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P&G faz seleção relâmpago e CEO diz que candidatos ela não quer na empresa

Confira a entrevista exclusiva com a presidente da P&G no Brasil, Juliana Azevedo, que entrou como estagiária na companhia

 (Procter e Gamble/Divulgação)

(Procter e Gamble/Divulgação)

Camila Pati

Camila Pati

Publicado em 1 de abril de 2019 às 15h49.

Última atualização em 20 de janeiro de 2020 às 11h55.

São Paulo – Terminam hoje, dia 1º, as inscrições para o processo seletivo relâmpago da P&G para contratação de estagiários pelo site da P&G .  O processo é condensado em um único dia, 10 de abril, em que acontecerão as entrevistas presenciais. Os candidatos recebem o resultado em até 24 horas.

Em entrevista exclusiva a EXAME, a CEO da P&G no Brasil, Juliana Azevedo, que ex-estagiária da companhia, diz que mais importante do curso de graduação são os valores e competências comportamentais dos candidatos. E que isso é assim desde a sua estreia na empresa.

“Se em algum momento a pessoa descrever ao longo da entrevista que não está comprometida em vencer, ou tiver respostas que não sejam éticas ou direcionadas em fazer a coisa certa, essa pessoa não tem lugar no nosso time”, diz.

Jovens de todos os cursos podem se candidatar às vagas de estágio desde que a graduação esteja prevista para dezembro de 2019 e dezembro de 2020.Para esta seleção é preciso ter nível inglês avançado, mas Juliana adiantou à EXAME, que a exemplo de empresas como o Google, há estudos na P&G sobre esforços de recrutamento em que o inglês não seja um requisito.

Confira os principais trechos da conversa:

EXAME: Você chegou como estagiária, mudou muito do caminho a ser percorrido da sua época para o que é hoje em dia?

Juliana Azevedo: Vou dizer o que mudou e o que não mudou. Começando pelo que não mudou é que o grosso dos talentos entre os gerentes da empresa entram na empresa como estagiários. Aproximadamente 85% são estagiários contratados pelos nossos programas de estágio. Então isso é algo que vem lá de trás e que não mudou.

Segunda coisa que não mudou é que me lembro quando eu entrei na P&G, em 1996, que se eu comparasse o meu trabalho e dos meus colegas, eu tinha projetos muito mais desafiadores.

O que mudou é o processo em si, porque lá atrás o processo de recrutamento demorou uns dois meses entre a entrevista, teste um, teste dois, fazer outras entrevistas, presencial. E hoje em dia a gente tem usado a tecnologia e tem tentado ter uma resposta mais rápida. Estamos na nona edição do que a gente chama de processos relâmpago. Que a gente tenta fazer em 24 horas fazer os testes as entrevistas e dar resposta.

EXAME: Você não acha que 24 horas é pouco tempo para selecionar as pessoas?

Juliana Azevedo: Eu acho que não, estamos na nona edição. A gente já tentou oito outras vezes e continuamos tendo um índice muito bom de sucesso com os estagiários aqui. Na semana passada eu tive um café da manhã com o comitê dos nossos estagiários. que é o grupo dos estagiários aqui, para poder ter o feedback deles sobre o que está funcionando ou não, não só do processo de recrutamento, mas dos primeiros dias dele na empresa. Então a gente a tem todas as evidências de que isso funciona. A gente usa testes a gente usa entrevistadores qualificados para fazer essa avaliação nesse período de tempo.

EXAME: Uma das características do estágio na P&G é a passagem por diferentes áreas da companhia. Você também passou por diferentes áreas?

Juliana Azevedo: Na verdade, não, eu entrei na área de marketing e fiquei na área de marketing. E ainda hoje a pessoa entra numa área mais focada, acontece que pela natureza do trabalho e da companhia hoje, as posições são muito mais fluidas e multifuncionais.

EXAME: Para chegar à cadeira de presidente, que áreas são essenciais para trabalhar?

Juliana Azevedo: No segmento que eu atuo - a área de bens de consumo - que tem uma ligação muito forte com o consumidor, que tem parcerias muito fortes com clientes, eu sou muito grata por ter trabalhado na área de brand, que é a área de marketing, e vendas. Mas eu não acho que essas são as únicas áreas das quais os líderes podem sair. Acho que são áreas em que os líderes do segmento em que eu atuo pelo menos têm que passar. Inclusive o nosso CEO global (David Taylor) saiu da área de manufatura, foi para área de marketing e brand e aí foi subindo até o posto de CEO.

