Vanessa Lobato, do Santander, fala sobre práticas adotadas pelo banco na gestão dos mais velhos, entre João Lins, da PwC (à esq.), Fernando Tourinho, da Bosch, e Tatiana Sendin, da VOCÊ RH (Flávio Santana / VOCÊ RH)
Da Redação
Publicado em 4 de junho de 2015 às 05h56.
São Paulo - Mais experiente. Mais velha. Mais exigente. Esse será o perfil da força de trabalho do futuro. Segundo as projeções demográficas, a partir de 2040, 57% dos profissionais terão mais de 45 anos, o que causará uma mudança estrutural no ambiente corporativo.
Tema do primeiro Café com VOCÊ RH do ano, realizado em São Paulo, o envelhecimento da população é assunto que deveria estar na pauta de todo profissional de RH — mas são poucos ainda os que estão pensando nisso e, muitas vezes, por puro preconceito. Segundo João Lins, sócio da PwC, os gestores costumam associar idade a produtividade e descartam a ideia de trabalhar com pessoas mais velhas, pois acreditam que elas rendam menos.
“Não existe nenhum estudo que faça essa correlação”, diz. “Escolaridade, sim, tem a ver com produtividade; idade não.” Para Vanessa Lobato, diretora de RH do Santander, que emprega idosos há dez anos, o primeiro passo na gestão dos mais velhos é educar o gestor para derrubar mitos como esse. Fernando Tourinho, diretor de RH da Robert Bosch, trouxe o lado prático para a mesa de discussão.
A empresa de origem alemã já há alguns anos convida funcionários aposentados a trabalhar em projetos especiais. Hoje, já são mais de 40 consultores ex-Bosch atuando na companhia. O ganho, segundo Tourinho, é gigante. “Só de eles entenderem nossa cultura e conhecerem profundamente nossos valores já os diferencia de consultores comuns”, diz.
A Bosch ainda oferece práticas como mentoria reversa, pela qual os profissionais mais velhos recebem orientação dos mais novos. A adoção de estratégias como essas, que remodelem velhos conceitos de carreira, é o caminho para os profissionais de RH iniciarem a discussão em suas empresas. “É preciso começar a pensar em movimentações diferentes de carreira para atender à expectativa dessa força de trabalho”, diz Lins.