A transição de carreira requer trabalho, conhecimento e apoio (francescoch/Getty Images)
Repórter
Publicado em 27 de maio de 2024 às 12h07.
Última atualização em 27 de maio de 2024 às 12h07.
Como saber se você está seguindo a carreira certa? Essa é a pergunta que muitos fazem antes, durante e após a formação. Algumas pessoas acabam descobrindo gosto por outras carreiras durante o estágio ou após anos trabalhando na mesma área. Não há um consenso, ainda mais atualmente em que as profissões não definem mais as carreiras.
“Atualmente, você se forma engenheiro e vai trabalhar no RH. Se forma médico e pode trabalhar em administração de planos de saúde. A carreira não é mais exata, é linear”, afirma Adriano Lima, coach executivo que recentemente realizou uma transição de carreira do mercado executivo para fundar uma agência de treinamento de C-levels.
Além da indecisão individual de cada pessoa, alguns fatores externos podem levar a pessoa a querer mudar de carreira. Segundo a psicóloga Cristina Cogo, insatisfação de estar há muito tempo no mesmo cargo, receber um salário inadequado pelo trabalho executado ou até de não encontrar colocação no mercado na área de formação, podem levar o profissional a sentir vontade de mudar de vez o rumo e realizar a transição de carreira.
“Basicamente a transição de carreira é quando um profissional decide mudar de área de atuação. Esse processo pode acontecer por insatisfação profissional, dificuldades no mercado de trabalho, um desejo de desenvolver novas habilidades, entre outros fatores.”
É preciso se atentar aos sinais de que chegou a hora de mudar de área. Segundo Lima, alguns sentimentos frequentes no dia a dia podem te ajudar a tomar essa decisão.
“De acordo com uma pesquisa da consultoria LLH, somente 2% dos profissionais se preparam para uma mudança de carreira. A maioria vai tentar quando está esgotado e é neste momento que a pessoa chega despreparada, muitas vezes sem fôlego financeiro e saúde destroçada”, afirma o coach executivo.
Um primeiro passo para fazer uma transição de carreira é pensar se essa é realmente a solução mais viável para resolver o seu problema, afirma Cogo.
“É muito comum nesta fase, o profissional cometer erros que podem atrasar seus planos ou até mesmo fazer com que você desista deles. É importante se atentar com a impulsividade em querer abandonar a carreira e começar do zero novamente. Deve analisar as oportunidades antes de investir em uma mudança radical.”
Para isso, a psicóloga aconselha:
“Pensar somente no dinheiro, também é um erro no planejamento da transição de carreira, porque pode gerar mais uma frustração. É importante lembrar que tudo tem um início. Além disso vale evitar pedir a opinião de pessoas que não compartilham das mesmas ideias que você, isso pode ser saudável”, afirma a psicóloga.
Outra alternativa é pensar em mudar de cargo dentro da própria área de atuação.
“Dentro de cada profissão e formação existem diversas possibilidades, por exemplo, um profissional que se forma em Fisioterapia pode não gostar de trabalhar em hospitais, mas se sentir realizado atuando num Studio de Pilates como professora”, afirma Cogo. “Nesse momento, é importante muita reflexão para entender qual é a raiz da sua insatisfação antes de decidir mudar de área.”
Para escolher uma nova carreira, é preciso antes de tudo autoconhecimento, segundo a coach executiva Milena Brentan, que destaca 3 frases que o profissional pode fazer quando estiver com dúvida sobre a sua atividade:
“Por mais que no começo a gente agarre as oportunidades que aparecem, afinal, faz parte do começo profissional absorver conhecimentos e contatos antes de conseguir direto a área que deseja, vale se perguntar o que você gostaria de ser realmente”, diz a coach. “É nessa hora que nos deparamos com a necessidade de apostar no autoconhecimento, porque sem isso não conseguimos entender as nossas habilidades e ambições. E esse autoconhecimento pode acontecer por meio de um coach, terapia e até uma roda de amigos.”
Para ajudar nesse desafio de autoanálise, Lima sugere também fazer a avaliação “Ikigai”.
“Nesta avaliação você vai juntar missão, profissão, o que ama, o que você é bom e o que o mundo precisa. No meu caso, validou eu querer trabalhar com desenvolvimento humano focado em líderes”, afirma o executivo que reforça que há vários sites que disponibilizam esse teste de forma gratuita.
Para o executivo, uma carreira de sucesso exige planejamento, assim como uma empresa. “Você precisa ter uma estratégia para sua carreira, que para mim é o encontro do preparo com a oportunidade. Tem de trabalhar seu preparo alinhado com seu ikigai. E tem de trabalhar sua visibilidade para que as oportunidades, que você planejou e deseja, apareçam.”
Se a meta for mesmo a transição de carreira, Cogo sugere 8 dicas para planejar a mudança de forma segura e saudável:
“A transição de carreira requer trabalho, conhecimento e apoio. Se notar dificuldade em seguir essa trajetória, busque ajuda profissional, é importante ter alguém que complemente sua visão e o ajude na nova área”, diz Cogo. “Outro ponto importante é saber manejar as expectativas, ou seja, entender que o processo pode ser árduo e que, logo no início, vão existir desafios. O progresso se baseia em construções diárias.”
No final, o importante é olhar para a sua carreira como protagonista, você é o único dono da sua carreira, afirma Brentan.
“O melhor momento de mudar é quando está tudo bem, mas ainda não é o que você quer. Quando você tem consciência de que você fez tudo o que poderia dentro da empresa e/ou na área de atuação, mas naquele espaço não há a oportunidade que você tanto deseja, essa é a hora que você deve se posicionar como dono de sua carreira, usar o valor agregado e contatos para apostar em seu futuro”.