(Benoit Tessier/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de dezembro de 2017 às 17h43.
Algo novo está acontecendo no mundo das criptomoedas. O mundo das moedas digitais, de cerca de US$ 460 bilhões, que surgiu há oito anos do domínio quase exclusivamente masculino do bitcoin, está começando a se abrir para as mulheres.
Quatro das 30 maiores ofertas iniciais de moedas (ICO, na sigla em inglês) deste ano até outubro contavam com cofundadoras, o dobro do número de mulheres na diretoria das 30 empresas de tecnologia com as maiores aberturas internacionais de capital do mundo. Duas das ICO lideradas por mulheres constavam entre as maiores até o momento.
Agora as mulheres ganharam visibilidade como palestrantes nas conferências sobre criptomoedas. A Coinbase Inc., uma das maiores bolsas de moedas digitais dos EUA, afirmou que 46 por cento de suas novas contratações neste ano foram mulheres ou pessoas de etnias diversas.
Embora ainda não se saiba se a maioria dos projetos de blockchain é viável, as experiências das mulheres pioneiras indicam que esse setor nascente está se movendo em direção a uma cultura mais inclusiva e expandindo sua base de talentos à medida que avança para o sistema dominante -- etapas que em outros campos deram impulso à inovação e ao desempenho financeiro.
“Temos uma oportunidade de reconstruir o sistema financeiro”, disse Galia Benartzi, cofundadora da Bancor, que reuniu US$ 150 milhões em junho. “Vamos fazer isso só com homens de novo?”.
Essa situação marca um contraste com o começo das moedas digitais. O livro “Digital Gold: Bitcoin and the Inside Story of the Misfits and Millionaires Trying to Reinvent Money” (2015), de Nathaniel Popper, que narra a história do bitcoin até o começo de 2014, não menciona nenhuma mulher diretamente envolvida na moeda virtual. Em uma pesquisa da CoinDesk com usuários do bitcoin em 2015, mais de 90 por cento dos quase 4.000 participantes eram homens.
Há muito poucos dados sobre diversidade nas empresas de criptomoedas. Nas 67 empresas da carteira de valores da Digital Currency Group -- uma empresa que investe em tecnologia do blockchain -- 17 por cento dos funcionários eram mulheres e um terço das empresas não tinha nenhuma mulher, segundo uma publicação de blog de março de 2016 de Meltem Demirors, diretora de desenvolvimento da DCG. O número é comparável com a porcentagem de empresas financiadas com capital de risco fundadas por mulheres em todo o mundo, segundo dados da Crunchbase.
Demirors diz que as mulheres nem sempre são reconhecidas como deveriam: ela se lembra de ter sido descrita como “uma garota do marketing” no começo de sua carreira e, no mês passado, um homem tentou lhe explicar como a tecnologia da criptografia funciona, em um evento em Hong Kong onde ela fez o discurso de abertura.
“Eu acredito de verdade que são as mulheres que estão fazendo grande parte do duro trabalho operacional e estratégico”, disse Demirors.