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Mais mulheres nos conselhos impulsionam o desempenho das empresas, aponta estudo

Relatório da Bloomberg Intelligence destaca que empresas com mais diversidade de gênero oferecem maiores retornos aos acionistas e enfrentam menos volatilidade nos mercados emergentes

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 10 de dezembro de 2024 às 10h03.

O aumento da presença feminina nos conselhos corporativos está transformando a dinâmica das empresas globais. Segundo um relatório da Bloomberg Intelligence divulgado na segunda-feira, 9, as empresas mais diversas em termos de gênero entregaram melhores retornos aos acionistas e registraram menor volatilidade nos mercados emergentes.

O estudo revelou que as mulheres representavam 26% dos conselhos em 2023, mais que o triplo dos 9% registrados em 2010. Esse avanço é atribuído a regulamentações em várias partes do mundo, incluindo Europa, Estados Unidos e Ásia, que impulsionam a inclusão de mulheres nas altas lideranças.

“As empresas no topo dos rankings de diversidade de gênero nos mercados desenvolvidos ofereceram retornos entre 2% e 5% superiores às com menor diversidade”, destacou o relatório. Nos mercados emergentes, as empresas mais diversas apresentaram volatilidade de 2% a 6% inferior às que estão atrás nesses indicadores.

Avanços e desafios na inclusão feminina

Embora o progresso tenha sido significativo, ainda há desafios. Nos Estados Unidos, as mulheres ocupam, em média, 35% dos assentos nos conselhos das empresas listadas no índice S&P 500. Na Europa, onde cotas obrigatórias são mais comuns, essa participação ultrapassa 40% em alguns países.

No entanto, a presença feminina em cargos executivos de alta liderança ainda é limitada. Mulheres representam menos de 10% dos CEOs das empresas do S&P 500, embora estejam melhor posicionadas em cargos de diretoria financeira, segundo o estudo. Mesmo assim, os homens ainda as superam em número nesses papéis por uma margem de cinco para um.

A Bloomberg Intelligence projeta que a paridade de gênero nos conselhos será alcançada em mercados ocidentais antes da próxima década. Contudo, a tendência de "overboarding" — quando as mesmas mulheres ocupam vários conselhos simultaneamente — é uma preocupação crescente na Ásia, Europa e Estados Unidos.

Falta de apoio contra diversidade pode frear avanços

Um dos maiores obstáculos para a continuidade do progresso em diversidade é a resistência crescente a programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), especialmente nos Estados Unidos. O presidente eleito Donald Trump prometeu limitar iniciativas voltadas para a inclusão em sua administração, o que poderia impactar diretamente a evolução da representatividade feminina.

Além disso, a pressão nas redes sociais tem levado empresas a reconsiderar políticas de inclusão, mesmo sem ações governamentais diretas. “Seja por motivos éticos ou financeiros, a diversidade tem mostrado um impacto positivo no desempenho empresarial. Ignorar isso é arriscar deixar oportunidades na mesa”, afirmou Adeline Diab, estrategista-chefe de ESG da Bloomberg Intelligence, em entrevista.

Com novas exigências de diversidade sendo implementadas em regiões como Hong Kong, União Europeia e Japão até 2030, o futuro aponta para maior inclusão. Ainda assim, o equilíbrio entre quantidade e qualidade será crucial para manter os ganhos conquistados.

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