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Da Redação
Publicado em 17 de maio de 2013 às 16h48.
São Paulo - Eles são jovens, empreendedores e queriam ganhar a vida investindo no mercado de entretenimento. Para tirar a ideia do papel, quatro ex-colegas de turma de faculdade juntaram um time de 40 investidores brasileiros e estrangeiros e formaram a primeira empresa de capital fechado de private equity que está levando a gestão aplicada em multinacionais e bancos para o ramo da diversão.
A companhia, que não tem nem 1 ano de vida, fechará 2010 com 18 milhões de reais investidos em dez empreendimentos e em outros que estão sendo selecionados. Eles não dizem quanto têm em caixa, mas afirmam que dinheiro não é problema. "Nossa meta é dobrar de tamanho a cada ano", diz Gustavo Araújo, de 29 anos, sócio e gestor da A.Life Entertainment Group.
Campo para explorar não vai faltar. Ao contrário dos Estados Unidos e países da Europa, a indústria do entretenimento no Brasil ainda não despertou o interesse dos fundos e empresas de private equity, que compram partes minoritárias de outras companhias com o objetivo de melhorar sua gestão e ter maiores retornos financeiros.
Por aqui, investem em TI, na área de saúde e nas pequenas e médias empresas de outros segmentos. A explicação para essa falta de interesse está na pouca profissionalização do setor.
"Mas essa situação deverá mudar. As margens elevadas de lucro e as perspectivas de crescimento com o aumento de renda da população para o setor de entretenimento são fatores que costumam atrair capitais e fundos", diz Haroldo Matos, professor de finanças da Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais. Apenas o cinema conseguiu atrair alguns fundos de investimentos até o momento
Por enquanto, o foco da A.Life são bares, boates, restaurantes e eventos do segmento de luxo. "Depois, poderemos avaliar a entrada nos públicos B e C, mas agora queremos posicionar a marca como um produto premium", diz. Projetos de teatro e audiovisual também estão na mira.
"Nós recebemos alguns na área de cinema e estamos atentos a essa indústria." Entre os projetos dos quais se tornaram sócios estão o Buddha Bar e o clube noturno Kiss and Fly, dois badalados destinos classe A, localizados na Vila Daslu, um dos endereços do luxo de São Paulo.
A empresa também capitalizou o Réveillon Boutique 2011, com atrações internacionais da música eletrônica, programado para acontecer em Florianópolis. Cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Florianópolis e Porto Alegre também estão na lista de prioridade.
A meta é ambiciosa. "Nosso plano é conseguir retorno de 50% do valor investido por ano, e estamos no caminho certo" diz Rachid Sader, de 30 anos, outro sócio e gestor. Uma das estratégias adotadas para bater a meta é a utilização de informações de consumo dos seus quase 40.000 clientes para atrair novos negócios em parceria com fabricantes de produtos de consumo.
Vagas qualificadas
Como nem tudo ocorre exatamente como se planeja, a empresa enfrenta o problema da falta de profissionais qualificados para assumir a função de controller (os responsável pela área financeira) que cada nova operação exige.
“Nós estamos atrás de administradores, economistas e engenheiros interessados em fazer carreira no entretenimento”, diz Alessandro Ávila, de 29 anos, outro sócio e gestor. O pacote inicial de remuneração anual é baixo, em torno de 60 000, mas a possibilidade de se tornar sócio em seis anos com direito a bônus pode ser um atrativo.
A dificuldade para encontrar mão de obra capacitada tem explicação. Poucos são os cursos de gestão oferecidos pelas universidades de primeira linha voltados para esse segmento.
A Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) até abriu uma especialização em engenharia de produção do entretenimento, em 2007, mas não formou turma, e o transformou em curso de extensão de gestão do entretenimento, projeto e produto. “Falta formação e incentivo privado para que o entretenimento seja descoberto como possibilidade de carreira bem remunerada”, diz José Augusto Nogueira Kamel, coordenador do curso de extensão da UFRJ.