Presidente Jair Bolsonaro utiliza máscara de proteção contra coronavírus durante coletiva de imprensa (Adriano Machado/Reuters)
Da Redação
Publicado em 14 de abril de 2020 às 13h43.
Vejamos a sentença abaixo:
"Chegou a vez do ministro de Bolsonaro, que parece infeliz."
No estudo linguístico, o duplo sentido em uma construção é chamado de anfibologia ou ambiguidade. É o que resulta em mais de uma interpretação de significado para um agrupamento de vocábulos.
Pergunta-se: quem parece infeliz? Bolsonaro ou o ministro?
A fim de haver a clareza na mensagem, é preciso reconstruir:
"Chegou a vez do ministro. O presidente parece infeliz."
ou
"Chegou a vez do ministro - aparentemente infeliz - do governo Bolsonaro."
Se houvesse substantivos de gêneros distintos, a ambiguidade poderia ser desfeita com o uso do relativo "o qual" ou "a qual". Vejamos:
"Chegou a vez da ministra de Bolsonaro, a qual parece infeliz."
ou
"Chegou a vez da ministra de Bolsonaro, o qual parece infeliz."
Em suma: o relativo "que", apesar de ser útil ferramenta para a fluidez textual, pode causar confusão quando houver dois ou mais referentes. O ideal é revisar o texto; na dúvida, reordene as ideias ou reconstrua toda a sentença, uma vez que não adianta sintetizar prejudicando a clareza da mensagem.
"ADRIANO RESCINDE COM O ATLÉTICO E DEIXA O CLUBE SEM FUTURO DEFINIDO"
De acordo com a manchete citada, especificamente, pergunta-se: quem está “sem futuro definido”? Adriano ou o Atlético?
No entanto, uma simples atitude sintática (de ordem) torna o texto claro, objetivo:
"ADRIANO, sem futuro definido, RESCINDE COM O ATLÉTICO E DEIXA O CLUBE"
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DIOGO ARRAIS
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Professor de Língua Portuguesa
Fundador do ARRAIS CURSOS