Campo de exploração da Mirabela Mineração, em Itagibá (BA): o setor está contratando (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 28 de maio de 2013 às 19h30.
São Paulo - Quando Luiz Gustavo da Silva trocou o curso de engenharia civil por engenharia geológica na Universidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, essa carreira era pouco conhecida. Contudo, logo percebeu ter feito um bom negócio.
Com o crescimento da China e da Índia, consumidores do minério extraído por aqui, e com o próprio desenvolvimento econômico no Brasil, o país passou a receber grandes investimentos em mineração. Isso aumentou também a demanda por profissionais especializados no setor. Luiz Gustavo aproveitou a onda de expansão do setor e trabalhou em minas de vários municípios brasileiros, além da África.
Hoje, com 35 anos, é assessor técnico do presidente da Mirabela Mineração do Brasil e trabalha em Itagibá, na Bahia. Experiente, o engenheiro geólogo enxerga no setor um déficit de profissionais, o que tem gerado disputa no mercado. "Chego a receber pelo menos duas propostas por semana", diz o engenheiro.
A mineradora Hydro, instalada em Paragominas, no Pará, é outro exemplo. Há sete meses a empresa tem vagas abertas para a posição de engenheiro de minas e não consegue preenchê-las, conta a gerente de RH e comunicação da empresa, Karina Suely Santos. A dificuldade, além de achar o profissional com formação e experiência, é fazer com que o candidato, principalmente os mais jovens, se mude para o Norte.
Aquecida no país, a mineração deve receber entre 2011 e 2015 cerca de 68,5 bilhões de dólares em investimentos em projetos e logística, de acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Entretanto, dados obtidos com os estados, que incluem o total de investimentos previstos, mostram uma perspectiva ainda mais otimista (veja Mapa do Emprego).
O problema é que a oferta de profissionais não acompanha a demanda das empresas, o que gera a disputa pelos mais experientes. Leonardo Souza, diretor da consultoria de recrutamento Michael Page, afirma que, com o crescimento do segmento, pode até haver carência de pessoas especializadas no mercado, principalmente nos estados que não têm tradição em mineração. Os profissionais mais buscados pelas mineradoras são os engenheiros de minas e os geólogos seniores.
Ambas as profissões são essenciais na mineração. O geólogo pode atuar tanto no planejamento, definindo a produção e o tempo de vida da mina, quanto na exploração, ao pesquisar os locais que podem ter minérios. Já o engenheiro de minas pode atuar no controle da operação e produção da mina, na etapa da extração, ou no controle do beneficiamento do minério, na etapa metalúrgica.
Vale destacar que os engenheiros civis exercem papel complementar no setor, atuando na construção e na ampliação da infraestrutura das mineradoras. A experiência é requisito bastante solicitado no setor. Ao avaliar o mercado de trabalho, o coordenador do curso de engenharia de minas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Adriano Gripp, aborda outra necessidade.
Ele acredita que há número suficiente de engenheiros, mas faltam técnicos de nível superior em geral, o que pode levar os engenheiros a assumir um papel técnico, aumentando ainda mais a demanda pelos engenheiros de minas.
"O aquecimento do setor e a carência de profissionais com experiência fazem com que o mercado passe a oferecer salários acima do padrão", destaca Rute Andrade, gerente de desenvolvimento humano e organizacional da Mirabela Mineração do Brasil. A remuneração de cargos técnicos de engenheiros de minas e geólogos pode chegar a 13.000 reais.
A Vale, maior empresa de mineração do país, com mais de 98.000 funcionários no Brasil, tem investido no planejamento das contratações e na aceleração das carreiras para superar a disputa por profissionais no setor. Com o boom do mercado, a busca de cursos de geologia tem aumentado. mas a maioria das universidades trabalha no limite de vagas.