo adversário e voltar ao time atacante.
Na prática, essa mudança fez com que os jogadores precisassem ser mais rápidos e mais habilidadosos em fazer cestas de três pontos fora do garrafão. Para Souza, novas regras econômicas, mudanças políticas, revolução tecnológica, tudo interfere na maneira dos executivos de trabalharem.
Se há pouquíssimo tempo, as marcas e profissionais tinham as curtidas no Instagram como um norte se as estratégias estavam dando certo, a dinâmica mudou. “É preciso desaprender coisas que aprendeu e ter coragem para mudar. Se não mudar, ninguém sobrevive”, explica Souza.
3. Não se acomode para crescer na carreira
Ter disciplina e treinar muito vale tanto para atletas quanto para profissionais que queiram se destacar. A nova regra da NBA, da posse de bola ser limitada a 14 segundos, fez com que os times mudassem suas estratégias e táticas. Para serem estrelas, é essencial saber trabalhar em equipe e ser mais ágil. No caso das empresas, o profissional que investe em conhecimento e se atualizar com cursos e workshops sai na frente.
4. É importante investir em tecnologia sempre
Muitas pessoas ficam assustadas quando surgem novas ferramentas tecnológicas. De novos aplicativos a softwares, o mercado tem se reinventado com mais frequência e rapidez. Isso vale para qualquer profissional, independente da área de atuação.
A dica é se aliar aos novos recursos Simone Lima é jogadora de basquete do Santo André e usa o "eye tracker" para treinar. Os óculos rastreiam o olhar do atleta e com isso, é possível realizar correções e aumentar o rendimento dos lances. Ela elevou o aproveitamento de lance livre de 50% para 90% depois de participar do projeto que é o mestrado da ex-jogadora Luciane Moscaleski.
5. O líder precisa se adaptar para se manter no mercado
Assim como as mudanças nas regras do basquete interferiram na maneira de jogar e no perfil dos jogadores, o líder de hoje não pode se acomodar mesmo sendo referência há vários anos no mercado em que atua. Coca-cola, Microsoft, GE, já lideraram o ranking de marcas mais valiosas do mundo e em poucos anos tudo mudou. Segundo o último ranking BrandZTM 2019, a Amazon ultrapassou a Apple e o Google e tornou-se a marca líder em valor, avaliada em US$ 315,5 bilhões.
Nas empresas, independente do porte e segmento, não há mais espaço para o líder centralizador, semelhante ao pivô que dominava as jogadas no garrafão. “Um líder , para ganhar destaque, precisa ter muito mais agilidade, flexibilidade, afabilidade e habilidades diferenciadas. Novos tempos, novas regras, novo perfil”, afirma Souza.