“As interações sociais dos funcionários com seus gerentes podem ser vantajosas para suas carreiras”, escreveram os autores de estudos defendendo a volta do trabalho em escritórios (Klaus Vedfelt/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 10 de abril de 2023 às 14h51.
Trabalhadores no escritório gastam 25% mais tempo em atividades de desenvolvimento de carreira do que seus colegas remotos, de acordo dados de uma equipe de economistas que analisaram o trabalho em casa desde o início da pandemia.
Quem trabalha no escritório dedica cerca de 40 minutos a mais por semana para orientar outras pessoas, quase 25 a mais em treinamento formal e cerca de 15 minutos a mais por semana em desenvolvimento profissional e atividades de aprendizado, de acordo com a WFH Research, um grupo que inclui o economista Nicholas Bloom, de Stanford.
Os números, baseados em pesquisas com mais de 2.400 adultos americanos que podem trabalhar de casa, dão suporte quantitativo a CEOs como o do JPMorgan, Jamie Dimon, e James Gorman, do Morgan Stanley, que afirmaram que os funcionários — especialmente os mais jovens — precisam estar no local de trabalho com mais frequência para aprender e se desenvolver ao lado de colegas mais experientes.
Os bancos de Wall Street estiveram na vanguarda de campanhas corporativas para trazer os trabalhadores de volta aos escritórios com mais frequência, mas esses esforços colidiram com as demandas dos funcionários por flexibilidade no que ainda é um mercado de trabalho apertado nos EUA. Isso resultou em uma série de arranjos híbridos.
Os novos números apoiam a mudança para horários de trabalho híbridos, pois os trabalhadores “precisam de alguns dias por semana para orientar e serem orientados”, disse José Maria Barrero, membro do grupo de pesquisa da escola de negócios ITAM do México.
Enquanto os chefes defendem o valor da orientação pessoal e do desenvolvimento profissional, eles têm pouco para apoiar seus argumentos além de vagas referências ao poder dos chamados “momentos de bebedouro” quando os funcionários se conectam espontaneamente para compartilhar ideias e conselhos.
Agora eles têm os dados do WFH, juntamente com dois novos trabalhos de pesquisa: Um deles, The Power of Proximity (O Poder da Proximidade), argumenta que trabalhar no mesmo prédio “tem um efeito descomunal” no treinamento dos funcionários.
Esse efeito é ainda mais significativo para os trabalhadores mais jovens, de acordo com o estudo, de autoria das economistas:
“Trabalhadores mais velhos que não voltam ao escritório podem reduzir o acúmulo de habilidades dos trabalhadores mais jovens”, escreveram as economistas, que estudaram mais de 1.000 engenheiros de software entre agosto de 2019 e dezembro de 2020.
“Isso pode ser particularmente importante porque os jovens trabalhadores aprendem mais no trabalho, se beneficiam mais da proximidade e são muito mais propensos a desistir quando a proximidade é perdida.”
O segundo estudo, de Zoe Cullen da Harvard Business School e Richard Perez-Truglia da Universidade da Califórnia em Berkeley, concluiu que quando os funcionários têm mais interações face à face com seus gerentes, são promovidos a uma taxa maior.
“As interações sociais dos funcionários com seus gerentes podem ser vantajosas para suas carreiras”, escreveram os autores, e esse fenômeno poderia explicar um terço da discrepância de gênero nas promoções na grande empresa financeira que estudaram.