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Luísa Granato
Publicado em 16 de julho de 2020 às 19h14.
Última atualização em 6 de janeiro de 2022 às 19h28.
Se você tem a sensação de que nunca sobra tempo para nada, saiba que não está sozinho: 80% dos americanos afirmam que falta tempo na vida deles.
Esse é um dado do estudo da pesquisadora e professora assistente na Harvard Business School Ashley Whillans. Apaixonada pela ciência por trás da felicidade, se tornou sua missão descobrir o segredo dos outros 20%.
Pesquisadores da área de psicologia positiva, como Tal Ben-Shahar, que ficou famoso como o professor da felicidade, já haviam descoberto que alguns fatores na vida ajudam a melhorar nossa satisfação — e boa parte deles envolve investir algumas horas por dia. Desfrutar de momentos com a família ou amigos e fazer trabalho voluntário proporcionam muito mais satisfação do que uma promoção ou aumento, por exemplo.
“Eu comecei a estudar como pequenas decisões sobre dinheiro e tempo afetavam nossa felicidade. E investigar a ideia de que abrir mão de dinheiro para ter tempo livre pode ter seus benefícios. É a velha pergunta: dinheiro compra felicidade?”, diz Whillans em entrevista à EXAME.
Não compra, mas o dinheiro faz parte da equação importante para equilibrar sua rotina e ser mais feliz.
Por alguns anos, Whillans e uma equipe de pesquisadores acompanharam um grupo de estudantes e analisaram suas escolhas de vida e da carreira. E elas descobriram que os indivíduos que tomavam decisões priorizando seu tempo, e não o dinheiro, eram mais satisfeitos e felizes do que aqueles que tinham as prioridades invertidas.
Na prática, as pessoas guiavam a vida com um foco maior em um propósito, buscando oportunidades que também favoreciam um equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. Ter como prioridade a distribuição de horas no dia ou na semana ajuda a preservá-lo, como escolher um emprego mais perto de onde mora ou gastar dinheiro para se livrar de tarefas estressantes.
Mas não é só de escolhas difíceis de vida que separam os "ricos em tempo" dos outros. Nem todos podem dispensar um salário mais alto em troca de menos horas no trânsito, no entanto a professora identificou outras estratégias que ajudam a domar sua agenda e aproveitar a vida.
A principal é que quem tem abundância de horas sabe identificar e evitar “armadilhas de tempo”. Segundo Whillans, são hábitos ruins que desenvolvemos e que interrompem outras tarefas e nosso descanso. Como checar as redes sociais e e-mails a todo momento ou ocupar cada minuto do dia.
O principal hábito para evitar é comprometer toda a sua agenda do futuro. “A gente sempre acredita que vai ter mais tempo no futuro, mas não temos. E isso nos faz sentir mais estressados e ocupados. Temos de colocar barreiras claras em nossa agenda, nos comprometendo com nossas prioridades e o que funciona melhor para nós, sabendo dizer não para os outros”, explica ela.
A pesquisadora explica que as pequenas escolhas somam em ganhos enormes para nosso bem-estar ao controlar o estresse de estar sempre atarefado.
“O dinheiro é uma medida para muitos elementos que vemos como sucesso. Quando começamos a priorizar o tempo, ficamos mais felizes. Mas priorizamos o dinheiro, que é mais fácil de escolher como meio para alcançar essa felicidade”, afirma ela.
Para mudar a forma como pensamos, ela decidiu traduzir em dólares o ganho que teríamos em felicidade ao ano ao fazer escolhar eficientes para nossa agenda, criando o conceito dos “dólares da felicidade”.
A cada atividade que equilibra sua agenda, baseada em hábitos dos “ricos em tempo”, confira os ganhos ao longo do ano:
O ganho total soma 36.000 "dólares" por ano. No entanto, ela alerta em sua palestra no TEDx Cambridge, onde apresentou o conceito, que usar o tempo economizado para trabalhar mais (e ganhar mais) pode te deixar no prejuízo: é um gasto emocional de 60.000 dólares!
Para resumir seus aprendizados, a professora está lançando o livro Time Smart: How to Reclaim Your Time and Live a Happier Life. “Quero empoderar as pessoas para que lutem contra as influências e pressões externas”, conta ela.