Brasil Foods: setor de alimentos cresce impulsionado pela classe C. Empresa tem 6 018 vagas em todo o país (Joel Rocha/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 23 de julho de 2013 às 14h05.
São Paulo - No Sul, a classe C ganhou 5 milhões de novos integrantes de 2005 para cá, parcela da população que passou a consumir produtos aos quais não costumava ter acesso diário, como sucos industrializados e, principalmente, carne e iogurte.
A alta demanda por proteína, para usar uma expressão do presidente do conglomerado catarinense Brasil Foods (BRF), José Antonio do Prado Fay, elevou o patamar de vendas das empresas de alimentos da região. Com isso, cresceu também a oferta de trabalho. A região soma 33 803 vagas. “A perspectiva para este ano é ter um grande número de vagas abertas”, diz o executivo.
Serão exatamente 6 018 novos empregos em todo o país. Desse total, 2 722 vagas estão distribuídas entre as 37 unidades de produção localizadas em pequenas cidades nos três estados da região — 18 no Rio Grande do Sul, 12 em Santa Catarina e 7 no Paraná. “O maior atrativo oferecido pela companhia é a possibilidade de crescimento na carreira.
Oito em cada dez profissionais que assumiram cargos de gerente ou de diretor no ano passado vieram de dentro de casa”, diz Pérsio Pinheiro, diretor de desenvolvimento organizacional e RH internacional.
A agroindústria sulina é responsável por 31% da produção nacional de leite, 43% de grãos e 44% da carne consumida no país. “Ao mesmo tempo que estão tirando proveito do aumento do consumo interno, as empresas do setor são competitivas o suficiente para continuar exportando mesmo com o real supervalorizado”, diz o professor Carlos Paiva, da Fundação de Economia e Estatística (FEE), do Rio Grande do Sul.
Os grandes varejistas da região também estão se beneficiando do bom momento econômico. O Grupo Angeloni, rede varejista catarinense, com faturamento de 1,8 bilhão de reais em 2010, pretende abrir 997 postos de trabalho este ano. Metade das oportunidades está relacionada à inauguração de novas lojas em Santa Catarina (Biguaçu e Balneário Camboriú) e no Paraná.
“O varejo está mais profissionalizado e já oferece perspectivas de carreira tão promissoras quanto a indústria e o setor financeiro”, diz Alvaro Cordeiro, diretor de RH e desenvolvimento organizacional do Angeloni.
Outro segmento em franca expansão é o de vestuário. A gaúcha Renner, segunda maior rede de lojas de departamentos do país, deve abrir 1 885 vagas nos próximos 12 meses. Apenas 295 delas estão no Sul, pois a rede já tem presença consolidada no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná.
A maioria das contratações ocorrerá no Sudeste e no Nordeste. “A característica que consideramos essencial para candidatos em todo o país é o prazer em lidar com o público. Por isso a seleção prioriza características comportamentais”, diz Clarice Martins Costa, diretora de RH. Uma vez contratado, o novo funcionário passa por um extenso e permanente processo de treinamento na universidade corporativa — a média no ano passado foi de 144 horas por colaborador.
Telecomunicação em alta
O setor de telecomunicações promete ser outro grande recrutador no Sul em 2011. A GVT, operadora de telefonia e banda larga sediada em Curitiba, planeja abrir 1 718 novas vagas ao longo do ano, sendo 1 125 delas na região, responsável por 48% do faturamento. A companhia, que já está presente em 18 unidades da federação, cresceu 40% em 2010 e pretende repetir o percentual este ano. “O call center é a grande porta de entrada para fazer carreira aqui dentro, pois acompanhamos de perto o desempenho de todos”, diz o vice-presidente jurídico e de recursos humanos, Gustavo Gachineiro. No ano passado, um em cada quatro funcionários foi promovido para um cargo mais alto.
Mercado aquecido e disputa por mão de obra cada vez mais acirrada têm feito as empresas da região Sul recorrer a expedientes não convencionais para encontrar gente capacitada. A BRF, por exemplo, adotou uma estratégia de recrutamento itinerante: equipes do setor de RH percorrem, a bordo de um ônibus especialmente preparado para a missão, as cidades em um raio de 100 quilômetros ao redor da unidade produtiva com vagas em aberto.
Além disso, a empresa conta com as indicações dos funcionários. “Cerca de 20% das contratações vêm do programa interno Eu Recomendo, que distribui brindes para quem apresenta um bom candidato”, diz Pérsio Pinheiro, executivo de RH. As outras companhias citadas têm canais de recrutamento online. Os empregadores garantem que checam regularmente os currículos que chegam pela internet. Portanto, mesmo que você não conheça um profissional dessas empresas, vale consultar a web.