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Nômade digital? Freelancer é tendência para profissional acima dos 50 anos

Com o aumento da perspectiva de vida, profissionais maduros podem se beneficiar e ter vantagens no mercado freelancer

 (kupicoo/Getty Images)

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Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 26 de setembro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 26 de setembro de 2019 às 11h56.

São Paulo - “Quando você fala que é designer, muita gente tem essa ideia na cabeça de um cara descolado, com tatuagens e no máximo uns 25 anos”, conta Jailton Silva de França, 55 anos, especialista em design de produtos.

Longe de se prender a rótulos pela sua idade, Jailton começou a carreira sem medo de se inovar e continua assim. Desde que se formou em 1987 no curso de Desenho Industrial na Universidade Federal de Pernambuco, ele já teve experiência em grandes empresas, já montou um estúdio de design e hoje trabalha como freelancer.

Segundo levantamento da Workana, 13% dos profissionais que usam a plataforma têm mais de 50 anos de idade. Desses, 40% fizeram uma graduação e 20%, uma pós-graduação.

Enquanto 23% dos freelancers na faixa dos 21 a 30 anos de idade ganham entre 501 e 1.500 dólares por projeto, 39% daqueles na faixa de mais de 50 anos ganham o mesmo.

Para o cofundador da Workana, Guillermo Bracciaforte, os números mostram uma tendência para o mercado brasileiro, com uma maior expectativa de vida, o envelhecimento da população e também a Reforma da Previdência levando à necessidade de um prolongamento do período produtivo dos trabalhadores.

“Mais pessoas devem descobrir o freelancer como uma boa opção, pois o mercado é muito duro para pessoas com mais de 40 e 50 anos. Em plataformas como a nossa, é bem mais difícil ser discriminado e muitos clientes precisam de profissionais com mais experiência”, comenta ele.

Ele acha interessante o diferencial para o ticket médio dos freelancers mais maduros e explica que eles entram para o modelo com mais conhecimento sobre o preço do seu serviço e menos ansiedade para conseguir trabalhos.

Além disso, o levantamento mostra uma oferta mais diversa de habilidades, com muitos profissionais de finanças e suporte administrativo oferecendo seus serviços.

Mesmo com suas vantagens, o trabalho autônomo como única fonte de renda, principalmente por meio de aplicativos de serviços, tem gerado alertas para problemas para a segurança e qualidade de vida dos trabalhadores. A chamada "Uberização" da mão-de-obra é marcada por jornadas longas, ausência de direitos trabalhistas e falta de assistência social.

Por indicação de um amigo, Jailton encontrou na Workana há seis anos um caminho para administrar sua carreira com flexibilidade de horários e com liberdade para aceitar projetos que o interessam.

“Os clientes querem saber das suas habilidades e capacidades. Quando o cliente vem a saber minha idade, já aprovou e gostou do projeto. Muitos comentam que achavam que eu era mais jovem”, diz ele.

O designer acredita que a idade chega para todos e que isso não deveria ser uma barreira no mercado de trabalho. Para ele, o verdadeiro perigo é a pessoa parar no tempo.

“No passado, conheci muita gente que acreditava que computador não tinha futuro. Quando chegou a computação gráfica, corri para aprender as novas ferramentas, que eram até difíceis de adquirir, como Photoshop, Corel e Autocad.”, explica ele.

A discriminação dos profissionais nessa faixa etária não é um problema novo e pode se tornar pior com o envelhecimento da população. Segundo Mórris Litvak, fundador do Maturi Jobs, plataforma de vagas para profissionais maduros, boa parte dos processos de contratação limitam a faixa etária e excluem os mais velhos.

De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada pelo IBGE em agosto, a população desocupada ficou em 12,6 milhões de pessoas no trimestre finalizado em julho e 22,8% delas estão entre os 40 e 59 anos.

“Parte da discriminação é sustentada por mitos de que o profissional está desatualizado, não sabe mexer com tecnologia, não é ágil e é muito caro. Também existe uma percepção datada de que alguém com 50 ou 60 anos já é um velhinho, o que seria verdadeiro 20 anos atrás. Vivendo até os 90 anos, vamos precisar trabalhar por muito tempo, mas é quase impossível conseguir um emprego”, fala o CEO.

Latvik também observa uma oportunidade no modelo freelancer para os 50+. Por esse motivo, a empresa lançou a plataforma Maturi Services para ajudá-los a oferecer seus serviços, desde aulas e consultorias até trabalhos manuais.

“Além de uma tendência mundial, com oportunidades aumentando no trabalho autônomo, o freelancer requer qualidade de entrega e responsabilidade, coisas que serão diferenciais para quem já teve anos de experiência”, diz ele.

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