Carreira

O que faz um HRBP? Para esta executiva de RH, vai muito além dos processos: ‘É sobre as pessoas’

CHRO da Comerc Energia explica que um HRBP atua como um elo estratégico entre o setor de RH e as áreas de negócio de uma empresa, ajudando a alinhar as necessidades dos colaboradores e os objetivos organizacionais

 (Eduardo Frazão/Exame/Divulgação)

(Eduardo Frazão/Exame/Divulgação)

Guilherme Santiago
Guilherme Santiago

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Publicado em 28 de novembro de 2024 às 09h57.

Marina Pimenta Gazeti tem uma visão muito clara sobre o papel do HRBP (Human Resources Business Partner): ser um parceiro dos negócios e conselheiro das lideranças. 

E isso é mais do que uma opinião pessoal. É a percepção de quem está há quase 20 anos no setor. Diretora de Gente da Comerc Energia e membro do Clube CHRO da EXAME Corporate Education, Marina garante que a importância desse profissional vai além dos processos de RH, mas é um elo que conecta as necessidades das diferentes áreas de uma empresa com a gestão estratégica de pessoas.

"O BP vai entender as dores do dia a dia e transformar essas necessidades em ações que realmente agregam valor"Marina Pimenta Gazeti, CHRO da Comerc

No dia a dia, isso quer dizer que ele vive a rotina das áreas de ponta a ponta – participa de reuniões, acompanha indicadores e se torna uma peça-chave do negócio. 

Marina Gazeti (CHRO Comerc) (Eduardo Frazão/Exame/Divulgação)

Mais do que processos

Marina percebe que o modelo de Business Partner está trazendo uma nova dinâmica para a relação entre o RH e o restante da organização. Diferente de uma estrutura de RH centralizada, que muitas vezes perde o contato com as operações, o BP está inserido no dia a dia do negócio. Para a executiva, essa proximidade permite decisões rápidas e alinhadas às necessidades reais de cada área.

“Um BP de operações, por exemplo, conhece profundamente questões sindicais, segurança e remuneração, porque ele está lá, no campo, vivendo a rotina da área”, exemplifica. “Já um BP de uma área corporativa, foca mais em desenvolvimento de talentos e planejamento de pessoal”, completa. É essa flexibilidade que torna o papel tão estratégico.

Além disso, o BP não é apenas um executor. Ele atua como um conselheiro das lideranças. Ou seja: ele é um apoio para gestores tomarem decisões mais assertivas e lidarem com temas sensíveis relacionados a pessoas. 

“Quando o BP cria um vínculo forte com os líderes, ele consegue atuar em questões profundas que impactam diretamente no desempenho das equipes. Esse impacto é enorme para o sucesso da empresa”, reforça Marina.

As habilidades que fazem a diferença

Para se destacar como HRBP, o profissional precisa de um equilíbrio entre competências técnicas e comportamentais. Marina explica que é preciso conhecer as diferentes áreas de RH – como remuneração, desenvolvimento de talentos e segurança –, mas também ter curiosidade para aprender sobre o negócio. 

Do ponto de vista comportamental, soft skills como ética, sigilo e relacionamento são indispensáveis. “O BP lida com informações sensíveis e, muitas vezes, espinhosas. É preciso tratar essas questões com cuidado e manter um alto padrão de confidencialidade, ao mesmo tempo em que se atua de forma estratégica com a liderança”, afirma. 

Outras habilidades importantes incluem a capacidade de leitura de cenários e autonomia para circular entre o RH e o negócio, mantendo uma atuação independente e estruturada.

De forma geral, na visão de Marina, essas são as habilidades mais importantes para ser um HRBP:

  • Compreender as diversas áreas de RH;
  • Demonstrar interesse genuíno pelo negócio e suas operações;
  • Propor soluções antes que as demandas surjam.
  • Saber lidar com informações confidenciais e sensíveis;
  • Manter altos padrões éticos em todas as interações;
  • Construir vínculos sólidos com líderes e equipes;
  • Observar e interpretar o contexto das áreas e das pessoas;
  • Ser independente para circular entre o RH e o negócio.

Os desafios e a evolução do papel

Marina conhece bem os desafios de implantar e consolidar o modelo de HRBP. Isso porque, durante a sua carreira, ela participou da implementação do modelo em uma organização com mais de 15 mil colaboradores. “Havia resistência inicial, tanto do RH centralizado quanto das áreas de negócio, para entender como o BP poderia agregar valor”, conta a executiva.

Mas ela percebe que, com o passar dos anos, o papel do HRBP está evoluindo. A digitalização, por exemplo, deve trazer mudanças importantes, como eliminar parte das funções operacionais e permitir que o BP se concentre no que importa: ser estratégico. 

“Com a tecnologia assumindo tarefas mais repetitivas, o BP tem mais tempo para atuar como conselheiro, analisando cenários e conectando as necessidades humanas às demandas do negócio de forma estratégica”, diz Marina.

Essa evolução é ainda mais relevante em um mundo no qual o ESG ganha destaque. Segundo Marina, o BP é um grande promotor dessas iniciativas no dia a dia das empresas e deve ajudar a transformar valores organizacionais em ações concretas.

O futuro do HRBP: mais humano e estratégico

E o futuro desse profissional está diretamente ligado à capacidade de fazer o que a tecnologia não pode: criar conexões humanas, entender cenários complexos e agir de forma personalizada. Em um mundo cada vez mais digital, essa combinação de estratégia e sensibilidade torna o HRBP uma peça indispensável para empresas que buscam crescer com eficiência e propósito. 

“Se o RH não trabalha com o olhar de parceria para o negócio, ele não consegue agregar valor. E é exatamente isso que o BP faz: cria valor onde realmente importa”, resume.

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