Currículos de papel: a média global sobre esse impacto é de 65%. (Dynamic Graphics/Getty Images)
Luísa Granato
Publicado em 2 de março de 2021 às 13h00.
Última atualização em 2 de março de 2021 às 13h21.
As oportunidades de encontrar um emprego são iguais para todos? Os brasileiros acreditam que não. Em pesquisa da Ipsos em 27 países para o Fórum Econômico Mundial, o Brasil se destacou negativamente na questão de acesso ao mercado de trabalho.
Desenvolva as habilidades mentais mais valorizadas nas entrevistas de emprego. Acesse agora
Na pesquisa, 71% dos ouvidos no país percebem a influência da cor da pele e origem de uma pessoa na obtenção de trabalho.
O levantamento foi realizado com mais de 20 mil pessoas entre o dia 22 de janeiro e 5 de fevereiro. Com mil respondentes no Brasil, a margem de erro é de 3,5 pontos.
A média global sobre esse impacto é de 65%. A África do Sul (80%), Japão (78%) e Bélgica (74%) tiveram resultados superiores ao do Brasil, enquanto Malásia (44%), China (50%) e Rússia (54%) têm as percepções mais baixas da pesquisa.
A Ipsos, empresa de pesquisa de mercado independente, considerou para a pesquisa a cor da pele, etnia e origem ao questionar os participantes do levantamento. Assim, cada região tem suas particularidades de diversidade. No Brasil, negros representam 55,9% de toda a população e o problema de sua baixa representatividade no mercado de trabalho aparece em outras pesquisas.
Em 2016, o Instituto Ethos divulgou pesquisa que mostrou que somente 4,7% dos cargos executivos das 500 maiores empresas brasileiras são ocupados por pretos e pardos. E mulheres negras estão em apenas 0,4% desses cargos.
Em um levantamento do ano passado do Vagas.com com 200 mil pessoas em sua base de dados, 47,6% dos negros disseram que ocupavam um cargo no nível operacional ou de auxiliar. Os diretores eram apenas 0,7%. Apesar disso, entre esses profissionais, 47,8% declaram ter formação no ensino superior -- o que, em tese, os habilitaria para ocupar cargos de liderança.
Embora o Brasil tenha avançado na inserção de grupos minorizados no ensino superior, a pesquisa da Ipsos também mostra que há uma percepção também alta da raça para o acesso à educação e outros serviços sociais.
O Brasil ficou em terceiro lugar entre os que mais acreditam que raça, etnia e nacionalidade prejudicam o acesso a oportunidades de educação. A média global é de 60%.
A África do Sul (76%) ficou em primeiro lugar e a Índia (72%) em segundo. A influência foi vista como menor na Rússia (39%), Suécia (48%) e Polônia (47%).