Paula Esteves, Co-CEO da Cia de Talentos: “Desenvolver uma persona não significa criar uma personalidade, mas identificar aquilo que já existe como habilidades técnicas e comportamentais, valores e motivação” (David Zaitz/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 23 de junho de 2024 às 14h48.
Última atualização em 23 de junho de 2024 às 15h39.
Por Paula Esteves, Co-CEO da Cia de Talentos, diretora da ABRH Berrini e da ONG Instituto Ser+
No meu último artigo, comentei sobre a importância das empresas fazerem a gestão da sua marca empregadora levando em consideração o aspecto da autenticidade. Mais importante do que exibir um “perfil vendedor", é mostrar o DNA da sua organização. E esse conselho vale também para nós profissionais.
Por isso que, quando você vai trabalhar sua personal branding, deve tomar cuidado para apresentar sua identidade autêntica e não “fabricar” uma imagem que “está na moda”. Desenvolver uma persona, nesse caso, não significa criar uma personalidade, mas identificar aquilo que já existe: suas habilidades técnicas e comportamentais, seus valores, sua motivação, sua expertise, enfim, seus atributos profissionais.
Entendo que o caminho é muito mais na linha de comunicar com intencionalidade sua persona, mostrar as suas características únicas e, assim, consolidar sua marca pessoal.
Nesse processo, é natural que você fale sobre o lugar onde trabalha e que, de certa forma, promova a marca da sua empresa. Isso não é um problema, mas é necessário tomar cuidado para que você consiga ter uma personal brand bem estabelecida independentemente da organização na qual você atua.
A ideia é que a sua imagem não dependa única e exclusivamente do seu crachá. Afinal, caso você saia dessa empresa um dia, é importante que a sua marca esteja sólida e sobreviva a essa "ruptura" — isso vai ajudar bastante no seu reposicionamento no mercado.
Outro cuidado é com o equilíbrio entre o "personal" e o "brand". Lembre-se de que, antes de tudo, você é um ser humano, não um produto com uma estratégia agressiva de venda.
Existem pessoas críticas ao conceito de “personal branding” justamente por conta do seu aspecto “marqueteiro”. Sheryl Sandberg, ex-COO da Meta, é uma delas.
Há alguns anos, ela deu uma entrevista na qual afirmou ser contra a ideia de marca pessoal porque produtos têm uma marca e isso acontece para que eles sejam comercializados. Essas mercadorias são "empacotadas" para serem mais atraentes para um determinado público e, na opinião da executiva, quando tentamos "embalar" nosso estilo como uma marca corremos o risco de perder nossa autenticidade.
Para Sheryl, nós deveríamos focar em usar a nossa voz, não em “vender” nossa marca pessoal.
Não vou entrar no mérito da discussão do conceito, mas acho interessante esse ponto de alerta. Acredito na importância de fazermos a gestão da nossa marca, imagem ou voz — escolha a palavra que preferir — para conseguirmos nos expressar no mundo do trabalho e sermos pessoas reconhecidas pelo nosso talento. O foco é descobrir como fazer uma comunicação autêntica e verdadeira, não uma autopromoção exagerada e artificial baseada em modismos e algoritmos.
Minha recomendação para quem deseja começar a trabalhar esse aspecto na sua carreira é investir mais tempo em autoconhecimento do que em fórmulas prontas. Comece se perguntando como comunicar para o mercado quem você é como profissional. E, a partir das respostas, vá, aos poucos, trilhando essa jornada.