Sarah Aline, participante do BBB23: profissão da sister gerou curiosidade no público (TV Globo/Reprodução)
Na última semana, foi divulgada a lista de participantes do BBB23, programa que começa nesta segunda-feira, 16.
Entre comentários sobre quem iria fazer parte do grupo "camarote" ou "pipoca", a profissão de uma das participantes rendeu memes e gerou curiosidade no público. A paulista Sarah Aline, que integra o time de anônimos, é psicóloga e analista de diversidade.
Mas, afinal, o que faz um profissional que atua com diversidade e inclusão? Um usuário do Twitter compartilhou o print de uma conversa em que uma pessoa diz, em tom de piada, que a função de um analista de diversidade é "ir nos lugares e ver se tem gay suficiente".
Piadas à parte, segundo Sônia Lesse, especialista em Diversidade e Inclusão e diretora de Experiências na consultoria Profissas, o papel do profissional vai muito além disso.
"A área de diversidade é a responsável por conduzir estratégias de inclusão e desenvolvimento de grupos sub-representados dentro das empresas, já que muitas vezes o processo das organizações espelharem a realidade da população do Brasil não acontece de forma natural", afirma.
De acordo com Sônia, as principais atividades de um profissional de diversidade e inclusão incluem mapear a força de trabalho das organizações, para entender quais grupos estão sub-representados, além de elaborar estratégias pensando na contratação, desenvolvimento e promoção desses grupos dentro das empresas.
"Os programas especiais, como os trainees exclusivos para determinado grupo, são os que ganham mais repercussão, mas existe todo um trabalho de bastidores, como o acompanhamento de indicadores dos processos, o apoio da liderança, o desenvolvimento de trilhas de sucessão e o suporte na criação de grupos de afinidades, por exemplo", afirma Sônia.
Uma pesquisa rápida no Linkedin mostra que existem cerca de 7 mil vagas abertas para a área de diversidade e inclusão. E, apesar da área ter ganhado popularidade apenas recentemente, Sônia lembra que há pelo menos duas décadas existem profissionais que trabalham com o tema.
"Anteriormente, esses profissionais atuavam em áreas como responsabilidade social porque as demandas ou eram pensadas na esfera do assistencialismo ou era voltado para questões ambientais, pela necessidade de empresas que tinham negócios que impactavam comunidades", diz.
Com o aumento da relevância de práticas ESG (sigla em inglês para governança ambiental, social e corporativa), surgiram também cursos voltados para diversidade, como pós-graduação ou extensões sobre o tema.
Sônia comenta que, apesar do conhecimento teórico ser importante para saber como implementar projetos de diversidade, tornar os recrutamentos mais inclusivos ou capacitar a liderança no tema, também é preciso que o profissional interessado em atuar na área realize um letramento sobre questões históricas que levaram determinados grupos a ser excluídos da sociedade.
"Alguns cursos até trazem essa contextualização, mas não são a maioria. Entender as razões por trás do processo de exclusão de pessoas negras, por exemplo, faz com que o profissional que esteja atuando com diversidade crie ações mais efetivas", afirma.
Nos últimos anos, também tem sido comum ver a criação de diretorias dedicadas ao tema. Algo que, na visão de Sônia, é fundamental para que as práticas de diversidade e inclusão se tornem parte da estratégia corporativa e não apenas projetos pontuais.
"Empresas que se destacam em diversidade e inclusão em relação ao mercado são aquelas que contam com áreas estruturadas sobre o tema", afirma.
Segundo dados do Glassdoor, plataforma de avaliações profissionais, o salário médio de um analista de diversidade e inclusão é R$ 5 mil.
Na visão de Sônia, a área continuará crescendo nos próximos anos. "As empresas estão entendendo a importância da diversidade para o resultados dos negócios e passando a enxergar o tema como investimento e não custo", afirma.