Safra na Avenida Paulista, em São Paulo: salário dos trainees é de R$ 6,8 mil - um dos maiores do mercado, segundo o banco (Dado Galdieri/Bloomberg)
Claudia Gasparini
Publicado em 24 de outubro de 2017 às 06h00.
Última atualização em 24 de outubro de 2017 às 06h00.
São Paulo — Com salário de 6.800 reais por mês, os trainees do Banco Safra são os mais bem remunerados do Brasil, segundo o site Love Mondays. A empresa paga mais que o dobro da remuneração média para a função no país, que gira em torno de 3,1 mil reais.
Os benefícios ainda incluem participação nos lucros e nos resultados como adicional ao salário e ao 13º, além de um incentivo de 20 mil reais se o jovem é aprovado no programa, que é um dos mais buscados (e concorridos) do mercado.
No entanto, a robusta contrapartida financeira não é o único atrativo do programa, afirmam fontes oficiais do banco em entrevista ao site EXAME.
A interação direta, constante e permanente com executivos do banco e o sistema personalizado de job rotation também ajudam a atrair milhares de candidatos todos os anos.
Para se diferenciar dessa concorrência massiva, é preciso ter, nas palavras da empresa, “uma ótima formação acadêmica, alguma experiência profissional e muita iniciativa”.
Uma grande variedade de cursos é aceita: administração, arquitetura, ciências atuariais, ciências contábeis, direito, economia, engenharia, estatística, física, psicologia, relações internacionais, matemática, sistemas de informação e ciências da computação são alguns exemplos.
Embora a solidez da formação acadêmica seja um fator essencial para se dar bem na seleção, o “pedigree” da faculdade não importa tanto. “A instituição em que o candidato estudou é uma referência forte, mas não a única”, diz o Safra.
De forma mais ampla, o desempenho no curso, sua vivência em estágios ou empregos efetivos, bem como sua postura nas dinâmicas de grupo e entrevistas presenciais compõem a escolha dos finalistas.
Ter uma pós-graduação no currículo, completa ou não, integra o processo de decisão, mas não é considerado decisivo para a escolha. O mesmo vale para experiências internacionais: elas são vistas como um dado relevante no conjunto de experiências do candidato, mas não configuram um fator restritivo para o processo de seleção.
O candidato deve ter, no mínimo, nível intermediário de inglês, mas o banco afirma que “quanto mais preparado [no idioma] estiver o candidato, maior a oportunidade de ser selecionado”.
Já as competências comportamentais mais decisivas para a aprovação são comprometimento, resiliência, adaptabilidade e dedicação ao trabalho.
“O programa não busca os executivos do futuro, porque isso é uma consequência”, afirma a empresa a EXAME. “Queremos os melhores profissionais do presente, e o candidato deve entender que, para alcançar uma posição de executivo no futuro, deve primeiro construir uma carreira sólida e consistente”.
Formada em administração de empresas pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) em 2016 e mestranda em gestão internacional pela mesma instituição, Isadora Seixas será alocada na área de serviços de cash management ao final do programa de trainee do Safra.
Tanto para a graduação quanto para a pós-graduação, a jovem foi bolsista — no primeiro caso por renda e colocação no vestibular, e no segundo por desempenho durante a graduação.
Além do forte histórico acadêmico, ela tem inglês fluente e espanhol intermediário, mas nunca fez intercâmbio. Sua principal experiência internacional foi representar a FGV durante dez dias em um evento acadêmico em Portugal.
O alto nível da concorrência no processo seletivo do Safra chamou sua atenção. “O maior desafio é se destacar em meio a tanta gente qualificada e com experiências profissionais interessantes”, explica.
Para se diferenciar, Isadora apostou na importância que os examinadores dão à afinidade cultural entre o candidato e a instituição.
”Procurei manter a calma e responder às perguntas com seriedade e firmeza, abordando experiências que o Safra valoriza sem deixar, obviamente, de ser eu mesma”, conta ela. “Pode parecer clichê, mas acredito que, se você se identifica com a cultura da empresa logo de início, tudo fica natural”.
Seu conselho para jovens que sonham com a aprovação é conhecer o posicionamento do banco para confirmar seu interesse em fazer carreira lá. O ideal é pesquisar o máximo possível sobre a inserção da empresa no mercado e se fazer a seguinte pergunta: você realmente tem o estilo do Safra?
“Se você tem um perfil ‘mão na massa’ e se identifica com uma instituição tradicional, familiar e extremamente reconhecida no mercado, tem o perfil certo para trabalhar aqui”, resume Isadora.
Ao ser aprovado, o trainee do Safra não ingressa em um programa de treinamento, mas de ambientação. Para cada posição é elaborado um processo específico, no qual o jovem se envolve com a rotina das áreas ligadas ao cargo que vai ocupar no futuro.
A primeira etapa é a mesma para todos os trainees: um curso sobre mercado financeiro. Essa formação é complementada por um período de experiência nas áreas comercial e operacional das agências do banco.
No restante dos 9 meses de duração do programa, o jovem passa por um job rotation personalizado e tem acesso constante a todos os executivos do grupo, além de participar de seminários, palestras e projetos especiais.
Ao fim desse processo, o trainee se torna funcionário efetivo na área que escolheu no início do programa e pela qual foi aprovado.
A próxima seleção deve ser lançada entre setembro e outubro de 2018. Mais informações estão no site oficial do programa.