Paula Esteves, CEO atual da Cia de Talentos: Não é todo mundo que conhece as suas habilidades e sabe como elas podem agregar valor em diferentes situações (Nuthawut Somsuk/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 20 de abril de 2024 às 12h03.
Por Paula Esteves
Existem habilidades que são específicas de uma função ou de uma área de atuação. Outras são mais “coringas”: podem ser aplicadas em diferentes tarefas, projetos, profissões e empresas. A esse conjunto damos o nome de “transferable skills” — ou, no bom português, “habilidades transferíveis”.
São habilidades, de certa forma, flexíveis, pois podem ser usadas para atender demandas variadas e resolver problemas diversos. Entra nessa lista o pensamento crítico, a organização e o lifelong learning, tema do meu último artigo.
Sei que esse conceito não é novo, mas a minha aposta é que devemos ouvir falar mais sobre ele à medida que o tema das organizações skills-based ganha força. Se existe um movimento de repensar os processos e até a estratégia corporativa a partir do mapeamento de habilidade, a liderança precisa conhecer as transferable skills.
Na verdade, melhor do que isso é saber a importância dessas habilidades transferíveis para a gestão tanto da própria carreira quanto da equipe.
Não é todo mundo que conhece as suas habilidades e sabe como elas podem agregar valor em diferentes situações. Porém, quem tem essa visão acaba fazendo escolhas mais conscientes e, portanto, mais prováveis de gerar satisfação.
São profissionais capazes de se movimentar internamente na empresa, e ampliar o seu networking por conseguirem interagir com pessoas em áreas e em situações diferentes.
Quem conhece o seu conjunto de transferable skills costuma ter mais facilidade para identificar novas oportunidades e até fazer uma transição de carreira. Isso porque a pessoa consegue visualizar de que forma as suas habilidades se encaixam em um contexto diferente do qual ela está hoje.
E é também essa noção que ajuda a fazer uma gestão mais eficiente do seu time, direcionando e desenvolvendo talentos. O que acontece é que, ao olhar para além do diploma ou de outra qualificação formal, a liderança consegue trabalhar melhor todo o potencial da sua equipe.
Quando você conhece as habilidades transferíveis de cada pessoa que trabalha na sua área, você pode vislumbrar oportunidades futuras. Ou seja, você enxerga o que aquela pessoa está fazendo hoje e entende que esse conjunto de skills tem potencial para atender outro projeto ou para contribuir com outra área.
Tal visão ajuda a alocar talentos de forma mais rápida e eficiente, além de contribuir positivamente com o desenvolvimento da sua equipe. Afinal, ao identificar novas atividades que podem ser desempenhadas com sucesso por determinada pessoa, a liderança está dando um voto de confiança e proporcionando uma nova experiência profissional.
Por isso, saber identificar as transferable skills e usá-las na sua abordagem de gestão é daquelas táticas “win-win”: a liderança sai ganhando, e a sua equipe também. Além disso, a própria empresa acaba se beneficiando ao tornar-se mais alinhada à tendência skills-based. No fim, todo mundo sai ganhando.