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Home office nunca mais? Musk quer fim do remoto para funcionários públicos nos EUA

A expansão do trabalho remoto para servidores públicos ganhou força após os ataques de 11 de setembro, como parte de uma estratégia de preparação para desastres

Elon Musk e Vivek Ramaswamy propõem o retorno integral ao escritório para servidores federais, enfrentando resistência de sindicatos e especialistas. (Anna Moneymaker/Getty Images)

Elon Musk e Vivek Ramaswamy propõem o retorno integral ao escritório para servidores federais, enfrentando resistência de sindicatos e especialistas. (Anna Moneymaker/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 27 de novembro de 2024 às 10h36.

A força de trabalho civil mais numerosa dos Estados Unidos pode em breve ser convocada a retornar aos escritórios em tempo integral. Elon Musk e Vivek Ramaswamy, empresários designados pelo presidente eleito Donald Trump para liderar o recém-proposto Departamento de Eficiência Governamental, defendem o fim do trabalho remoto como uma estratégia para "enxugar" a burocracia federal.

Em um artigo publicado no The Wall Street Journal, Musk e Ramaswamy argumentaram que os contribuintes não devem continuar pagando pelo "privilégio da era Covid" que permitiu aos funcionários públicos trabalhar de casa. Segundo uma fonte próxima à iniciativa, a medida pode ser anunciada logo após a posse de Trump em 20 de janeiro. No entanto, a proposta está longe de ser um consenso.

Resistências e desafios operacionais

O funcionalismo público federal nos Estados Unidos conta com 2,3 milhões de trabalhadores civis, dos quais mais da metade já desempenha suas funções presencialmente devido à natureza de seus cargos, como inspetores de segurança alimentar e profissionais de saúde. Para os demais, que têm permissão para trabalhar remotamente, cerca de 61% das horas já são realizadas presencialmente, segundo um relatório de 2024 do Escritório de Gestão e Orçamento (OMB).

A implementação de um retorno integral ao escritório enfrentaria desafios legais e organizacionais significativos. Líderes sindicais, como Randy Erwin, presidente nacional da Federação Nacional de Funcionários Federais, afirmam que mudanças nas condições de trabalho devem ser negociadas em acordos coletivos. "Estamos nos preparando para uma grande batalha," disse Erwin, que já iniciou consultas com advogados e mobilizações junto ao Congresso.

Jacqueline Simon, diretora de políticas da Federação Americana de Funcionários Governamentais, que representa 800 mil trabalhadores federais, criticou a proposta como "ignorante" em relação à operação do governo federal.

Impactos esperados no funcionalismo público

Ramaswamy acredita que uma exigência de trabalho presencial em tempo integral pode levar até 25% dos servidores a pedirem demissão voluntária. Essa redução, segundo ele, é um dos objetivos do plano, que visa "diminuir permanentemente a burocracia governamental."

Embora a medida encontre apoio em alguns setores, como o da prefeita de Washington, D.C., Muriel Bowser, que busca revitalizar os centros comerciais da capital, ela também levanta preocupações. Muitos departamentos federais já operam com níveis elevados de presencialidade, como o Departamento de Defesa (64%) e o Departamento de Estado (80%). Por outro lado, departamentos como Educação e Habitação têm médias de trabalho presencial em torno de 36%.

O histórico do teletrabalho no governo federal

A expansão do trabalho remoto para servidores públicos ganhou força durante o governo Bush, após os ataques de 11 de setembro, como parte de uma estratégia de preparação para desastres. Desde então, o teletrabalho provou ser uma ferramenta eficaz, permitindo continuidade em situações de emergência e atraindo profissionais qualificados para o setor público.

Eliminar essa opção, segundo Erwin, prejudicaria tanto a eficiência do governo quanto a moral dos trabalhadores. "Eles veem a eliminação do teletrabalho como uma maneira de coagir pessoas a deixarem o funcionalismo público, sem considerar o impacto disso para o país," afirmou.

O que está em jogo

Embora empresas como Tesla e SpaceX, lideradas por Musk, tenham abolido o trabalho remoto, grande parte do setor corporativo nos EUA mantém políticas híbridas, reconhecendo a importância da flexibilidade para atrair e reter talentos. Especialistas alertam que impor um retorno integral ao escritório no setor público pode criar dificuldades adicionais para preencher posições essenciais, especialmente considerando que o setor privado muitas vezes oferece salários mais altos e condições mais atraentes.

Caso implementada, a medida proposta por Musk e Ramaswamy não apenas afetará os trabalhadores, mas poderá alterar significativamente a maneira como o governo opera, enfrentando resistência de sindicatos, especialistas e defensores do teletrabalho como uma ferramenta estratégica e funcional.

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