São Paulo – Aos 53 anos, o cofundador do site de viagens Kayak e professor da escola de negócios do MIT, Paul English, decidiu respirar novos ares.
Após vender sua plataforma online por 1,8 bilhão de dólares (equivalente a 6,1 bilhões de reais em valores atuais), o empreendedor serial passou a dedicar algumas horas de sua semana a uma curiosa atividade: ser condutor da Uber.
Em entrevista ao site da revista Inc., English explica que uma série de fatores o levaram à curiosa empreitada. Em primeiro lugar, ele notou que 90% dos compromissos de sua agenda eram com profissionais de tecnologia ou de organizações sem fins lucrativos. Era preciso “expandir o seu círculo”.
Em segundo – e o mais importante –, dirigir para a Uber seria uma oportunidade de entender como os profissionais deste serviço são avaliados. Não se trata, obviamente, de pura curiosidade. Acontece que a nova startup de English, a Lola, irá operar por uma lógica semelhante, conectando viajantes a agentes de viagem.
Um sucesso?
English iniciou seu novo hobby em grande estilo, logo após sair de uma festa de Halloween. Fantasiado de vampiro, o bilionário logo ganhou a simpatia dos clientes.
Sem oferecer doces e outros “mimos” – costume de boa parte dos motoristas do app –, ele criou o hábito de escrever uma frase sobre cada passageiro em seu notebook.
Quando perguntam sobre sua profissão, o empresário se limita a dizer que é engenheiro. Uma única vez, porém, diante de uma menina de 13 anos cujo sonho era estudar no MIT, ele não resistiu e contou-lhe sobre seu cargo na instituição.
“Ela não acreditou em mim e perguntou: por que você está dirigindo esse carro se dá aula no MIT? Eu respondi que tenho várias vidas”, brincou.
Mas, afinal, como o cofundador do Kayak se saiu como motorista? Ao que tudo indica, muito bem. O empresário ostenta a nota 4,97, quase a máxima permitida pelo aplicativo. “Eu apenas me pergunto: quem não me deu 5 estrelas? O que será que eu fiz de errado?”
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1. Uber
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1/11 (Divulgação)
Andar nos carros da Uber em São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Brasília é uma realidade, por mais que os taxistas e as prefeituras sejam contra a atuação da empresa. O serviço disponível no Brasil é o UberBlack, que se diferencia dos taxistas por uma série de razões e oferece algumas comodidades para o passageiro.No mundo, os motoristas da Uber realizam mais de 1 milhão de viagens por dia em 300 cidades de 58 países diferentes. Os dados são referentes ao primeiro semestre de 2015.Confira a seguir os prós e contras do serviço prestado na capital paulista.
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2. Carros de alto padrão
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2/11 (Divulgação)
Para ser motorista da Uber, os veículos precisam ser sedãs, normalmente pretos, com no máximo três anos, além de ter ar condicionado (sempre ligado) e bancos de couro. Os carros mais usuais são Toyota Corolla, Ford Fusion, Volkswagen Jetta, entre outros. Os automóveis contam com água e balas ou bom-bons que são oferecidos gratuitamente aos passageiros pelo condutor."Chegamos ao ponto onde o cliente nos chamou, descemos e abrimos a porta. Essas pessoas querem ser atendidas de forma melhor e os clientes da Uber estão felizes com o serviço", afirmou a INFO um motorista que preferiu não ter o nome revelado.A redação já viajou com carros da Uber diversas vezes e a experiência foi oferecida conforme o informado.
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3. Pagamento Automático
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3/11 (USP Imagens)
O pagamento da corrida não envolve dinheiro vivo ou uso de máquina de cartão. O usuário cadastra o número do cartão de crédito e o valor do transporte é cobrado no final da viagem sem que seja necessário fazer qualquer procedimento. "Todo o pagamento é feito por meio do cartão de crédito, por isso não é necessário dinheiro e nem deixar gorjetas", segundo a Uber Brasil."É mais prático para mim e para o cliente, é tudo automático, tudo moderno", declarou um dos condutores parcerios da empresa. "A gente ajuda a desafogar o trânsito."Ao chegar ao seu destino, o usuário pode escolher avaliar ou não o motorista para gerar dados para outros clientes.
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4. Preço
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4/11 (Reprodução)
Em São Paulo viajar de Uber custa, no mínimo, R$ 10. A tarifa base é de 5 reais e são cobrados R$ 0,40 por minuto rodado e R$ 2,42 por quilômetro percorrido. Os valores mudam nas outras cidades, o valor mínimo continua o mesmo. No Rio, a tarifa base é de R$ 5, o minuto custa R$ 0,30 e o quilômetro sai por R$ 2,20. Em Belo Horizonte os valores passam para, respectivamente, R$ 4,50, R$ 0,30 e 2,17, enquanto que em Brasília eles são de R$ 4,00, R$ 0,25 e R$ 1,75.
