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Liderança feminina cria empresas mais orgânicas, diz Luiza Trajano

Em um painel promovido pela Unilever, a empresária defendeu a intuição feminina e a empatia nos negócios

Luiza Trajano: "Eu trabalhei muito tempo na ponta, no balcão. E ali aprendi a ter empatia" (Lailson Santos/Divulgação)

Luiza Trajano: "Eu trabalhei muito tempo na ponta, no balcão. E ali aprendi a ter empatia" (Lailson Santos/Divulgação)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 12 de novembro de 2020 às 20h16.

Para Luiza Trajano, as empresas que têm conseguido se dar bem durante a pandemia do novo coronavírus são as que têm conseguiram se adaptar, reagir rápido e lidar com a imprevisibilidade, características que ela chama de "orgânicas" e que são características femininas. 

Em um painel promovido pela Unilever, chamado de Repense o Futuro, a empresária e presidente do Conselho de Administração do Magazineluiza, falou sobre liderança, igualdade de gênero e das habilidades que todo líder deve ter. Entra elas, está a empatia

"Eu trabalhei muito tempo na ponta, no balcão. E ali aprendi a ter empatia. A  trocar de papel com o outro e ir para o mundo do outro. Eu tinha clientes muito simples. Então ou eu trocava de lugar com ele, aumentava meu nível de consciência para vender bem, ou perderia ele."

Empresas mecânicas e orgânicas

Ao ser questionada sobre a diferença entre a liderança masculina e feminina, Luiza destacou que as características femininas ajudam as empresas a serem menos "mecânicas",.

"A pandemia acelerou processos e as empresas que se deram bem foram as que conseguiram fazer isso de forma orgânica. E o que tem de mais orgânico do que a personalidade da mulher? Não é por acaso que elas se dão bem na liderança. Eu por exemplo sou uma liderança bastante feminina. Eu intuo, eu falo que eu não sei."

Intuição

Além da empatia, Luiza afirma que líderes femininas têm intuição forte, e que isso é bom para os negócios. No painel realizado pela Unilever, ela comentou que as pessoas não davam muita atenção para sua intuição no passado, mas que hoje param para ouvir.

"Eu acho que a mulher foi mais preparada para esse tipo de empresa orgânica, que surge na pandemia. Mas isso não quer dizer que um homem não possa ter isso tbm. Eu acredito na junção do masculino com o feminino"

Racismo estrutural

Em setembro, após o Magazineluiza anunciar que seu programa de Trainee de 2021 seria apenas para negros, a empresa sofreu diversos ataques redes sociais, sendo acusada de fazer racismo reverso.

Na época, a Defensoria Pública da União entrou com uma ação civil pública na Justiça do Trabalho contra o que chamou de “marketing de lacração” da empresa, mas o programa foi mantido, apesar da comoção pública.

"No começo veio muita agressividade, pessoas falando em racismo reverso. Nos primeiros dias eu até levei em conta os comentários educados, mas não entrei nas agressividades. Quem te irrita, te domina", conta Luiza. "Eu descobri em mim o racismo estrutural, ao ver que não tinha negros no meu círculo social".

Luiza contou que a empresa decidiu fazer o Trainee  depois de dados mostrarem que apenas 16% dos cargos de liderença eram compostos por negros.

"O que a gente aprendeu com isso? Eu tenho falado para todo mundo que nós precisamos fazer um processo educativo do que é o racismo estrutural." 

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