Licença-paternidade (Halfpoint/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 8 de junho de 2019 às 14h00.
Última atualização em 8 de junho de 2019 às 14h00.
Algumas das normas mais antigas do ambiente de trabalho no Japão começam a ser questionadas. A esposa de um funcionário de uma empresa provocou polêmica ao tuitar que seu marido foi punido por ter tirado licença-paternidade.
A Kaneka, uma empresa conhecida no setor químico do Japão, é acusada de ter obrigado o empregado a se mudar para o outro lado do país apenas alguns dias depois de ter voltado ao trabalho após o nascimento do segundo filho.
Em uma série de tuítes que se tornaram virais esta semana, a esposa reclamou dizendo que seu marido estava sendo "usado como exemplo" pela empresa. Apesar das recentes tentativas do governo de mudar certos padrões, a licença-paternidade ainda é pouco usada no Japão. O funcionário, que tem dois filhos, decidiu pedir demissão depois de não ter conseguido convencer a empresa a reconsiderar sua transferência.
A Kaneka negou qualquer irregularidade em comunicado na quinta-feira, 6, dizendo que não há "absolutamente nenhuma verdade" nos relatos nas redes sociais de que o funcionário teria sido obrigado a pedir demissão.
"Acreditamos que a forma como lidamos com a transferência e saída do ex-funcionário foi apropriada", disse a Kaneka. "Continuaremos a levar em consideração as necessidades da empresa e de nossos funcionários para obter um equilíbrio entre vida pessoal e profissional."
A transferência é uma prática comum em empresas japonesas, onde funcionários podem ser transferidos para diferentes partes do país ao longo dos anos, às vezes desestruturando famílias ao obrigar os membros a viverem separados. Essa prática é conhecida como "tanshin funin", na qual um dos parceiros - geralmente o marido - mora sozinho no local temporário, enquanto a esposa permanece na casa da família.
Enquanto a maioria das empresas oferece subsídios para ajudar a lidar com essas mudanças, o benefício também pode ser visto como uma troca implícita sob a promessa de emprego vitalício.
A licença-paternidade, por outro lado, ainda é incomum. Apenas 6,2% dos pais tiraram licença após o nascimento dos filhos, segundo uma pesquisa do governo de 2018, apesar da meta oficial de aumentar essa parcela para 13% até 2020.
Embora a esposa, que tuitou com o nome de usuário @papico2016, não tenha identificado a Kaneka pelo nome, uma referência irônica ao slogan da empresa de usar a ciência "para tornar sonhos realidade" rapidamente revelou o segrego. A família comprou uma casa recentemente, e seu marido cuidará das crianças depois que ela retornar ao trabalho após a licença-maternidade, disse.
O funcionário foi notificado da transferência três semanas antes da mudança, com maior antecedência do que a maioria, segundo a Kaneka. "Temos muitos funcionários com condições familiares especiais, como criar os filhos e outras tarefas de cuidados, e, portanto, não podemos dar tratamento preferencial a pessoas em licença para cuidar dos filhos", disse o comunicado.
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