Silvia Fazio: decidi não aceitar ser tratada como inferior (Flávio Santana/Exame)
Maurício Grego
Publicado em 19 de outubro de 2017 às 19h45.
Última atualização em 20 de outubro de 2017 às 00h09.
São Paulo — Mulheres encontram barreiras, no dia-a-dia, que afetam sua autoestima e dificultam sua ascensão a postos do liderança. A avaliação é de Silvia Fazio, diretora-presidente da Woman in Leadership in Latin America (WILL), que falou na abertura do Fórum Mulheres na Liderança, evento realizado por EXAME em parceria com a WILL.
Silvia lembra o momento em que decidiu não mais aceitar ser tratada como inferior: “Eu morava na Alemanha e viajava de trem com frequência para a Itália. Havia um guarda na fronteira que sempre revistava minha bagagem, mas não fazia isso com nenhum outro passageiro.”
“Um dia, eu disse a ele que queria o nome dele para fazer uma reclamação. Disse que ele só estava me revistando porque eu era mulher, jovem e latino-americana. O guarda ficou sem reação. Foi um momento de virada para mim. Levei isso para minha carreira profissional.”
“Anos depois, eu já havia me tornado PhD em direito e sócia de um escritório jurídico britânico quando notei que minha voz valia menos que as dos meus sócios anglo-saxões. Falei com o sócio principal do escritório, que disse que eu não era respeitada por causa do meu sotaque brasileiro.”
“Durante um ano, fiz um treinamento com um especialista em sotaques. Um dia ele me disse que achava meu inglês ótimo e que parecia que meus sócios usavam o sotaque como desculpa para se sentir superiores. Com o tempo, acabei saindo daquele escritório.”
O Fórum Mulheres na Liderança tem, também, um debate sobre como acelerar a participação feminina na liderança das empresas; um bate-papo com Ana Paula Vescovi, titular da Secretaria do Tesouro Nacional; e a apresentação de um abrangente estudo sobre a liderança feminina nas empresas brasileiras.
“A valorização da mulher é uma das bandeiras de EXAME”, disse André Lahoz Mendonça de Barros, diretor editorial de EXAME, que está completando 50 anos. Ele lembrou o quanto o Brasil avançou nesses 50 anos: “Quando comparamos o Brasil de hoje com o do passado, vemos que é um Brasil melhor. É um país democrático. Não é igualitário ainda, mas muitas histórias de gente que supera condições desfavoráveis têm surgido.”
Uma extensa reportagem sobre a liderança feminina nos negócios é parte da edição desta semana da revista EXAME. Ela será distribuída nesta sexta-feira aos assinantes e bancas e, no mesmo dia, será publicada integralmente no site EXAME.