A Netflix revisa sua cultura organizacional para se adaptar ao crescimento da empresa e às demandas do mercado global. (Jaque Silva/SOPA Images/LightRocket /Getty Images)
Redator na Exame
Publicado em 24 de outubro de 2024 às 09h46.
A Netflix fez uma atualização significativa em seu famoso memorando de cultura em junho, após um longo processo que envolveu 12 meses de revisões e a participação de 1.500 funcionários. A mudança foi defendida pelo co-CEO Ted Sarandos durante uma aparição no Tech Live, evento organizado pelo Wall Street Journal. Sarandos, ao ser questionado sobre o motivo das alterações, explicou que era necessário adaptar a cultura da empresa às suas novas demandas. As informações são da Business Insider.
O memorando de cultura da Netflix ganhou notoriedade quando foi tornado público em 2009. Na época, a empresa ainda era relativamente pequena, com menos de 300 funcionários. Criado por Reed Hastings, o fundador da empresa, o documento estabelecia os princípios que norteariam a Netflix à medida que ela crescia, colocando uma ênfase pesada na "liberdade e responsabilidade" dos funcionários. No entanto, com o crescimento explosivo da Netflix nos últimos anos, tornando-se a maior plataforma de streaming do mundo e empregando atualmente mais de 14 mil pessoas, ficou claro que a cultura interna precisava ser ajustada para lidar com essa nova realidade.
Entre as mudanças mais notáveis no novo memorando está a substituição da seção "Liberdade e Responsabilidade" pela nova diretriz chamada "Pessoas Acima de Processos". Essa nova abordagem enfatiza a contratação de pessoas altamente responsáveis que prosperam em um ambiente de liberdade e transparência. A ideia, segundo Sarandos, é que a empresa continue contratando indivíduos excepcionais, mas com maior foco em como eles se comportam dentro da organização e em suas relações de trabalho. A liberdade ainda é um valor essencial, mas vem acompanhada de uma responsabilidade clara por parte dos funcionários em manter os altos padrões da empresa.
Outra mudança importante foi a atualização do "Teste do Guardião", uma prática usada pelos gestores da Netflix para avaliar se deveriam ou não manter um funcionário. O teste pergunta aos líderes se eles lutariam para manter um colaborador caso ele decidisse sair da empresa. No novo memorando, foi incluída uma recomendação para que os funcionários conversem regularmente com seus gestores sobre o que está indo bem e o que poderia ser melhorado. A ideia é garantir que haja uma comunicação constante e aberta entre funcionários e gestores, evitando surpresas ou mal-entendidos que possam prejudicar a relação profissional.
Essas mudanças refletem a necessidade da Netflix de manter a sua cultura empresarial alinhada com seu crescimento e com as novas demandas do mercado. Como Sarandos explicou, o memorando original foi ideal para uma empresa menor, mas com o aumento exponencial no número de colaboradores e a expansão global da empresa, a cultura precisava ser adaptada. "Acho que foi uma daquelas coisas que não levamos de forma leviana", disse Sarandos. "Mas o documento reflete muito mais a nossa cultura atual de 14 mil funcionários."
Essa não foi a primeira vez que a Netflix revisou seu famoso documento. Em 2022, por exemplo, a empresa fez outra revisão significativa, adicionando uma seção que exalta "representação" e "expressão artística", ao mesmo tempo que manteve o foco na meritocracia. A penúltima atualização também deixou claro que os funcionários que não concordassem em trabalhar com determinados conteúdos poderiam optar por deixar a empresa, reforçando a liberdade de escolha dos colaboradores em relação às suas responsabilidades.
Com as mudanças mais recentes, a Netflix espera continuar sendo uma referência em cultura empresarial, mas ajustada ao seu novo porte e desafios. "A versão original provavelmente dava um pouco mais de ênfase à liberdade do que à responsabilidade", admitiu Sarandos. "Achamos que é preciso ter os dois, por isso estamos reestruturando algumas dessas diretrizes."