Carreira

Faculdade de Medicina e Escola Politécnica, ambas da USP, não poderão usar Enem

USP deve votar o uso do Enem em seus cursos, mas as duas faculdades tradicionais já barraram o uso do Exame Nacional do Ensino Médio

USP (Cecilia Bastos)

USP (Cecilia Bastos)

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Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2015 às 07h04.

Os tradicionais cursos da Faculdade de Medicina e da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) ficaram de fora da lista de carreiras em que será votada a adoção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como alternativa à Fuvest. Desde o ano passado, a instituição discute o uso da prova federal para preencher parte das vagas.

O uso do Enem para ingresso em parte dos cursos foi aprovado anteontem no Conselho de Graduação da universidade. O órgão debateu as propostas que foram votadas internamente nas faculdades. Na terça-feira, o assunto será analisado no Conselho Universitário (CO), instância máxima da USP.

A ideia é que a mudança entre em vigor no próximo vestibular. A disputa seria pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), plataforma digital do Ministério da Educação que reúne vagas no ensino superior público. O uso do Enem seria restrito aos candidatos vindos da escola pública, na maioria dos casos. A adoção do exame é uma das principais estratégias da reitoria para melhorar as taxas de inclusão. A meta da USP é ter metade dos calouros vindos de escola pública até 2018. [

Segundo o documento que será votado no CO, obtido pelo Estado, a proposta é que 13,5% das 11.057 cadeiras da universidade sejam disputadas pelo exame. Inicialmente, a proposta da Pró-reitoria de Graduação era de que 14,9% das vagas seriam preenchidas com o Enem.

Os cursos da Medicina e da Escola Politécnica, inicialmente, constavam na proposta da pró-reitoria de distribuição de cadeiras via Enem, mas não foram à frente até a votação final. A Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) também não aceitou o uso do Enem.

Já a Faculdade de Direito da capital pretende reservar 92 das suas 460 vagas. A Medicina de Ribeirão Preto, carreira mais concorrida do último vestibular, planeja separar 10% de suas 100 cadeiras para o exame. São as graduações de Humanidades que concentram a maior proporção de vagas pelo exame (15,4%). Já na área de Ciências Exatas e Tecnologias, essa taxa recua para 11,1%. Por questões logísticas, cursos que exigem provas de habilitação específica também não entraram na proposta de uso do Enem.

Critério racial

O limite da "cota" Enem é de 30% das vagas por curso e turno, como propõe a USP. A sugestão da reitoria não prevê recorte de renda ou raça. Só quatro unidades - USP Leste, Faculdade de Saúde Pública, Instituto de Psicologia e Instituto de Relações Internacionais - preveem separar parte das cadeiras para candidatos pretos, pardos e indígenas.

A Lei de Cotas, que vale desde 2012 para as 63 universidades federais do País, prevê critérios de renda e raça para o preenchimento de vagas. De acordo com especialistas, a falta desses filtros pode atrair para a universidade só a elite da escola pública.

"A USP ainda tem muito a avançar no sentido de adotar cotas raciais e sociais em todos os cursos, tanto no vestibular Fuvest como na nova porta de entrada que é o Enem/Sisu", disseram, em nota, parte dos representantes dos alunos no CO.

Para eles, a mudança encaminhada ao Conselho Universitário ainda é insuficiente. A pró-reitoria já sinalizou que deve fazer o debate sobre cotas raciais, mas apenas para os vestibulares seguintes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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