Guga Kuerten: "Nosso papel é estar pronto para quando o vento soprar a favor” (Lu Prezia/Divulgação)
Repórter
Publicado em 22 de fevereiro de 2025 às 09h21.
Gustavo Kuerten, o três vezes campeão de Roland Garros, segue como uma das vozes mais relevantes do tênis brasileiro, tanto pelo que representa dentro das quadras quanto pela sua trajetória fora delas. Durante o Rio Open, que acontece nesta semana no Rio de Janeiro, Guga compartilhou suas perspectivas sobre o futuro do esporte no Brasil e o que esperar de sua carreira – seja dentro ou fora das quadras.
"Surpreender e inovar são as palavras que me movem. O tenista precisa buscar soluções a cada instante, e isso vale para todas as áreas da vida”, diz Guga que deixou um legado no tênis brasileiro e há 30 anos empreende ao lado do irmão Rafael Kuerten e da mãe Alice Kuerten.
O futuro do tênis brasileiro para Guga tem nome: João Fonseca. Ele vê Fonseca como um jogador que pode impulsionar o esporte no país, comparando sua ascensão à de outros grandes nomes do circuito.
“João tem um estilo de jogo agressivo e criativo, além de demonstrar uma energia contagiante dentro de quadra. Ele é a minha versão 2.5 e é desengonçadinho que nem eu", brincou Guga. “Mas o cabelo vai ser difícil de igualar”.
À EXAME, Guga Kuerten compartilha suas expectativas com o tênis no Brasil e sobre os próximos passos da sua carreira.
O ex-número um do mundo reconhece que o tênis brasileiro está melhor estruturado do que na época em que ele próprio despontou, com uma confederação mais preparada e um mapeamento mais eficiente de treinadores e jogadores.
“Hoje, o caminho está mais claro para os atletas que querem crescer no esporte. Se soubermos catalisar essa nova geração, teremos uma fase brilhante nos próximos 15, 20 anos”, afirma Guga.
Se dentro das quadras Guga era conhecido por sua criatividade e inteligência tática, fora delas ele continua inovando no mundo dos negócios. O Grupo Guga Kuerten, fundado há 30 anos, consolidou-se em diversas áreas, desde a gestão de carreira esportiva até o segmento de educação e tecnologia.
"O tenista precisa buscar soluções a cada instante, e isso vale para todas as áreas da vida, inclusive para empreender," diz Guga.
Entre os projetos que seguem em expansão, Guga cita a Escola Guga, que cresce no modelo de franquias, aproveitando a crescente popularidade do tênis no Brasil e na formação de jovens tenistas. Além disso, o ex-tenista tem apostado em investimentos no setor de energia sustentável e em startups tecnológicas, especialmente em Florianópolis, onde o ecossistema de inovação está em pleno crescimento. "Recebemos novas ideias constantemente e buscamos entrar nos negócios em estágios mais maduros, como foi com a Genial Investimentos", conta.
Apesar da forte ligação com o tênis, Guga descarta, por ora, a ideia de assumir um papel fixo como treinador. “Talvez, se houver um momento adequado, com convicção e certeza, eu possa pensar nisso, mas hoje, vejo que ainda estou distante desse papel”, diz.
Segundo Kuerten, a relação entre treinador e atleta é uma construção baseada na sinergia, confiança e conhecimento profundo das necessidades do jogador. Ele destaca que o sucesso de Fonseca também se deve ao trabalho de sua equipe técnica e que mudanças precipitadas no comando podem ser prejudiciais.
"O treinador tem um papel crucial e, muitas vezes, se pede uma troca rápida demais. Mas a parceria e a construção desse relacionamento são fundamentais para o crescimento do atleta", afirma.
O legado da carreira de Guga Kuerten vai além das quadras, permeando a educação, o empreendedorismo e o incentivo às futuras gerações do tênis brasileiro. "Nosso papel é estar prontos para quando o vento soprar a favor. O importante é manter os valores, inovar e criar oportunidades para os jovens no Brasil", afirma.