Engenheiros: pesquisa mostra os 100 empregadores ideais segundo estudantes de engenharia (Ueslei Marcelino/Reuters/filtro/Reuters)
Camila Pati
Publicado em 1 de agosto de 2017 às 06h00.
Última atualização em 1 de agosto de 2017 às 09h01.
São Paulo – De 2014 para cá, o número de estudantes brasileiros de engenharia que enxergam na Petrobras a empregadora ideal vem caindo, mas não o suficiente para que ela deixe o posto de empresa mais desejada pelos futuros engenheiros brasileiros.
A pesquisa anual da consultoria Universum, publicada com exclusividade por EXAME.com, mostra que, dos 20.310 estudantes de engenharia entrevistados em mais 130 faculdades do Brasil, 28,6% citam a Petrobras como a empresa em que mais gostariam de trabalhar.
Em 2014, o percentual era bem maior e a empresa reinava absoluta no imaginário dos futuros engenheiros: 42,8% dos 15 mil estudantes diziam que a estatal era a empregadora ideal. Vale lembrar que desde 2010, quando a consultoria começou a fazer a pesquisa no Brasil, a Petrobras está no topo do ranking.
Mesmo apresentando essas estatísticas que provam a queda da atratividade da Petrobras, o diretor da Universum recebe o “hepta” da Petrobras com certa surpresa, assim como o terceiro lugar do ranking, que ficou com a Odebrecht, outra empresa atolada nos escândalos de corrupção, desvendados pela operação Lava-Jato.
“É especialmente desafiador entender já que essas empresas estão no centro da pior recessão já atravessada pelo país. Brasil está agora 8% menor do que estava em dezembro de 2014 e as taxas de desemprego são as piores em 20 anos”, afirma.
A crise, aliás, pode ter influência na manutenção do primeiro lugar para a Petrobras e do segundo para o Governo Federal. A pesquisa mostra que a estabilidade (e segurança) no emprego é um atributo de carreira que perde em importância apenas para o equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional, na opinião dos mais 67 mil jovens que participaram da pesquisa, aí também inclusos os estudantes de engenharia.
Procurada, a Petrobras não destacou um porta-voz para comentar o resultado da pesquisa, mas vale destacar que os benefícios, por exemplo, a que funcionários têm direito são bastante atrativos: plano de saúde (médico, odontológico, psicoterápico e benefício-farmácia), plano de previdência complementar, licença-maternidade de 180 dias, benefícios educacionais para filhos, da creche ao ensino médio (reembolso com despesas escolares).
Daniel Villar, responsável por planejamento e pessoas da Odebrecht SA, diz que a pesquisa da Universum corrobora uma percepção interna na empresa. “Apesar da crise da reputação que sofremos nos últimos dois anos, a gente continua observando que o interesse em trabalhar na empresa não diminuiu. Os estudantes de engenharia ainda enxergam que a empresa tem um bom ambiente para o primeiro emprego”, diz o executivo.
Segundo ele, as oportunidades de desenvolvimento profissional, a quantidade de desafios e a possibilidade de experiência internacional são os principais atrativos da Odebrecht para os estudantes. A última seleção para o programa de estágio de férias da empresa, por exemplo, recebeu mais 20 mil inscrições.
“O que os jovens nos dizem é que conseguem separar a empresa das pessoas que tomaram as decisões erradas”, diz Villar destacando também a Odebrecht já fez a troca de gestão.
Os estudantes Agnes Brasil, de 21 anos, e Gabriel de Assis, de 24 anos, dois dos aprovados no concorrido processo seletivo, fazem essa distinção e contam que as oportunidades de desenvolvimento oferecidas falam mais alto do que qualquer crise de imagem.
“As pessoas que estão trabalhando aqui estão comprometidas em dar o melhor, não estão envolvidas em jogos políticos. Quem errou já está sendo punido”, diz Agnes, estudante do quarto ano de engenharia civil da Poli USP interessada em seguir carreira na área de infraestrutura.
A futura engenheira garante que não se arrepende de colocar a empresa em sua carteira de trabalho. “É uma empresa muito importante para o Brasil, já fez várias obras que melhoraram a qualidade de vida dos brasileiros”, diz a estudante foi designada para estagiar nas obras de ampliação da estação Santa Cruz do Metrô.
