EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de junho de 2013 às 16h24.
São Paulo - É comum ouvir no mercado que falta gente qualificada para preencher as vagas abertas nas empresas. “Quando se fala de profissionais realmente bons, com experiência, capacidade de liderança, as ofertas são poucas”, diz Renata Lindquist, da consultoria de busca de executivos Mariaca, com sede em São Paulo, confirmando uma percepção que assombra as companhias que têm plano de expansão.
Alguns requisitos básicos, como falar inglês fluentemente, ter cursado uma faculdade de renome e mostrar experiência na área em que se deseja atuar abrem portas, mas não são imprescindíveis em todos os mercados. Na verdade, o currículo essencial muda de acordo com a empresa.
“As companhias vão precisar de gente ambiciosa, com visão interdisciplinar, que dialogue com outras áreas além da sua, pensando na organização como um todo”, diz Gil van Delft, diretor da consultoria de busca de profissionais Page Personnel, com escritório em São Paulo.
Como as principais operações das organizações em expansão continuam sendo as internacionalizações, fusões e aquisições, é importante lidar e ter experiência com diversidade cultural. As características pessoais — e a prova de que um profissional usou o que sabe a seu favor para conseguir sucesso —, portanto, são mais importantes do que formação impecável, principalmente quando se trata de gente com alguns anos de experiência.
“Comprometimento e flexibilidade, por exemplo, são habilidades que não se coloca em currículo, mas que avaliamos durante as entrevistas”, diz Gisleine Camargo, gerente da KPMG, consultoria de gestão de São Paulo.
Paulo Basílio
Diretor superintendente da ALL, companhia de logística, do Paraná
“Formação boa é valorizada, mas não mais que atitude e vontade de crescer rapidamente. Esse é o perfil que buscamos. Costumo perguntar pelas decisões que um profissional tomou na vida, vejo se ele arriscou, se aceitou fazer algo diferente no trabalho ou em outras áreas que demonstrem sua ousadia.”
Luís Delfim
Presidente da Guararapes, representante da Coca-Cola, de Pernambuco
“Não esperamos que um profissional esteja pronto, pois investimos em formação. Mas ele tem de mostrar que se atualiza em relação ao mercado e ao mundo. Se está na área comercial, o que tem feito para vender mais? Ele está a par das novas tecnologias? Como faz para prever tendências? Valorizo qualidade nos resultados, mais do que quantidade.”
Gustavo Diament
Vice-presidente de marketing da empresa de telefonia Nextel, de São Paulo
“Tem de ser inconformado com o que há na empresa e mostrar resultados que demonstrem que saiu do lugar-comum. Também é importante construir relações colaborativas em todos os níveis da corporação para resolver os problemas. Inglês é essencial, experiência é importante. Mas competências técnicas podem ser aprendidas.”
Rodrigo Caserta
Vice-presidente de estratégia de mercado da Totvs, empresa de TI, de São Paulo
“Precisamos de gente que traga ideias ousadas. Alguns cargos pedem conhecimento técnico, mas é mais importante a capacidade de liderança, mesmo que seja sobre pessoas de outras equipes: nossos resultados são medidos pelo desempenho de outras áreas. Quem cursou MBA nos Estados Unidos ou Europa ganha pontos — demonstra que se preparou e foi dedicado.”
Deli Matsuo
Vice-presidente de recursos humanos do Google, de São Paulo
“Queremos gente que se destacou ao longo da vida, que se esforçou para estar entre os melhores na escola, no time, na comunidade ou numa ONG. Tem de ter relevância em alguma área. É uma atitude, mais do que formação ou experiência.”
Santuza Bicalho
Vice-presidente do Student Travel Bureau, empresa de intercâmbio, de São Paulo
“Queremos gente para o varejo, e por isso é bom ter visão generalista e formação idem, como administração ou comunicação. Pode incluir uma pós-graduação. Quem estudou ou trabalhou no exterior conhece outras culturas, o que importa em nosso negócio. Inglês tem de ser fluente.”
Gustavo Chicarino
Diretor de estratégia da rede Accor, de hotelaria e serviços, de São Paulo
“Fico atento ao comportamento. Estudar fora do país é importante, pois amplia os horizontes, mas ganha relevância se a pessoa fez isso por si mesma, se preparou financeiramente, foi organizada. Saber ouvir e trazer informação nova também é essencial, embora não esteja no currículo.”
Luiz Galhardi
Diretor de cadeia de suprimentos da Dow, da área química, de São Paulo
“Tem de ter iniciativa, experiência de trabalho em equipe e saber inovar. Isso aparece na maneira como ele conta seus resultados. Quando alguém fala que cortou custos, quero saber quais os benefícios para o meio ambiente. Escolhemos gente das melhores faculdades e que fale bem inglês.”