EXAME: Que dicas você daria a um jovem que vai inscrever nesse processo e quer crescer na empresa?

Juliana Azevedo: Uma das coisas que sempre falo éconheça a si mesmo para você poder aproveitar ao máximo as oportunidades que o mundo vai oferecer. As oportunidades aqui na P&G são infinitas, mas elas vão ser tão grandes e tão poderosas quanto você entender quais são as suas paixões, quais são as suas motivações e quais s]ao as suas fortalezas e fraquezas para gente poder complementar e aprimorar juntos aqui na empresa. Eu acho que tudo começa com o autoconhecimento.

EXAME: Como o estágio da P&G, uma grande empresa, estimula o empreendedorismo?

Juliana Azevedo: O empreendedorismo numa empresa grande como a nossa ele vem com os desafios de como você inova de uma forma diferente, como você consegue mover de uma forma mais rápida, gerenciar risco mesmo sendo tendo aí mais de 180 anos de história, mesmo sendo responsável por liderança de mercado nas principais categorias, mesmo sendo responsável por lidar com a saúde de bebês, com o cabelo de tantas mulheres, esse é um pouco do dilema que a gente tenta resolver e está tentando se reinventar dentro das grandes empresas. Porque numa empresa pequena o empreendedorismo é a sua única saída, mas numa empresa grande você tem que ter a sua habilidade ambidestra de conseguir gerenciar com eficiência o dia a dia tradicional e o empreendendo dentro da empresa.

EXAME: Que tipo de profissional vocês não querem na P&G?

Juliana Azevedo: A gente é bem agnóstico até em relação ao curso que a pessoas faz, agora a gente faz esforço de recrutamento em faculdade s onde a gente histórico estatístico de maior afinidade. A gente preza muito os valores das pessoas. É muito importante que a pessoa esteja comprometida em vencer, em vencer juntos e fazendo a coisa certa. Se em algum momento a pessoa descrever ao longo da entrevista que não está comprometida em vencer, ou tiver respostas que não sejam éticas ou direcionadas em fazer a coisa certa, essa pessoa não tem lugar no nosso time.

Tudo que a gente faz quando entrevistar estagiários a gente busca identificar comportamentos que são os mesmos para todas as áreas a gente busca integridade e senão tiver não funciona, liderança, que tenha paixão por vencer e esse sentimento de intraempreendedorismo que a gente toma aqui dentro como esse sentimento de dono.

A gente busca através do teste de uma forma mais objetiva e das entrevistas de uma forma mais qualitativa quando a gente está recrutando candidatos, e competências mais específicas a gente acredita que juntos pode desenvolver aqui dentro.

EXAME: Todos os cursos são aceitos em todas as áreas?

Juliana Azevedo: Sim, a menos que vá trabalhar no jurídico, por exemplo.  Ou seja, a menos que seja uma exigência para executar a sua tarefa. Mas se você for trabalhar em finanças, não precisa ser do curso de finanças, se for trabalhar em marketing também, eu não fiz marketing, eu fiz engenharia e direito.

EXAME: Essa abertura já vem de muito tempo então

Juliana Azevedo: Sempre foi assim, era filosofia da empresa que a gente vai atrás de competências e valores.

EXAME: Muitas empresas estão retirando exigência de domínio de inglês para estimular a diversidade, já que uma parcela pequena da população brasileira fala o idioma. Como isso é encarado pela P&G?

Juliana Azevedo: estamos estudando também.

EXAME: Mas para esse processo é necessário...

Juliana Azevedo: Para um processo como esse para essas vagas sim, mas estamos estudando outros recrutamentos mais focados em que a gente entenda que o inglês é uma barreira e como a gente vai tirar essa exigência o mais importante é ajudar a pessoa a desenvolver, porque no mundo em que a gente vive, sendo uma empresa americana, para poder crescer aqui dentro ela vai precisar do inglês. Então não se trata só de retirar a exigência, ´será uma competência que ela vai ter que desenvolver.

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