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Minoritário paga o pato na Bovespa?

Nos últimos 15 meses, 27 empresas anunciaram sua saída do mercado acionário. Saiba o que fazer se você comprou uma dessas ações

O investidor Edgard Mansur, 50 anos: ele conquistou uma cadeira no conselho de administração da Agrenco para representar os minoritários no Brasil

O investidor Edgard Mansur, 50 anos: ele conquistou uma cadeira no conselho de administração da Agrenco para representar os minoritários no Brasil

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Da Redação

Publicado em 19 de março de 2013 às 19h12.

São Paulo - Insatisfação. Esse é o sentimento dos investidores que compraram ações de empresas que resolveram se retirar da bolsa de valores. Nos últimos 15 meses, 27 companhias anunciaram a recompra de papéis e sua retirada do mercado acionário. Tal decisão tem deixado milhares de investidores revoltados.

Eles alegam que não realizaram o lucro do investimento, que tende a beneficiar acionistas no longo prazo. As justificativas das organizações são as mais diversas possíveis: fusão, aquisição, estratégica de negócio. 

A Lei das Sociedades Anônimas e a instrução 361 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) garantem que, se os investidores se unirem por meio de associação e, juntos, somarem mais de 10% das ações em circulação de determinada empresa, eles podem pedir a convocação de nova assembleia para rediscutir o valor que irão receber por seus papéis.

"A maioria dos minoritários não sabe o poder que tem. Isso porque o boom no mercado de capitais brasileiro é recente e o pequeno investidor ainda não é totalmente informado", diz o especialista Joyl Gondim de Alencar Filho, sócio da Azevedo Sette Advogados.

Bem esclarecido sobre seus direitos, o advogado Victor Adler decidiu brigar com a Confab, fabricante de tubos de aço. Tudo começou em agosto de 2011, quando os acionistas receberam uma informação que poderia mudar o destino de seus investimentos.

A companhia, controlada pela multinacional Tenaris, comunicou ao mercado que pretendia tirar seu capital da bolsa, comprando todas as ações em circulação, como determina a  CVM. O valor oferecido era de 5,20 reais por ação, o que não agradou a alguns minoritários. "Na época, eu me insurgi. Outros fundos também se insurgiram", diz o advogado, que investiu na compra desses papéis e não queria perder dinheiro. 

Victor, diretor-presidente da Vic DTVM, sabia que, se buscasse se unir a outros minoritários, chegariam aos mais de 10% necessários para rediscutir o preço a ser pago pelas ações que tinha em mãos.

No meio do percurso, no entanto, a companhia desistiu da oferta, comprou uma participação na Usiminas e, no começo deste ano, voltou ao mercado com uma nova proposta de Oferta Pública de Aquisição (OPA), agora a 5,85 reais por ação, valor 12,5% maior que a primeira oferta. Porém, Victor ainda se sente lesado. "Não é o preço que acho justo. Por mim, continuaria acionista da Confab por mais 20 anos." 

Nada definido 

Apesar de toda a indefinição do caso Confab, Victor é um entre milhares de investidores que estão insatisfeitos. O caso da Confab é particular — tem a maior parte de seu capital concentrado nas mãos de fundos de investimentos. O mesmo não se repete com outras empresas de capital mais disperso, em que o investidor com menos poder tem maior dificuldade de se mostrar presente nas grandes negociações.


Esse movimento surpreende ainda mais quando a retirada de cena atinge grandes organizações ou aquelas com um volume significativo de papéis negociados na bolsa. Foi o que ocorreu com o Itaú Unibanco ao anunciar a pretensão de cancelar o registro de companhia aberta de sua controlada Redecard, que sempre foi uma das vedetes entre os papéis mais procurados pelos investidores. 

Nova onda de IPOs

Os especialistas alertam os investidores mais afoitos para a nova onda de IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) que se desenha para a bolsa paulista nos próximos meses, quando companhias como BTG Pactual e outras três, que já estão em análise na CVM, podem entrar no mercado acionário.

A principal pergunta é: se a empresa resolver fechar o capital no curto prazo, o investidor vai ficar com um mico na mão? "Quem compra ação compra expectativa de valorização no longo prazo. Se a organização em que apostou resolve sair da bolsa, você vende o papel ou fica com um problema", diz Fábio Galo, professor de finanças da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. 

Mas o que será que o investidor deve olhar para se precaver minimamente em situações como essa? E se tiver apostado em empresas de menor porte, cujas informações são mais difíceis?

"Para organizações menores, o que vale é a análise fundamentalista, que busca estudar a situação financeira, econômica e mercadológica delas e suas projeções para o futuro. É complexo, por isso leva vantagem o investidor que souber tirar suas conclusões de uma notícia publicada na mídia antes mesmo de alguma corretora fazer sua análise", diz o consultor de finanças pessoais Gustavo Cerbasi, sócio da Cerbasi & Associados Planejamento Financeiro, que indica instituições como FIA, Insper e Saint Paul para a realização de cursos sobre o assunto.

"Elas oferecem cursos de 20 a 40 horas para iniciantes a preços que se pagam em pouco tempo para quem tem patrimônio acima de 100.000 reais", diz Cerbasi.

O economista-chefe da Walpires Corretora, Leandro Martins, dá uma dica valiosa: "Se você entende de gráficos, fique atento aos volumes. Esse é um indicativo de posição adotada pelos fundos de investimentos, que são investidores de grande porte, com maior poder na hora de bater o martelo quanto ao preço justo das ações no fechamento de capital ou aquisição". 

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