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Por que as empresas não conseguem reter a geração Z (e como mudar esse jogo)

Cerca de 50% dos jovens já recusaram tarefas ou projetos com base em valores pessoais, indicando disposição para mudar de função ou até de emprego

Profissionais da Geração Z não estão dispostos a permanecer onde não se sentem compreendidos ou valorizados (Deagreez/Getty Images)

Profissionais da Geração Z não estão dispostos a permanecer onde não se sentem compreendidos ou valorizados (Deagreez/Getty Images)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 24 de março de 2025 às 10h41.

Última atualização em 24 de março de 2025 às 10h57.

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Por Diego Cidade, fundador da Academia do Universitário

O problema está com eles ou com a sua empresa?

Empresas tradicionais têm enfrentado uma verdadeira crise na retenção da geração Z. Ao contrário do que muitos pensam, esses jovens talentos não são "inconstantes" ou "exigentes demais" – eles simplesmente não estão dispostos a permanecer onde não se sentem compreendidos ou valorizados.

Por que a geração Z vai embora tão rápido?

Pesquisas mostram claramente o que afasta a geração Z:

  • Falta de propósito: jovens não veem sentido em trabalhar apenas pelo salário no fim do mês. Eles buscam impacto real.
  • Desenvolvimento limitado: empresas que não investem em aprendizado contínuo perdem rapidamente seus talentos mais jovens.
  • Reconhecimento escasso: um feedback anual não funciona mais. Eles precisam de retorno frequente e genuíno. Principalmente quando estamos falando dos estagiários da geração Z.
  • Cultura organizacional ultrapassada: ambientes rígidos, sem flexibilidade ou adaptabilidade, afastam rapidamente esses profissionais. O tradicional não funciona mais.

Afinal, o que realmente importa para eles?

A geração Z valoriza:

  • Crescimento acelerado: eles buscam ambientes que favorecem aprendizado constante, desafios reais e progressão clara de carreira.
  • Liderança próxima e empática: chefes acessíveis e humanizados têm um impacto decisivo em sua permanência.
  • Propósito claro: saber exatamente como contribuem para algo maior faz toda a diferença.
  • Flexibilidade com pertencimento: trabalho híbrido e remoto, sim – mas com forte senso de comunidade e integração. Até porque muitos vão ter dificuldades de mostrar o seu trabalho longe do presencial se o remoto não tiver uma boa integração.
  • Cuidado com saúde mental: empresas que genuinamente se preocupam com o bem-estar emocional são altamente valorizadas.

Como as empresas estão tentando reverter essa realidade?

Recentemente conversei com o Bruno Szarf, VP Global de Pessoas e Performance do Stefanini Group, que compartilhou comigo um case muito interessante que estão desenvolvendo por lá:

“Criamos o Insights, um programa interno de intraempreendedorismo focado em resolver desafios cotidianos por meio da inteligência artificial. O projeto reuniu mais de 90 participantes e, para surpresa positiva, um dos grupos vencedores foi formado por estagiários da empresa. Além de ganharem uma premiação de R$ 5 mil, esses jovens continuam tocando o projeto fora do horário habitual de trabalho, o que prova que existe muita gente da geração Z disposta a crescer, criar impacto real e se dedicar a projetos relevantes, desde que tenham oportunidades reais para isso.”

Outra perspectiva interessante veio da minha conversa com a Aline Cintra, VP de Recursos Humanos da Equifax, que trouxe um olhar complementar sobre o engajamento dessa geração:

“Este ano estabelecemos novos rituais para envolver diferentes públicos, com uma comunicação mais clusterizada e assertiva. Algo que funciona muito bem aqui na Equifax são os chats temáticos, que direcionam assuntos específicos e geram uma interação muito autêntica. Percebemos que essa geração é muito mais reativa, eles falam menos e reagem mais. Os chats têm se mostrado canais eficientes não só para comunicação, mas principalmente para o engajamento. Além disso, temos planos para implementar projetos como a mentoria reversa, para promover o aprendizado mútuo e a valorização dos jovens talentos, fortalecendo a cultura organizacional.”

O líder que a geração Z precisa

A geração Z não busca apenas um chefe. Eles buscam um mentor, alguém que os ouça, que dê feedback construtivo e contínuo, e que reconheça cada conquista, por menor que seja. Líderes bem-sucedidos com jovens são aqueles que oferecem segurança psicológica, autonomia, e que sabem dizer: "eu entendo você, e estou aqui para apoiar seu desenvolvimento".

A geração Z está certa

A verdade é simples: esses jovens não estão pedindo muito – eles apenas não querem menos do que merecem. Empresas que perceberem isso primeiro não só reterão seus talentos, como estarão à frente na corrida por inovação e sustentabilidade no mercado.

Chegou a hora de mudar. Ou continuar perdendo seus melhores talentos.

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