Mulher em ambiente de trabalho: estudo encontrou evidências “fortes” de discriminação etária na contratação de candidatas mulheres (Fuse/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 28 de outubro de 2015 às 18h17.
Assim como em muitos aspectos da vida das mulheres trabalhadoras, conseguir emprego após uma certa idade pode ser mais difícil para elas do que para os homens.
Ao avaliar mais de 40.000 candidaturas de emprego em diversos setores, um estudo do Escritório Nacional de Pesquisas Econômicas dos EUA encontrou evidências “fortes” de discriminação etária na contratação de candidatas mulheres e “consideravelmente menos evidências” de discriminação por idade contra candidatos homens. As conclusões sugerem que a discriminação por idade é um problema especialmente feminino.
Os pesquisadores enviaram currículos para ofertas de trabalho para cargos em vendas, administração, segurança e tarefas de zeladoria.
Eles mediram a taxa de resposta, comparando os candidatos jovens (com idade entre 29 e 31 anos) a dois grupos de trabalhadores mais velhos (um com idade entre 49 e 51 anos, e outro perto da idade de aposentadoria, de 64 a 66 anos), levando em conta possíveis razões que poderiam fazer com que uma empresa não os contratassem, como a experiência.
“Nossos resultados gerais são simplesmente muito mais acentuados entre as mulheres do que entre os homens”, disse David Neumark, pesquisador principal do estudo.
“Os resultados entre as mulheres continuam firmes em todos os casos”. Os resultados para os homens são muito mais ambíguos.
Em nenhum cenário os homens enfrentam uma discriminação estatisticamente significativa antes dos 51 anos. De fato, os homens com idade entre 49 e 51 anos foram entrevistados pelos possíveis empregadores a uma taxa mais elevada do que entre os candidatos mais jovens quando buscaram cargos de zeladoria.
À medida que se aproximam da aposentadoria, alguns homens experimentam discriminação por idade, mas nem sempre. Entre aqueles que se candidatam a empregos em segurança, os pesquisadores não descobriram uma discriminação por idade estatisticamente significativa em nenhuma idade.
Discriminação etária
Entre as mulheres, a discriminação por idade começa mais cedo e nunca diminui. Em vendas, a única ocupação para a qual os pesquisadores apresentaram candidaturas tanto de homens quanto de mulheres, o estudo encontra “uma evidência consideravelmente mais forte de discriminação contra as mulheres mais velhas do que contra os homens mais velhos”.
Também não existe um cenário no qual as mulheres acima dos 49 anos não sejam punidas. Em todos os tipos de empregos, em vendas e administrativos, os pesquisadores descobriram uma “inequívoca” discriminação por idade contra as mulheres nas duas faixas etárias mais avançadas na comparação com as mulheres mais jovens.
“A discriminação por idade é pior para as mulheres”, disse Neumark, economista da UC Irvine. Em empregos em vendas, por exemplo, as mulheres jovens receberam mais retornos do que os homens. Mas, à medida que envelhecem, o declínio nos retornos é mais nítido. “A idade castiga mais” as mulheres, diz Neumark.
Sexismo
Os pesquisadores oferecem duas teorias a respeito de por que as mulheres são penalizadas mais frequentemente do que os homens e mais cedo; ambas se resumem ao sexismo. Primeiro, as leis de discriminação etária não protegem as mulheres como uma categoria específica. Duas leis diferentes protegem as mulheres e os trabalhadores mais velhos.
“Queixas 'interseccionais' de discriminação por idade contra mulheres mais velhas são difíceis de levar aos tribunais”, escreveram os pesquisadores.
Um pesquisador da SUNY Buffalo, por exemplo, descobriu que as leis de discriminação por idade protegem muito menos as mulheres mais velhas do que os homens mais velhos.
Além disso, os pesquisadores suspeitam que as normas de gênero no local de trabalho pioram à medida que as mulheres envelhecem.
“É possível que as mulheres mais velhas, de fato, sofram mais discriminação do que os homens mais velhos, porque a aparência física é mais importante para as mulheres e porque a idade prejudica mais a aparência física das mulheres do que a dos homens”, escreveram os pesquisadores.
“Isso [o estudo] reforça para mim que se trata de gosto, desconforto e outros tipos de estereótipos sobre a idade que, por alguma razão, têm um efeito maior sobre as mulheres do que sobre os homens”, acrescenta Neumark.