Carreira

Maioria dos funcionários não deseja total autonomia no trabalho, diz CEO do Airbnb

Para Brian Chesky quem realmente quer autonomia deve iniciar sua própria empresa. Entenda o que isso pode significar

Brian Chesky, CEO do Airbnb, defende a ideia de que a autonomia total não é desejada pela maioria dos trabalhadores e sugere que empreendedores busquem maior independência criando suas próprias empresas. (Jessica Chou/Divulgação)

Brian Chesky, CEO do Airbnb, defende a ideia de que a autonomia total não é desejada pela maioria dos trabalhadores e sugere que empreendedores busquem maior independência criando suas próprias empresas. (Jessica Chou/Divulgação)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 14 de novembro de 2024 às 10h44.

Brian Chesky, CEO do Airbnb, acredita que a busca dos funcionários por autonomia completa no trabalho é, na prática, um desejo menos comum do que se afirma. Em uma entrevista recente para a revista Fortune, Chesky explicou que, apesar de muitos expressarem o desejo por liberdade no ambiente corporativo, suas ações frequentemente demonstram que preferem trabalhar de forma integrada com a equipe.

O conceito de “modo fundador”, um estilo de liderança mais prático e envolvido no dia a dia do negócio, foi discutido na entrevista. Inspirado pelo próprio Chesky, o termo foi popularizado pelo cofundador da Y Combinator, Paul Graham, que o definiu como um modelo onde o líder atua diretamente nos processos diários, em vez de delegar tudo, como é comum em ambientes corporativos. Chesky acredita que, embora as pessoas valorizem a autonomia, a maioria deseja, na verdade, trabalhar em uma estrutura organizada e integrada.

“Eles dizem que querem autonomia, mas suas ações não dizem a mesma coisa”, afirmou Chesky. Ele destacou que o conceito de autonomia no trabalho, segundo o qual cada funcionário tem um orçamento próprio, pode contratar equipes e tomar decisões independentes, é pouco aplicável no contexto corporativo moderno. A realidade organizacional, segundo ele, envolve processos colaborativos que exigem coordenação entre diversas áreas, como jurídico, financeiro e tecnologia.

Autonomia como um mito no mundo corporativo

Para Chesky, o desejo por autonomia reflete, na verdade, uma busca por empoderamento. “As pessoas querem tomar decisões de forma independente, mas não querem se sentir desconectadas da equipe”, disse. Ele observou que retenção e engajamento dos funcionários aumentam quando há colaboração e integração entre colegas. De acordo com o CEO, o que os trabalhadores realmente desejam é a possibilidade de tomar decisões, mas sem abrir mão do trabalho em equipe.

Chesky ressaltou que aqueles que realmente buscam liberdade total talvez estejam mais bem posicionados para abrir suas próprias empresas. “Para quem quer ser autônomo, o melhor é criar a sua própria empresa”, afirmou. Ele compartilhou sua experiência ao fundar o Airbnb em 2007, explicando que sempre esteve diretamente envolvido nos detalhes e na visão do negócio. Chesky afirmou que ainda hoje atua como “editor-chefe” da empresa, revisando projetos antes de serem lançados e mantendo proximidade com a equipe, o que, para ele, define o modo fundador.

O CEO do Airbnb mencionou também outros líderes que ele considera ícones do estilo fundador, como Steve Jobs, Walt Disney, Jensen Huang e Elon Musk. Segundo Chesky, esses executivos exemplificam o modelo de liderança em que o fundador define tanto a visão quanto o ritmo da empresa.

Ele fez questão de esclarecer, contudo, que estar próximo dos detalhes do trabalho dos funcionários não é o mesmo que microgerenciar. Em vez disso, ele recomenda que líderes estejam disponíveis para trabalhar junto com suas equipes na resolução de problemas, sem ditar diretamente o que cada um deve fazer. Para ele, isso permite que líderes ofereçam suporte sem sufocar a autonomia dos colaboradores.

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