Carreira: “Os homens avançam rapidamente e as mulheres começam a enfrentar obstáculos desde a largada” (Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 28 de setembro de 2016 às 20h58.
Nova York - Muitas das iniciativas para aumentar a participação de mulheres nas empresas se concentram em sua baixíssima presença nos conselhos e no alto escalão executivo, mas um novo estudo mostra que as trabalhadoras estão em desvantagem desde o primeiro degrau da carreira profissional.
Por cada 100 mulheres que são promovidas de um cargo iniciante para outro de gerência, 130 homens avançam, segundo o estudo publicado na terça-feira pela LeanIn.org e pela McKinsey & Co.
Mulheres ficam atrás dos homens em todos os degraus, mas a diferença é maior no ponto crítico em que elas poderiam chegar pela primeira vez à chefia.
“As mulheres atingem o teto de vidro mais cedo do que as pessoas acham”, disse Rachel Thomas, presidente da LeanIn, um grupo fundado pela diretora operacional do Facebook, Sheryl Sandberg.
“Os homens avançam rapidamente e as mulheres começam a enfrentar obstáculos desde a largada.”
O estudo analisou grupos de funcionários de 132 empresas, entre elas General Motors, Visa, Procter & Gamble e Morgan Stanley. Também entrevistou 34.000 funcionários.
As mulheres pediram promoções ou aumentos um pouco mais frequentemente do que os homens e tiveram maior propensão a serem rotuladas como “mandonas” ou “agressivas” quando pediram, concluiu o estudo.
As mulheres também tiveram menos acesso aos executivos seniores que os homens, receberam menos conselhos sobre como melhorar seu trabalho e menos tarefas de alto perfil.
“Essas coisas começam a se acumular”, disse Thomas. “As mulheres progridem mais lentamente, e quanto mais acima se olha a hierarquia, menos mulheres se vê.”
Empurradas ao RH
Um possível motivo é que à medida que ascendem, muitas mulheres abandonam funções onde por exemplo são responsáveis por uma declaração de lucros e prejuízos, e passam para cargos como recursos humanos ou tecnologia da informação.
É menos provável que esses cargos levem à presidência da empresa. Pode ser que as mulheres sejam empurradas para essas carreiras, disse Thomas, ou que não tenham modelos a seguir.
As mulheres representam menos de 5 por cento dos CEOs das 500 maiores empresas de capital aberto dos EUA, segundo o Catalyst, um grupo de defesa das executivas.
As disparidades são mais acentuadas para as mulheres negras, que representam 20 por cento da população dos EUA, mas ocupam apenas 3 por cento dos cargos do alto escalão.
Embora 78 por cento das empresas tenham informado que a diversidade de gênero era uma das 10 principais prioridades para seu CEO, contra cerca de 56 por cento em 2012, somente 55 por cento afirmaram que a diversidade racial era de alta prioridade.
Mas há motivos para ser otimista, disse Thomas. O estudo mostrou um pequeno aumento na porcentagem de mulheres em cada patamar em comparação com um ano atrás.
Outro fator que reteve as mulheres foram os companheiros que não compartilham a carga das tarefas domésticas e da educação dos filhos, segundo o estudo.
Entre as mulheres que dividem de forma igualitária os afazeres domésticos com seus parceiros, 43 por cento aspiravam a cargos executivos seniores.
Somente 34 por cento das mulheres que faziam a maior parte das tarefas domésticas queriam o mesmo, de acordo com o estudo.