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Da Redação
Publicado em 7 de junho de 2013 às 15h24.
São Paulo - Professor de gestão e organizações na Ross School of Business, escola de negócios da Universidade de Michigan, e consultor de presidentes de grandes empresas, Noel Tichy é especialista em liderança. Nos anos 80, foi diretor do centro de formação de gestores na GE, em Crotonville, e ajudou a formar executivos que hoje presidem grandes corporações.
Tem três de seus livros traduzidos para o português: Feitas para o Sucesso, O Motor da Liderança e Decisão. Em março, Noel veio ao Brasil, a convite da HSM, e falou à VOCÊ S/A.
VOCÊ S/A - Qual é a diferença entre decisão e julgamento? Por que fazer essa distinção?
Ao pesquisar sobre o assunto, eu e meu colega Warren Bennis, que escreveu o livro em parceria comigo, percebemos que decisão não era a melhor palavra. Em algum momento alguém terá de fazer um juízo sobre aquele assunto, para então tomar uma decisão. Julgar é mais importante que decidir.
VOCÊ S/A - Qual o seu conselho para quem precisa decidir, mas não dispõe de tempo?
As grandes decisões nunca são feitas em cinco minutos. A estratégia de uma empresa não é concebida em um período tão curto. Durante crises, o tempo é limitado, mas, se o executivo tem o direcionamento da companhia, se há valores, ideias e motivação, a probabilidade de decidir bem é grande.
VOCÊ S/A - Uma decisão tomada em cinco minutos só será acertada se você tiver um bom time e uma boa estratégia por trás. O que um líder deve fazer para que sua equipe tenha um bom julgamento?
Ele deve transmitir os valores da empresa para sua equipe. Se o grupo possui as mesmas bases de valor de seu gestor, mesmo com pouco tempo, todos terão a intuição alinhada para analisar e fazer um bom julgamento.
Logo, uma boa decisão será tomada. É necessário ter uma base com valores, ideias e uma visão de motivação para tomar boas decisões. Se existe a certeza de que as pessoas envolvidas no processo têm valores fixos e a certeza que mobilizarão pessoas, então é possível ter um bom julgamento.
VOCÊ S/A - Como se forma o processo de decisão dentro de uma empresa?
Dentro de uma companhia, tudo começa no líder, que tem a si mesmo para tomar uma decisão. Depois dele, tem sua equipe, que pode ajudá-lo a tomar uma boa decisão. No terceiro nível estão a gestão da organização e como ela dá suporte à decisão.
O último nível está relacionado às pessoas que estão no entorno da organização e o apoio que elas dão à decisão. Mas tudo começa com ideias, valores e motivação, que influenciam o indivíduo, depois o time, e assim por diante.
VOCÊ S/A - O que um profissional deve levar em conta para fazer bons julgamentos?
Não há fórmulas. Você pode unir tudo o que lhe foi ensinado no MBA e isso não trará uma resposta. É preciso, antes de mais nada, fazer o julgamento.
As decisões são boas quando os princípios básicos são levados em conta. Entenda o que a empresa faz e conheça, com clareza, os valores e a cultura dela. Ideias, valores e noção da amplitude da ação são pilares fundamentais a serem levados em conta no momento do julgamento.
VOCÊ S/A - Como evitar erros na hora de decidir?
É preciso treinar o momento de decidir como os esportistas, que treinam desde pequenos. Como as companhias necessitam formar líderes em todos os níveis, oportunidades devem ser criadas para que pessoas em qualquer cargo consigam fazer um bom julgamento.
Porém, elas têm de saber conviver com as consequências, aprender com os sucessos e com os fracassos, que provavelmente vão ocorrer com mais frequência.
VOCÊ S/A - Um de seus livros tem como título Controle seu Destino ou Alguém o Controlará. Isso é um tipo de decisão de carreira?
Acredito que é do ser humano saber onde colocar as energias da vida. Também é uma forma de julgamento.
Se você julga estar fazendo um ótimo trabalho, se julga contribuir de forma exemplar e percebe que está frustrado e não acredita em seu chefe, tome a decisão de pegar suas habilidades e ir para outro lugar. Mas, se você acredita que as pessoas que estão acima são boas e precisam de você, então escolha ficar.