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O Boticário banca pesquisa científica a serviço da beleza

A inauguração do novo centro de pesquisa do Grupo Boticário, no Paraná, cria oportunidades para cientistas. A remuneração pode chegar ao dobro dos valores pagos na área acadêmica


	Funcionário em laboratório do Boticário: empresa  formou equipe com 230 funcionários como farmacêuticos, químicos, biólogos, estatísticos e engenheiros.
 (Divulgação)

Funcionário em laboratório do Boticário: empresa  formou equipe com 230 funcionários como farmacêuticos, químicos, biólogos, estatísticos e engenheiros. (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 22 de julho de 2013 às 14h08.

São Paulo - Desde março, o Grupo Boticário conta com um centro de alta tecnologia para testar seus produtos — um investimento de 37 milhões de reais. No espaço de 8.000 metros quadrados, localizado em São José dos Pinhais, no Paraná, equipamentos especiais permitem avaliar se os produtos sofrem algum tipo de alteração quando expostos à luz do sol ou a variações de temperatura, por exemplo.

Outro simula o movimento de uma bolsa feminina para investigar se, ao fim do dia, esse balanço afeta a aparência dos cosméticos e das embalagens. O centro de pesquisa e desenvolvimento é um aceno da indústria aos pesquisadores que veem suas oportunidades de trabalho restritas ao meio acadêmico. 

Para focar os esforços em pesquisa e desenvolvimento de produtos, o Grupo Boticário formou um time de 230 funcionários que reúne farmacêuticos, químicos, biólogos, estatísticos e engenheiros. Eles recebem salários bem mais altos do que os pagos pelas bolsas de pesquisa brasileiras, mas mantêm em dia a vida de artigos científicos e pesquisa.

Nos últimos dois anos, a equipe de pesquisa científica do grupo aumentou 40%. Nos próximos anos, esse quadro deve ser reforçado com profissionais das áreas de estatística, de gestão de projetos externos e de pesquisa avançada de envelhecimento da pele.

Um dos integrantes é a farmacêutica e pós-doutora Vanessa Vitorino da Silva, de 34 anos. Na empresa desde 2010, ela lidera 16 pesquisadores no núcleo de pesquisa tecnológica, responsável pelos estudos primordiais para a formulação dos produtos do Boticário.

O convite para trabalhar na companhia surgiu quando ela cursava o doutorado, em São Paulo, estudando a ação antioxidante de uma planta contra o câncer de pele.

A cientista calcula que os salários pagos na indústria equivalem a pelo menos o dobro do valor de uma bolsa de pesquisa — hoje, cerca de 6.000 reais para pós-doutores. Em sua opinião, o mercado no Brasil é mais aberto do que os pesquisadores pensam. "Às vezes, o pesquisador fica tão focado na pesquisa que se esquece de olhar o mercado", afirma Vanessa.


O biólogo Márcio Lorencini, de 31 anos, também deixou o estado de São Paulo para trabalhar na área de pesquisas do Grupo Boticário.

Especialista em biologia molecular, ele hoje gerencia a área que pesquisa o processo de envelhecimento da pele e os métodos para substituir experimentos com animais. "A biologia molecular é uma área em crescimento. Oportunidades estão surgindo em empresas de cosméticos e agrícolas", diz Márcio. 

Márcio confessa que chegou a pensar que a pesquisa aplicada era inexistente em solo brasileiro. "Eu achava que seria professor, e meu orientador de mestrado, também." Para a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, a demanda por pesquisadores deve crescer nos próximos anos na indústria da beleza, com destaque para os especialistas em nanotecnologia e em ferramentas ambientais.

Isso porque, segundo especialistas do setor, os consumidores estarão mais preocupados em adquirir produtos ecologicamente responsáveis. O investimento em pesquisa é considerado pela entidade uma necessidade em um mercado concorrido. A cada dois anos, cerca de 30% dos produtos nas prateleiras brasileiras são novidades. Um indicador de que o segmento vai continuar recrutando cientistas. 

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