A prática de contratar profissionais mais jovens e menos experientes tem ganhado espaço em setores como tecnologia, marketing e até áreas mais tradicionais como finanças (Thinkstock/Tijana87/Divulgação)
Redação Exame
Publicado em 23 de setembro de 2024 às 19h27.
Última atualização em 23 de setembro de 2024 às 19h28.
Por Diego Cidade, fundador da Academia do Universitário
Nos últimos anos, a “juniorização” dos cargos tem se tornado uma prática comum em diversas empresas. A ideia de contratar talentos mais jovens e menos experientes, geralmente para cortar custos, tem sido uma estratégia amplamente adotada.
E, vamos ser honestos, em tempos de margens apertadas, isso parece tentador, certo?
No entanto, essa tendência traz consigo um conjunto de desafios que, se não forem bem gerenciados, podem custar caro à empresa. A falta de experiência em áreas críticas pode levar à perda de produtividade, erros estratégicos e até à alta rotatividade de pessoal.
Estagiários como pessoas essenciais para a empresa sobreviver não é o melhor a se fazer. Por outro lado, investir nesses talentos juniores pode ser uma oportunidade de ouro para moldar futuros líderes e trazer inovação.
Então, a pergunta que fica é: como equilibrar o custo de contratar jovens talentos com o investimento necessário para prepará-los?
A prática de contratar profissionais mais jovens e menos experientes tem ganhado espaço em setores como tecnologia, marketing e até áreas mais tradicionais como finanças.
O motivo? Custos mais baixos, flexibilidade e a promessa de inovação. Mas é importante lembrar: um time majoritariamente júnior pode ter dificuldades em lidar com questões complexas ou situações que exigem uma visão estratégica mais ampla.
Empresas que optam pela juniorização podem estar caindo na armadilha de acreditar que qualquer tarefa pode ser aprendida “no caminho”. E sim, muitos talentos juniores aprendem rápido, mas será que estão prontos para lidar com as decisões estratégicas de uma empresa?
Contratar apenas profissionais juniores pode, inicialmente, parecer uma boa estratégia financeira, mas o risco de sobrecarregar esses jovens talentos é real. O que acontece quando um jovem talento é exposto a situações que exigem experiência e uma visão mais ampla?
A falta de uma estrutura sólida de mentoria e desenvolvimento pode levar à frustração tanto do colaborador quanto da empresa.
Outro problema comum é a alta rotatividade. Muitos desses profissionais ainda estão descobrindo suas áreas de atuação e, por isso, podem pular de uma oportunidade para outra em busca de crescimento rápido ou melhores condições. Isso resulta em maior custo com novas contratações e perda de conhecimento acumulado.
Agora, não vamos ignorar o outro lado da moeda. Investir em jovens talentos tem seus grandes méritos, não é à toa que eu mesmo falo sobre isso nas minhas redes de maneira geral. Eles trazem uma mentalidade nova, com uma capacidade de adaptação absurda, além de estarem sempre antenados nas tendências tecnológicas e digitais.
Esse grupo é naturalmente criativo, inquieto e está disposto a experimentar novas soluções. Se você oferecer o suporte adequado – como treinamentos, programas de mentoria e um ambiente de aprendizado contínuo – pode moldar esses talentos para se tornarem verdadeiros ativos estratégicos. Eles têm fome de aprendizado, e essa fome, quando bem direcionada, pode gerar resultados transformadores para a empresa.
A chave para transformar a juniorização em uma vantagem competitiva é encontrar o equilíbrio certo. Equipes que combinam jovens profissionais com talentos mais experientes costumam ter os melhores resultados. O profissional sênior oferece a base, o conhecimento acumulado e a visão de longo prazo, enquanto o jovem talento traz frescor, inovação e uma abordagem nova para velhos problemas.
Além disso, o aprendizado intergeracional, onde os mais jovens aprendem com os mais experientes (e vice-versa), cria um ciclo virtuoso de troca de conhecimento. Profissionais juniores podem aprender sobre estratégias de longo prazo, enquanto os seniores podem ganhar novas perspectivas sobre as últimas tendências e tecnologias.
A juniorização pode ser uma escolha estratégica e inteligente para empresas que sabem o que estão fazendo. Mas, para colher os frutos dessa decisão, é fundamental ter um plano robusto de desenvolvimento e suporte para esses profissionais.
Com um equilíbrio entre juventude e experiência, as empresas podem garantir inovação, produtividade e um ambiente de trabalho dinâmico.
Afinal, o futuro de qualquer empresa depende de sua capacidade de atrair e desenvolver novos talentos, mas sem deixar de lado a importância da experiência e da maturidade. O segredo está no equilíbrio constante.