Agnes diz que é comum colegas perguntarem por que ela escolheu trabalhar na Odebrecht, por conta da crise de imagem da empresa. “Claro que ouvi essa pergunta, mas tudo o que aconteceu não tira o brilho. Duvido que iam recusar um estágio aqui”, diz ela que não hesita em dizer que faria carreira na companhia.
Na opinião, Gabriel de Assis, também estudante do quarto ano de engenharia civil só que da Universidade Federal de Viçosa, a Odebrecht continua no imaginário dos futuros engenheiros como ideal para começar a carreira porque oferece um plano robusto de desenvolvimento profissional para os jovens.
“As experiências de quem passou pelo estágio são positivas. A empresa dá valor aos estagiários, tem planejamento completo, você já chega com um cronograma definido para o estágio”, conta o estagiário, que está atualmente trabalhando na Usina do Baixo Iguaçu no estado do Paraná.
No programa de férias, os jovens podem ir trabalhar em obras que estão lugares mais isolados sem prejuízo das atividades acadêmicas, outro ponto forte de atração, segundo Villar.
Gabriel de Assis diz que a imagem arranhada da Odebrecht não atrapalhou na hora de escolher a empresa para trabalhar. “Não fiquei receoso, não tinha outra empresa que estivesse mais focada com plano de estágio”, afirma.
A troca de informações, o apoio a atenção e os ensinamentos que ele recebe dos funcionários da empresa impressionaram Assis.
“Já na primeira semana eu e os outros aprovados ficamos bem surpresos, é muito bom, eles olham para gente como se fôssemos mesmo o futuro da empresa”, diz.
Confira estas e as outras empresas mais citadas pelos estudantes de engenharia como empregadores ideais no começo da carreira, segundo a pesquisa da Universum:
Empregadores ideais, segundo estudantes de engenharia |
---|
1 Petrobras |
2 Governo Federal |
3 Odebrecht |
4 Google |
5 Ambev |
6 Vale |
7 Apple |
8 BMW Group |
9 Embraer |
10 Votorantim |
11 Microsoft |
12 Eletrobrás |
13 Toyota |
14 Volkswagen Group |
15 Camargo Corrêa |
16 Bayer |
17 Nestlé |
18 GM - General Motors |
19 The Coca-Cola Company |
20 General Electric (GE) |
21 Andrade Gutierrez |
22 Honda |
23 Gerdau |
24 Banco do Brasil |
25 HEINEKEN |
26 Ford do Brasil |
27 Monsanto |
28 Bosch |
29 3M |
30 Samsung |
31 Braskem |
32 Intel |
33 Unilever |
34 BASF |
35 Siemens |
36 Natura |
37 Grupo Volvo |
38 Caterpillar |
39 IBM |
40 John Deere |
41 Rede Globo |
42 Netflix |
43 Itaú Unibanco |
44 Facebook |
45 CSN - Companhia Siderúrgica Nacional |
46 Usiminas |
47 Johnson & Johnson |
48 Syngenta |
49 Fiat Group |
50 Sony |
51 Shell |
52 Raízen |
53 ArcelorMittal |
54 TAM-LatAm Airlines |
55 Dell |
56 L'Oréal Group |
57 Suzano Papel e Celulose |
58 WEG |
59 Cargill |
60 Daimler/Mercedes-Benz |
61 Schneider Electric |
62 Banco Bradesco |
63 GOL Linhas Aéreas |
64 Cyrela Brazil Realty |
65 DuPont |
66 PepsiCo |
67 Gafisa |
68 Red Bull |
69 Leroy Merlin |
70 Procter & Gamble (P&G) |
71 Danone |
72 Grupo Boticário |
73 Falconi |
74 Nike |
75 Banco Safra |
76 VLI Logística |
77 Grupo Santander |
78 Mondel?z International |
79 DOW Chemical |
80 brf - Brasil Foods |
81 Kraft Heinz Company |
82 Schlumberger |
83 ABB |
84 JBS |
85 Nubank |
86 McKinsey & Company |
87 The Boston Consulting Group (BCG) |
88 Bain & Company |
89 Lenovo |
90 Philips |
91 Groupe Renault |
92 Ipiranga |
93 Whirlpool |
94 adidas group |
95 Pirelli |
96 Oxiteno |
97 Avon |
98 PwC (PricewaterhouseCoopers) |
99 J.P. Morgan |
100 Bank of America (BofAML) |