Teleterapia: análise virtual pode ser saída para garantir resiliência de equipes na pandemia (Olga Strelnikova/Getty Images)
Quando, antes da pandemia, o mundo corporativo falava sobre a transformação digital que vinha ocorrendo em algumas empresas, uma máxima era sempre lembrada: as pessoas são importantes. Com a digitalização dos processos, as habilidades humanas seriam cada vez mais valorizadas.
O novo coronavírus acelerou a tendência — e a crise, que teve e tem um impacto grande na saúde mental, evidenciou ainda mais a importância de cuidar do bem-estar dos funcionários.
Um exemplo disso é a empresa de marketing digital Resultados Digitais (RD). Em um período difícil para o mercado, a organização teve boa performance: aumentou em 30% sua cartela de clientes, não precisou fazer grandes cortes de equipe (apenas demissões pontuais já previstas) e voltou a contratar funcionários recentemente.
“O foco no bem-estar foi um grande componente para que conseguíssemos fazer a gestão de crise”, diz Juliana Tubino, vice-presidente de receita da empresa. Ela afirma que o investimento em saúde mental para empregados não foi uma novidade para a companhia, que já centrava esforços em desenvolver o que eles chamam de agilidade emocional.
Tubino conta que, para a RD, trabalhar as emoções é algo encarado como uma habilidade que tem impacto, também, na vida profissional. “Sabemos que, na crise, o medo é mais intenso, as pessoas ficam mais sensíveis, tudo é amplificado”, diz, frisando que diferentes grupos têm diferentes relações com a quarentena. O desafio vale, por exemplo, para quem tem filhos e precisa cuidar deles em casa, e para quem vive só e precisa enfrentar a solidão.
Além de manter uma psicóloga exclusiva para a empresa, a RD é parceira da startup de saúde mental Vittude. Segundo a executiva, após a instalação da pandemia no Brasil, 70% dos funcionários que acessam os serviços de saúde mental declararam se sentir mais ansiosos. “O processo terapêutico ajuda a identificar as emoções e se entender melhor. O funcionário consegue respirar e tomar decisões de forma fria, melhorando a resiliência”, diz Tubino.
O golpe mais pesado da pandemia à RD foi na área de eventos. Há quase dez anos, a empresa produz ao RD Summit, conferência que ganhou importância no universo do marketing digital. Com o distanciamento social, o evento foi cancelado.
A empresa deu início, então, a um remanejamento de equipes. “Com a continuidade de alguns eventos online, mantivemos uma equipe menor na área”, diz Tubino. “Outras pessoas foram realocadas, em um esforço conjunto de áreas como recursos humanos e time de liderança.”
Neste sentido, as práticas já mantidas pela empresa aceleraram o processo: oficialmente, há um acompanhamento das ambições de carreira e oportunidades de desenvolvimento dos funcionários. “Fizemos um mapa com base no que já sabíamos, analisamos os perfis e, assim, fizemos as realocações.”