LinkedIn: não basta ter um perfil na rede social para atrair recrutadores (Tim Boyle/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 7 de agosto de 2014 às 16h39.
São Paulo - Você certamente já ouviu falar que as redes sociais são a nova matéria-prima do marketing pessoal. Se, mesmo assim, você ainda encara o seu perfil no LinkedIn como um currículo online, está cometendo um erro crasso.
Pelo menos é o que defende Dan Sherman, autor do livro “Obtendo o Máximo do LinkedIn” (Editora M.Books). “Um perfil no LinkedIn não foi feito para ser criado e esquecido”, afirma.
O especialista é categórico ao afirmar que a rede social exige do usuário uma postura ativa, participante e engajada.
De acordo com ele, seu perfil na rede social funciona como um anúncio publicitário de você mesmo.
“É a sua chance de definir sua marca pessoal e comunicar o seu entusiasmo pela sua área”, afirma Sherman.
Confira a seguir a entrevista completa concedida pelo autor a EXAME.com:
EXAME.com: Já existiu algum recurso parecido com o LinkedIn no passado?
Dan Sherman: Estou no mundo dos negócios há muitos anos e posso dizer que nunca existiu nada que funcionasse como essa rede social. No passado, se você quisesse se conectar com o mercado, sua única opção era comprar de alguém uma lista de nomes e endereços profissionais. Na busca por um emprego, você mandava seu currículo e raramente recebia algum retorno.
Hoje, existe uma maneira nova de interagir. Você pode ler tudo sobre o tomador de decisão ou o gerente de contratação que você quer atingir, saber quais são os seus objetivos, o que os motiva...e criar uma mensagem sob medida para eles. Antes do LinkedIn, você simplesmente não tinha acesso a essas informações, porque elas não existiam em lugar nenhum.
EXAME.com: Então a rede social dispensa a necessidade de ter um currículo?
Dan Sherman: Na verdade, o LinkedIn deve ser usado junto com o currículo. Ambos têm o seu lugar na busca por um emprego. O conceito de currículo está tão cristalizado no mundo do trabalho que faz parte do imaginário dos recrutadores. Porém, currículos só conseguem mostrar quem você foi, não quem você é.
Já redes sociais como o LinkedIn comunicam quem você é neste exato momento. O seu perfil e as suas atividades no site têm essa função. Você precisa publicar atualizações interessantes, participar de grupos. De acordo com um estudo recente, mais de 90% dos recrutadores estão procurando o perfil do candidato no LinkedIn do candidato antes da entrevista. Por isso, é importante manter seu perfil atualizado e, principalmente, participar das discussões para se tornar relevante.
EXAME.com: Como o senhor descreveria um bom uso do LinkedIn?
Dan Sherman: A sua página pessoal na rede é a sua chance de se “vender” diante de 300 milhões de profissionais. Perfil no LinkedIn é igual a publicidade. É um anúncio de você mesmo - quem você é, o que você pode fazer, como você pode fazer a diferença em uma nova empresa.
Como o LinkedIn é uma rede social, você pode falar em primeira pessoa, ao contrário do que se pode fazer num currículo. Essa é a sua chance de definir a sua marca pessoal e comunicar o seu entusiasmo pela sua área profissional.
Você pode deixar a sua personalidade aparecer e brilhar - e consegue comprovar tudo o que diz de si mesmo por meio de apresentações em multimídia e boas recomendações. Portanto, trata-se de uma peça de publicidade...e a maior parte dos recrutadores vai vê-la antes de ligar para você.
EXAME.com: Qual é o risco envolvido em ter um perfil “preguiçoso” na rede social?
Dan Sherman: O perfil no LinkedIn não é para ser feito e esquecido. Você jamais montaria um site de e-commerce e cruzaria os braços, esperando as pessoas aparecerem e comprarem alguma coisa de você. Nessa situação hipotética, você investiria em táticas para incentivar o tráfego no seu site e, assim, conquistar clientes.
O mesmo vale para o LinkedIn. Você precisa atrair visitantes para o seu perfil, e o caminho para isso é se envolver em discussões, publicar conteúdo relevante, e assim por diante.
EXAME.com: Quais são alguns dos erros mais comuns dos usuários?
Dan Sherman: Para começar, as pessoas criam um perfil e esperam que ele traga empregos para elas. Está errado. Você precisa criar um perfil que “venda” você, participar intensamente das discussões dos grupos, fazer networking com os recrutadores e pessoas que trabalham em empresas que você está mirando. Simplesmente ter um perfil não é suficiente.
Outro erro comum é pedir trabalho a uma pessoa sem ter qualquer ligação real com ela. O LinkedIn é um site de networking, não um lugar em que você se inscreve e pede o que quiser a estranhos! Crie conexão com o recrutador e pessoas que estão onde você quer trabalhar. Você pode fazer perguntas a elas, elogiá-las, oferecer auxílio etc. Só depois dessa etapa você ganha o “direito” de pedir ajuda.
EXAME.com: Qual é o papel das recomendações no site?
Dan Sherman: Ninguém vê um filme sem antes ler uma crítica ou vai a um restaurante sem checar uma resenha. Da mesma forma, é crucial ter recomendações sólidas no seu perfil, que sirvam como “provas sociais” da sua competência. Busque esses feedbacks de ex-chefes, funcionários, fornecedores e colegas. Uma pessoa com muitas recomendações tem mais chances de receber uma ligação de um recrutador do que uma que não tem nenhuma.
É bom escrever também. Recomende, sempre de forma sincera e cordial, algumas pessoas especiais com quem você já trabalhou. Tome cuidado para ser bem específico e não escrever algo genérico como “Ele é uma pessoa legal”. Descreva as conquistas daquela pessoa, os seus pontos fortes. Ela ficará contente de receber a sua recomendação, e tem grandes chances de retribui-la no futuro.