Agronegócio em alta: o setor deve impulsionar a economia brasileira (Kiko Ferrite/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2013 às 17h29.
São Paulo - Economistas e especialistas de mercado ouvidos pela reportagem da VOCÊ S/A acreditam que este ano será muito parecido com o que passou: economia estável, com crescimento moderado.
O PIB, que é a soma das riquezas geradas pelo país, deve ficar em torno de 4% — desempenho inferior, portanto, ao registrado em 2010, quando a economia brasileira cresceu 7% e foram gerados 2,2 milhões de novos postos de trabalho. “O governo deve ceder mais crédito para recuperar a aceleração da economia”, diz Juan Jensen, da Tendências Consultoria Econômica, de São Paulo.
O economista Celso Grisi, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, acredita que o governo desonerará a carga tributária, que deve cair para 35%. Hoje, os impostos representam cerca de 36% do PIB, e boa parte deles está embutida nos preços de produtos e serviços. Com a desoneração, o consumo aumenta, as vendas das empresas crescem e, portanto, elas teriam mais dinheiro disponível para investir na ampliação de seus negócios e, com isso, precisariam contratar profissionais.
Há também grandes investimentos previstos para as áreas de energia elétrica, petróleo e gás, aeroportos e obras de saneamento. A crise internacional vai continuar impactando as exportações. As companhias com foco no mercado interno terão melhor desempenho — e vão contratar mais também — em relação às concorrentes que dependem do mercado internacional.
Com a crise, os investimentos estrangeiros tendem a continuar sendo deslocados para países emergentes, como o Brasil, que, segundo economistas, deve atrair 65 bilhões de dólares em investimentos estrangeiros diretos neste ano. Em 2010, esse valor ficou em 48,4 bilhões de dólares e, de janeiro a outubro de 2011, já somava 56 bilhões de dólares.
Conheça a seguir as projeções e as expectativas dos especialistas ouvidos pela VOCÊ S/A para dez setores da economia.Todos vão recrutar gente neste ano.
Agronegócio: mais profissionalizado
Empresas nacionais, que antes funcionavam no modelo de cooperativas, agora têm recebido capital estrangeiro e precisam profissionalizar o quadro. Na outra ponta, companhias internacionais que têm vindo para cá precisarão de mão de obra brasileira com know-how de mercado. Portanto, deve haver bastante trânsito de talentos no setor em 2012. A demanda interna por produtos é grande, e o mercado externo de commodities segue em alta.
Profissionais mais procurados: Técnicos, agrônomos, veterinários. Expectativa de vagas para carreiras administrativas e operacionais nas empresas de agronegócios.
Serviços: crescimento moderado
O ano começará mais morno para o setor de serviços por causa da desaceleração da economia no fim de 2011. No entanto, as contratações devem aumentar no segundo trimestre, quando a economia volta a crescer devido à política monetária de expansão do consumo. Destaque para as empresas de call center, que estão diversificando a oferta de serviços. O aumento de contratações no setor no estado de São Paulo para 2012 ficará em torno de 8%. O Brasil deve acompanhar a taxa.
Profissionais mais procurados: a maior parte das vagas é para o nível operacional, mas também serão necessários gerentes de operação.
Construção: procura por qualificação
O setor, que cresceu 4% em 2011, ainda será muito influenciado pelos investimentos nas obras de infraestrutura, especialmente as de saneamento básico previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), as da Copa do Mundo e da Olimpíada, e as obras da segunda fase do programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida.
O PIB do setor deve crescer 5,2% em 2012 e repetir o desempenho do ano anterior. Com a evolução dos métodos utilizados pelo segmento, serão demandados profissionais mais qualificados.
Profissionais mais procurados: Engenheiros civis com experiência para assumir e gerenciar grandes obras.
Logística: há demanda
O sistema ferroviário brasileiro não é desenvolvido e os portos para escoamento de mercadorias não suportam o movimento das transações. O setor terá de investir em ampliações e também na expansão dos aeroportos.
Profissionais mais procurados: de diversas especialidades com know-how em logística pesada.
TI: cada vez mais em alta
O setor deve crescer de 12% a 14%, impulsionado pela crescente demanda de empresas de todos os setores da economia por tecnologia. “TI é essencial, inclusive durante a crise, pois permite o aumento de eficiência dos processos e, por isso, a procura tende a crescer mesmo em períodos de turbulência”, diz Antonio Gil, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom).
O mercado brasileiro de TI é o sétimo maior do mundo, com faturamento de 85 bilhões de dólares em 2010, respondendo por 4% do PIB nacional. O déficit atual por profissionais desse mercado é de 92 000 trabalhadores e deve chegar a 115 000 no próximo ano. E o saldo de contratações versus demissões deve ficar em 31%.
Profissionais mais procurados: arquiteto de solução e analista de negócios voltados para a área de sistemas.
Financeiro: ainda quente
O setor financeiro sente de forma positiva o reflexo da crise internacional. Muitos investimentos de empresas internacionais já começam a ser realocados para cá. E uma das principais áreas dentro das companhias que receberão parte desses investimentos é a financeira.
Profissionais mais procurados: executivo de controladoria de fábrica e negócios.
Varejo: segue aquecido
O baixo nível de desemprego e o alto reajuste do salário mínimo devem manter as vendas aquecidas. Como só depende do consumo interno, o setor não deve ser influenciado pela crise internacional. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo prevê que as vendas no comércio varejista no Brasil crescerão 5% em 2012.
Profissionais mais procurados: gerentes de expansão e de operação.
Hotelaria: alta temporada
O setor de hotelaria deve viver um momento de expansão em todo o país devido aos eventos esportivos como a Copa do Mundo e a Olimpíada. As grandes redes hoteleiras têm recebido incentivos fiscais e devem seguir o processo de expansão, enquanto outras redes internacionais estão buscando se estabelecer no país.
Profissionais mais procurados: de todos os níveis. Para alta gerência, salários de até 30 000 reais.
Óleo e Gás: procuram-se pesquisadores
Como os investimentos no setor são de longo prazo, o segmento não será afetado por causa da crise. O Brasil é um polo mundial na área, por isso organizações estrangeiras querem investir aqui. Observam-se muitas companhias chinesas vindo para cá, como a Sinopec. A maior parte do quadro dessas empresas é formada por brasileiros. A criação de centros de tecnologia e desenvolvimento vai demandar pesquisadores e cientistas.
Profissionais mais procurados: geólogos, engenheiros mecânicos e pesquisadores.
Indústria Automotiva: oportunidades em vários níveis
O Brasil tem o quinto maior mercado automotivo do planeta. O setor, que representa 23% do PIB da indústria e 5% do PIB nacional, é uma das apostas do país para impulsionar a economia. A previsão da
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores é de um crescimento entre 4% e 5% em 2012. Em relação às contratações, o ano deve ser um pouco melhor que 2011 por causa das medidas protecionistas do governo, com o aumento do IPI de veículos importados, o incentivo à política de crédito com taxas mais baixas e a queda da taxa de juro Selic.
A região Sul tem atraído fornecedores de autopeças e há perspectiva de chegada da chinesa Jac Motors. As empresas que já estavam instaladas lá ampliaram, em 2011, suas plantas devido às vendas recordes de 2010. Muitas delas têm desenvolvido centros de engenharia com a intenção de criar produtos 100% made in Brazil para o mercado nacional.
Profissionais mais procurados: de engenheiros de produção e desenvolvimento de produtos para posições juniores até cargos gerenciais, que exigem profissionais mais experientes.