Profissionais otimistas e resilientes transformam a atitude positiva em um diferencial competitivo no ambiente de trabalho (Klaus Vedfelt/Getty Images)
Redator na Exame
Publicado em 25 de outubro de 2024 às 09h40.
Última atualização em 25 de outubro de 2024 às 10h02.
Profissionais que mantêm o bom humor e a determinação, mesmo nas situações mais desafiadoras do ambiente corporativo, vão além do sorriso no rosto. Eles carregam consigo uma ambição forte e um compromisso com o sucesso. Para eles, o termo “guerreiro” é tão importante quanto “feliz”. Por isso, segundo reportagem do The Wall Street Journal, eles são conhecidos como "guerreiros felizes".
Danielle Korins, diretora de recursos humanos em uma empresa de inteligência artificial em Connecticut, afirma que tem o desejo de vencer e alcançar resultados, e acredita que a positividade é parte de sua estratégia. Embora essa mentalidade não seja necessariamente natural para todos, muitos dos "guerreiros felizes" decidiram se destacar ao trabalhar arduamente enquanto mantêm uma atitude otimista. Esse comportamento sinaliza para os níveis mais altos da empresa que eles não sucumbiram à negatividade e ao desgaste do ambiente, o que, segundo eles, tem trazido resultados.
A expressão "guerreiro feliz" tem aparecido frequentemente nos últimos tempos, inclusive em perfis profissionais no LinkedIn. O termo, apesar de amplamente associado a figuras históricas como Hubert Humphrey e Ronald Reagan, transcende partidos e busca reunir as qualidades de simpatia e firmeza. Com raízes no poema "Character of the Happy Warrior", de William Wordsworth, o termo se consolidou como uma forma de mesclar determinação e alegria no ambiente de trabalho.
Korins, com 52 anos, enfatiza que sua postura não é apenas um papel a ser desempenhado. Para ela e outros que adotam essa etiqueta, o rótulo "guerreiro feliz" significa trazer intensidade e bom ânimo ao trabalho. Ela menciona que não tem equilíbrio entre vida profissional e pessoal, e prefere dessa forma, destacando que ser um “guerreiro feliz” envolve conceder o benefício da dúvida aos outros e não permitir que frustrações afetem seu desempenho profissional. Segundo ela, a felicidade é uma escolha que permite que o foco permaneça no trabalho.
Em uma pesquisa publicada pela Harvard Business Review, gerentes de contratação apontaram a atitude negativa — frequentemente demonstrada ao criticar antigos colegas ou empregadores — como um dos principais sinais de alerta nos candidatos a emprego. O resultado da pesquisa concluiu que os recrutadores buscam pessoas capazes de enfrentar desafios com profissionalismo e de seguir adiante com uma visão positiva, especialmente em um cenário onde apenas um terço dos trabalhadores nos Estados Unidos se sente engajado em suas funções, de acordo com dados da Gallup.
Segundo Ed O’Boyle, responsável pelas práticas de pesquisa e consultoria da Gallup, os profissionais que continuam a trazer energia para o trabalho tendem a receber mais atribuições e oportunidades de crescimento dentro das organizações. Nick Tan, analista sênior em uma empresa de software em Nova York, atribui sua persona de "guerreiro feliz" às três promoções que conquistou em oito anos na companhia. Ele acredita que, enquanto muitos profissionais mudam de emprego frequentemente em busca de melhores salários, o comprometimento com um projeto a longo prazo é o verdadeiro desafio.
Para Kenneth Ely, litígios civis podem ser uma profissão adversarial, mas ele adota a filosofia de "matar com bondade", ensinada por sua avó, o que o ajuda a construir uma atitude positiva no trabalho. Ele considera essa postura uma ferramenta estratégica, que facilita a obtenção de bons resultados. Ely se inspira no poema de Wordsworth, especialmente em um trecho que descreve o guerreiro feliz como alguém que ascende por meios abertos e permanece em posição de honra. Ele acredita que, em vez de uma abordagem maquiavélica focada apenas no sucesso, sua visão oferece um lembrete constante de como agir com integridade no trabalho.
Para Mary Varghese Presti, vice-presidente na divisão de saúde da Microsoft, seu lema é "sua vibração atrai sua tribo". Essa postura dentro da Microsoft ajudou-a a formar alianças estratégicas, como no desenvolvimento de uma ferramenta de inteligência artificial para ajudar enfermeiros a registrar informações de pacientes mais rapidamente. Ela utiliza sua experiência como enfermeira pediátrica para demonstrar aos colegas que a ferramenta pode ser útil para profissionais de saúde.
Para Presti, a chave é sempre alinhar argumentos com as necessidades do público e manter uma atitude de simpatia ao longo do processo. Ela acredita que as pessoas preferem trabalhar com quem elas gostam, e ressalta que uma abordagem agressiva não funciona a longo prazo no ambiente corporativo.