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5. Reajuste do valor da corridas
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5/11 (Reprodução)
Os motoristas da Uber são orientados a utilizar o aplicativo gratuito Waze, que conduz o usuário por meio de rotas com trânsito livre e oferecem horário previsto de chegada.
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6. Achados e perdidos
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6/11 (Agência Brasil)
No site da Uber, há um recurso para informar a empresa que você perdeu algo em um dos carros dos motoristas parceiros. A companhia contata o condutor que atendeu o usuário em questão e pede que o item esquecido seja levado ao cliente.
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7. Pode demorar
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7/11 (Reprodução)
Há menos motoristas da Uber do que táxis em cidades como São Paulo e Rio. Por isso, o tempo de chegada do veículo pode ser maior, dependendo do horário e da região. Aliás, caso você cancele a chamada do carro depois de um período de 10 minutos, a Uber te cobrará 10 reais, mesmo que você não tenha feito corrida alguma. Outra desvantagem no quesito tempo é que os táxis podem transitar em faixas de ônibus em determinados horários.
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8. Segurança
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8/11 (USP Imagens)
Antes de aprovar um motorista, é feita uma checagem de antecedentes nas esferas federal e estadual para verificar a idoneidade do aplicante. Além disso, o profissional precisa possuir carteira de motorista com licença para exercer atividade remunerada (EAR) e é exigido ainda que o veículo tenha seguro que cubra o passageiro e o motorista.
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9. "God View"
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9/11 (Divulgação)
Segundo uma reportagem do
Buzzfeed, monitorar os usuários do aplicativo é uma prática comum dentro da Uber. A jornalista do site estava a caminho do escritório da empresa e, ao chegar, foi recebida pelo executivo Josh Mohrer que a recebeu dizendo: "Aí está você. Eu estava seguindo você", enquanto mostrava a ela um iPhone em sua mão.Dois ex-funcionários da Uber disseram que esse rastreamento é comum e tem até nome: "God View", ou Visão de Deus, em tradução livre.Entretanto, a empresa garante que os motoristas não sabem a localização do usuário até aceitar a viagem. Só então é possível saber quem é o passageiro e sua localização.
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10. Motoristas
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10/11 (Divulgação)
A companhia não emprega nenhum motorista e não é dona de nenhum carro. A Uber reforça que os motoristas parceiros não são taxistas, mas, sim, condutores particulares com veículos de luxo. É esse ponto que causa problemas legais com as prefeituras, o que nos leva ao próximo item.
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11. Legalidade do serviço
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11/11 (Divulgação/Divulgação)
A Uber alega que "não é ilegal". Ela diz oferecer "uma plataforma tecnológica para que motoristas parceiros aumentem seus rendimentos e para que usuários encontrem motoristas confiáveis e desfrutem de viagens seguras".
A Prefeitura de São Paulo já tentou tirar a Uber do ar por conta da
Lei 12.468/2011, cujo 2º artigo é o seguinte: "É atividade privativa dos profissionais taxistas a utilização de veículo automotor, próprio ou de terceiros, para o transporte público individual remunerado de passageiros, cuja capacidade será de, no máximo, 7 (sete) passageiros" .
Gisele Arantes, especialista em direito digital e sócia do Assis e Mendes, corrobora com a posição da Prefeitura dizendo que o aplicativo é ilegal e fere a lei da mobilidade urbana. Alguns carros prestando serviço à empresa chegaram a ser apreendidos por realizar transportes de passageiros sem a autorização necessária. A Uber, por outro lado, alega que a legislação local é desatualizada.
A empresa também enfrenta processos de taxistas, que se dizem prejudicados por conta da ausência de um preço diferenciado para o atendimento noturo de passageiros. De acordo com dados da Associação dos Taxistas, desde a chegada da Uber ao Brasil, em meados de 2014, houve uma queda de 30% no atedimento a corridas noturnas.
"Os motoristas que trabalham à noite já sentem o impacto do Uber em suas corridas, já que muitos passageiros têm utilizado o app para ir e voltar das baladas", afirma Eder Wilson de Sousa da Luz, diretor da associação. Ainda segundo esse levantamento, os taxistas paulistanos perdem por dia 1 000 corridas, em média.
A Uber também enfrenta uma investigação do Ministério Público de Federal quanto a uma suposta concorrência desleal com os taxistas. Ou seja, nos próximos meses, muitas coisas podem mudar para os clientes e motoristas da Uber. Contudo, por ora, o serviço funciona como mais uma opção de transporte urbano em quatro cidades brasileiras.