Carreira

Na hora de fazer o currículo, (quase) todo mundo comete este erro

Não é simples fazer um currículo que brilhe aos olhos dos recrutadores. Mas evitar um erro básico pode ajudar — e muito — a se diferenciar da concorrência

Currículo (stevanovicigor/Thinkstock)

Currículo (stevanovicigor/Thinkstock)

Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 10 de outubro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 10 de outubro de 2017 às 09h16.

São Paulo —  Com a ajuda da internet, preparar o próprio currículo virou uma tarefa relativamente fácil: basta fazer o download de algum modelo disponível na web e preenchê-lo com os seus dados. O que continua difícil é elaborar um documento que se diferencie dos demais e brilhe aos olhos do recrutador.

O segredo está em um detalhe que passa despercebido para a maior parte dos candidatos: o fato de que um bom currículo deve ser sóbrio, enxuto e objetivo — mas jamais burocrático.

Uma dos erros mais comuns nesse sentido é simplesmente descrever as atribuições e tarefas que você teve em cada emprego, alerta Raphael Falcão, diretor da consultoria de recrutamento HAYS Experts.

Dizer simplesmente que você geria planilhas, atendia clientes e media indicadores de desempenho, por exemplo, não traz muita informação. Se for possível, é preciso revelar qual foi o impacto do seu trabalho para o departamento em que você atuou, ou até para o negócio como um todo.

Fazer uma lista das suas tarefas ao longo da carreira é um erro comum até no LinkedIn. De acordo com estudos da própria rede social, a palavra “responsável” — não no sentido de “sério” ou “ajuizado”, mas no de “responsável” pela tarefa X ou Y — é uma das repetidas pelos usuários do site há anos em seus perfis.

“Descrever o que você fazia é importante e necessário, mas não é suficiente”, afirma Falcão. “Também é fundamental esclarecer qual legado você deixou em cada passagem profissional”.

Mas como fazer isso?

De acordo com Ricardo Karpat, diretor da consultoria Gábor RH, falar sobre os seus resultados no currículo é uma missão importante, porém delicada. Só vale a pena, segundo ele, falar sobre conquistas verdadeiramente relevantes.

“Se você é assistente, auxiliar ou estagiário, é mais interessante descrever suas atribuições do que falar sobre resultados, porque, pelo seu nível hierárquico, dificilmente o seu trabalho terá gerado números tão expressivos assim para o negócio”, diz ele.

Na opinião de Karpat, o filtro da relevância exige que você só fale sobre o impacto que trouxe para ex-empregadores se já tiver ocupado um cargo de gerência ou diretoria.

Falcão discorda dessa visão, e acredita que profissionais de qualquer nível hierárquico podem ganhar pontos com o recrutador se incluírem resultados no currículo.

“Mesmo que você seja um estagiário, pode ter feito algo que transformou de alguma forma a sua área”, explica ele. "Além disso, é uma atitude que demonstra que você está preocupado com o próprio impacto, que tem consciência da sua importância para o negócio como um todo”.

Mas cuidado para não exagerar: alguns candidatos mencionam resultados alheios como se tivessem sido seus, e acabam se queimando com os headhunters.

“Se você só participou indiretamente de um projeto bem-sucedido no seu emprego anterior, é melhor não dizer nada”, orienta Guilherme Malfi, gerente de recrutamento da consultoria Talenses.

A menção só vale quando você liderou — ou, pelo menos, foi peça essencial — em um projeto que se transformou em inovação, ganho de receita ou redução de custos, por exemplo.

Como ser realmente convincente?

Para garantir a sua credibilidade, é importante priorizar resultados mensuráveis. O conselho de Malfi é falar em termos numéricos: uma ideia sua trouxe redução de 30% dos custos em um determinada operação, permitiu a conquista de 200 novos clientes em dois meses ou fez triplicar a taxa de produtividade de um processo, por exemplo.

Se for impossível falar em números, a única exceção aceitável, segundo Karpat, é citar prêmios, homenagens ou outras formas comprovadas de reconhecimento. “Se não houver nenhum endosso formal, é melhor nem mencionar”, afirma.

No caso de um profissional mais jovem, costuma ser difícil trazer resultados quantitativos. “Nesse caso, descreva algum feito excepcional, algo que você fez além do esperado para o seu nível hierárquico”, orienta Malfi.

O maior erro de todos é não falar nada sobre o seu impacto pelas empresas pelas quais passou. “Quando você não fala sobre seu legado, seu currículo fica igual a qualquer outro”, resume Falcão. “As empresas buscam quem faça diferença, e é preciso mostrar que você é capaz disso”.

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