Inglês: o nível de conhecimento é exigido de forma diferente no cotidiano das empresas (foto/Thinkstock)
Luísa Granato
Publicado em 6 de junho de 2019 às 05h55.
Última atualização em 6 de junho de 2019 às 06h23.
São Paulo — É muito comum para quem procura um emprego, até mesmo para as vagas de estágio, se deparar com o pré-requisito na descrição da vaga que pede conhecimento intermediário ou avançado de inglês.
Em estudo da Hays, o inglês aparece como a língua mais requisitada na comunicação interna das empresas, com 91%, seguida do espanhol. com 42%.
No entanto, segundo pesquisa da Catho, apenas 5% da população brasileira fala uma segunda língua e menos de 3% são fluentes no inglês. Não é à toa que o nível do idioma é uma das maiores mentiras dos brasileiros no currículo.
Raphael Falcão, diretor da Hays do Rio de Janeiro e Campinas, conta que observou uma mudança drástica na exigência de inglês pelo mercado e seu uso no cotidiano das empresas nos últimos 11 anos.
Embora o conhecimento da segunda língua fosse sempre pedido pelas empresas no processo de recrutamento, ele já foi mais flexível. “Se a pessoa falava o básico, mas era muito boa, ainda era contratada”, comenta ele.
Segundo Falcão, a exigência do inglês não está mais concentrada nos cargos executivos de multinacionais. Com o aumento do contato com o exterior, até quem trabalha em pequenas e médias empresas nacionais precisa ter alguma desenvoltura no idioma.
“Da mesma maneira que o inglês tem maior abrangência no tipo de empresa, também aumentou a capilaridade entre os cargos. Antigamente, quando chegava em conversas 100% em inglês, era na alta direção e gerência ou algum especialista técnico. Hoje o inglês permeia atividades do cotidiano. Não cobram só o diretor ou presidente, mas que analistas e estagiários tenham essa habilidade”, comenta ele.
Falcão confessa que essa característica dificulta o trabalho do recrutador que procura alguém com a capacidade técnica para o cargo e o inglês.
Dado este contexto do mercado e o alto volume de desempregados, o especialista em recrutamento dá a valiosa recomendação: se quiser tornar seu currículo mais competitivo, invista em um curso de inglês.
“Se for pensar no melhor retorno, no melhor custo benefício para o profissional, tenho certeza de que é o inglês. Não estimulo a fazer um MBA aqui no Brasil se a pessoa ainda não tem um proficiência no inglês. De longe é o maior diferencial”, fala ele.
A pesquisa da Hays também destaca que aumentou o número de empresas que oferecem auxílio de cursos de idiomas para os funcionários. Em 2017, eram 34% delas; hoje, são 54%.
É até inesperada a menor demanda pelo idioma latino no Brasil, considerando sua localização, mas o próprio destaque do país na economia regional justifica a menor exigência.
“O Brasil tem pioneirismo dentro da América Latina e uma relevância grande no mundo dos negócios. Muitas vezes, como é o caso das Hays, os serviços e operações ficam no Brasil”, explica.
Depois do inglês, 34% dos profissionais procuram ter conhecimentos de espanhol e 14% buscam outro idioma. Apenas 4% têm algum nível de francês e 2%, de alemão.
O nível de conhecimento dos profissionais é exigido de forma diferente no cotidiano das empresas. Muitas vezes, quando o empregador pede por fluência, o que ele espera é a capacidade de conversação.
No nível intermediário e avançado, a empresa pode esperar que a pessoa tenha a capacidade de escrita e leitura, para comunicação por e-mails com clientes, com a sede ou com colaboradores internacionais.
“De longe, o mais difícil é encontrar quem tenha fluência verbal. Na entrevista, nós buscamos quem consiga expressar suas ideias em inglês. Na escrita, procuramos uma questão ou outra de gramática, mas vemos a habilidade de se comunicar e convencer os clientes. Se formos elencar por importância, primeiro é a fluência verbal; depois, a interpretação de textos; e em terceiro está a escrita, que tem mais tempo e recursos”, diz ele.