Carreira

O contágio da mediocridade é fatal para os negócios

A preocupação com a qualidade, o desejo de servir e o cuidado com os detalhes são replicáveis e devem vir do comando, da liderança

Ilustração - Mediocridade (Bruno Luna/EXAME.com)

Ilustração - Mediocridade (Bruno Luna/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 19 de março de 2013 às 13h26.

São Paulo - Eu estava adiantado para a reunião. Resolvi esperar em algum lugar. Escolhi um local bonito, com mesas na calçada e visual alegre. Como era meio da tarde, e ainda estava praticamente vazio, pude escolher uma boa mesa e esperei o garçom. Daí em diante as coisas começaram a se complicar. 

Depois de acenar algumas vezes, alguém me viu. Um rapaz com cara de “queria estar em outro lugar” se aproximou e perguntou: “Quer alguma coisa?”. Pedi um suco de laranja e perguntei que tipo de lanche ele podia oferecer. Anotou o pedido do suco e foi buscar o cardápio. Para resumir a história, o lanche estava insosso e gorduroso e o suco tinha gosto de laranja passada. Pedi a conta, que demorou a chegar porque a moça do caixa havia saído. 

Após essa péssima experiência fui para minha reunião, não sem algum mau humor. Felizmente as pessoas que fui encontrar eram muito agradáveis, o que ajudou a dissolver a bílis que tinha acumulado no sangue. Quando comentei o ocorrido, me explicaram o motivo: “Esse lugar antes era legal, mas mudou de dono, e o atual não circula pelo restaurante, fica só no escritório fazendo contas e culpando a equipe pelo resultado ruim”. 

Entendi. O novo dono não gostava do negócio, comprou o restaurante pensando só no faturamento, que, aliás, só caía. Eu diria que ele tem um futuro bem previsível. Esta é uma lei universal: qualquer ambiente é fortemente influenciado pelo estilo do dono ou do líder. Aspectos como preocupação com qualidade, desejo de servir, prontidão e cuidado com os detalhes não são decisões administrativas, são atributos da cultura. 

São replicáveis e devem vir de cima, do comando, da liderança. E, claro, seus opostos são igualmente disseminados, epidemicamente.

Saí da reunião no final da tarde, quando os bares da região começam a fervilhar nas happy hours. Gente bonita e alegre circulando, colegas conversando, casais se aproximando, super-heróis corporativos revelando suas identidades secretas. As melhores mesas começavam a ser disputadas em todos os lugares.

Menos naquele bar, onde a mediocridade contagiosa de seu gerente tinha se impregnado em todo o ambiente, instalando a doença do fracasso crônico. Se o seu time não está desempenhando como você acha que deveria, reflita se seu comportamento no comando tem sido o melhor. A conduta do líder diz muito sobre a performance da equipe e do negócio.

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