Carreira

Por que chefes gostam mais de ir ao escritório do que outros funcionários

Pesquisa do Slack com mais de 10 mil profissionais mostra como são diferentes as perspectivas sobre o home office, a depender do nível hierárquico

Escritório: (CSA Images/Getty Images)

Escritório: (CSA Images/Getty Images)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 9 de novembro de 2021 às 09h02.

Última atualização em 11 de novembro de 2021 às 11h34.

Mesmo com a pandemia sob controle na maior de parte da Europa ocidental, Brasil e Estados Unidos, o trabalho remoto permanece forte em algumas empresas. Mesmo que tenham anunciado um futuro híbrido, algumas empresas continuam de portas fechadas, principalmente as do setor de tecnologia.

Para os funcionários que estão dentro desse esquema de trabalho, as divergências sobre a melhor forma de trabalhar tem uma forte divisão por hierarquia. Uma pesquisa da empresa Slack mostra que pessoas com cargos de chefia tendem a preferir ir mais vezes ao escritório.

44% das chefes gostariam de voltar a trabalhar todos os dias de forma presencial. Enquanto isso, só 17% dos outros funcionários têm esse desejo.

Quanto ao modelo híbrido, o percentual de funcionários que toparia voltar aos escritórios cresce um pouco, mas ainda os chefes são os que preferem esse modelo: 75% dos chefes querem voltar a trabalhar pelo menos três vezes por semana e 34% dos outros funcionários também topariam.

A pesquisa foi feita com 10 mil profissionais entrevistados nos EUA, Austrália, França, Alemanha, Japão e Reino Unido.

Em um artigo que divulgou os dados, o chefe do relatório Brian Elliott afirma que as empresas precisam ficar atentas a essa lacuna e ressalta que a visão sobre o escritório é diferente "vista do topo".

"Enquanto os executivos batem à porta para voltar aos seus escritórios, os funcionários não executivos exigem flexibilidade onde e quando trabalham. As empresas devem fazer mais para preencher essa lacuna a fim de atrair e reter os melhores talentos", comenta o pesquisador.

A pesquisa do Slack não deixou de perguntar o que motivava essas respostas diferentes entre chefes e outros funcionários. No caso dos chefes, eles dizem que preferem um lugar quieto para focar em seu trabalho e querem colaborar com colegas de forma presencial.

Já os outros funcionários dizem que preferem o trabalho remoto principalmente para evitar o deslocamento pela cidade. Como vantagem de ir ao escritório, eles citam que ali é um espaço para se relacionar com os colegas.

Entre as razões que podem explicar essa distância entre as respostas está o quanto cada tipo de funcionário tem satisfação com o trabalho, segundo a pesquisa. Os executivos relatam uma satisfação 62% maior do que os funcionários não executivos. Eles também têm mais flexibilidade, senso de pertencimento e sensação de equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Para driblar essas diferenças, a pesquisa do Slack traz alguns insights. Em primeiro lugar, empresas precisam entender que os funcionários querem flexibilidade. Sem ela, há risco de perdas de profissionais. 76% dos entrevistados afirmam que querem flexibilidade em onde eles trabalham, e 93% quer flexibilidade em quando trabalha.

Outras pesquisas também têm mostrado que o trabalho remoto, mesmo que seja em um modelo híbrido, veio para ficar. Funcionários já têm visto isso como um benefício que deve fazer parte do formato do trabalho, mesmo com algum receio de perder promoções.

Com o avanço da vacinação no Brasil, empresas têm também adiantado seus planos para trazer os funcionários de volta. Pesquisa da KPMG realizada entre julho e agosto aponta que 52% das empresas pretendem voltar com a sua operação ainda neste ano. Na pesquisa anterior da KPMG, feita entre março e abril o porcentual era de 39%.

Os 48% restantes acreditam que uma volta à vida normal, mesmo que parcial, acontecerá só no ano que vem.

A consolidação do home office como modelo principal de contratação também têm criado uma revolução no mercado de trabalho. Com a possibilidade de trabalhar para empresas de estados diferentes — e até países — ,  as profissões e carreira começam a entrar em um processo de nacionalização e até globalização.

A tendência tem feito levado empresas a divulgar vagas e oportunidades profissionais que estão 100% dentro do modelo, inclusive para estágio e trainee.

 

 

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