ESG: A sigla, que significa Environmental, Social and Governance, reúne um conjunto de critérios de uma empresa (Tim Robberts/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 11 de julho de 2022 às 20h00.
Última atualização em 13 de julho de 2022 às 18h41.
Você já parou para se perguntar por que o ESG está tão em alta? A sigla, que significa Environmental, Social and Governance (ambiental, social e governança, em português — por isso o também uso da sigla ASG), reúne um conjunto de critérios de uma empresa, que são essenciais nas análises de riscos, passando a ser um importante indicador.
As práticas associadas a esses critérios, como o próprio nome sugere, representam uma importante mudança para o planeta — não à toa o termo foi cunhado em um relatório feito pelo Pacto Global, braço da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2004. Afinal, quanto mais players estiverem comprometidos com essas mudanças, mais sustentáveis e socialmente benéficos serão os modelos de negócio.
Mas se engana quem acha que estar alinhadas a boas práticas ESG significa que as empresas sejam “boazinhas”. É o peso do mercado, dos investidores e dos consumidores que faz com que seja vantajoso criar políticas sustentáveis: agindo corretamente, impressionando stakeholders e gerando lucro.
Em 2020, um levantamento da empresa de pesquisas de mercado Opinion Box trouxe dados sobre o comportamento dos consumidores brasileiros. Entre os entrevistados, mais da metade afirmou que envolvimento em casos de trabalho escravo, poluição e corrupção seriam motivos para deixar de consumir produtos de uma marca.
Durante a pandemia, a percepção de impactos socioambientais aflorou ainda mais: 77% passaram a se preocupar mais com o meio ambiente e 62% estavam dispostos a gastar mais para adquirir produtos menos danosos e mais sustentáveis.
Também nos investimentos, o ESG, cujos índices já eram critério de decisão, ganhou maior abrangência. Em janeiro de 2022, a bolsa de valores brasileira (B3), divulgou uma nova carteira de ações, a IGPTW B3, desenvolvida em parceria com a consultoria global Great Place to Work, que inclui empresas certificadas e que fazem parte do ranking das 150 melhores empresas para trabalhar no país.
O índice aposta nos resultados positivos de empresas que investem no bom ambiente de trabalho, buscando transformações culturais e que privilegiam a relação entre as pessoas e o desenvolvimento dos colaboradores. A carteira se uniu ao Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3) e ao Índice Carbono Eficiente (ICO2 B3), também lançados neste ano.
Esse movimento acompanha uma tendência mundial, que engloba grandes gestoras, fundos e bancos até pequenos bolsos, de considerar essencial a análise ESG para todo tipo de investimento. Para se ter ideia, conforme mostra um relatório da consultoria PwC, 57% dos ativos de fundos mútuos na Europa estarão em investimentos que consideram os critérios ESG até 2025. Essa fatia representa cerca de US$ 8,9 trilhões. Além disso, 77% dos investidores institucionais entrevistados afirmaram que deverão deixar de comprar produtos que não sejam ESG.
O cenário, é claro, coloca forte pressão sobre o setor empresarial. Em 2021, a consultoria McKinsey apontou que 83% dos executivos C-level concordavam que programas ESG afetam positivamente o desempenho das companhias.
Para colocar as ações em prática, as empresas passaram a criar áreas internas focadas apenas em ESG e a incorporar as práticas dentro de seus setores. De acordo com a pesquisa Uniting Technology and Sustainability: How to Get Full Value From Your Sustainable Technology Strategy, realizada pela Accenture com 560 CIOs e CTOs, grandes corporações têm feito uso da Inteligência Artificial no controle e mensuração da pegada de carbono, por exemplo, especialmente nas áreas de produção e operações.
Essas medidas fizeram crescer a já explosiva demanda por profissionais de tecnologia no mercado e por especialistas em ESG, carreira que está cada vez mais em alta por aliar propósito, oportunidades de crescimento e salários altos.
Segundo um levantamento de 2020 do CFA Institute, grupo global de capacitação profissional, a demanda por profissionais na área é alta, mas a oferta ainda é baixa: o estudo analisou 1 milhão de contas na rede social focada na vida profissional, LinkedIn, e concluiu que menos de 1% dos perfis tinham qualificação na área.
A falta de profissionais no mercado cunhou o termo “ESG talent war” (guerra por talentos ESG, na tradução livre), realidade vivida por empresas dos mais diversos setores ao redor do mundo. Essa busca competitiva por profissionais, é claro, faz aumentar os salários, que podem chegar, em média, aos R$ 20 mil mensais.
Não há pré-requisitos para se especializar em ESG. Aqueles que migram para essa área têm como base as mais diferentes graduações acadêmicas. É o que indica um estudo desenvolvido pela Deloitte em parceria com a Associação Brasileira dos Profissionais pelo Desenvolvimento Sustentável (Abraps).
A especialização em ESG, portanto, surge como um caminho possível para qualquer profissional insatisfeito com sua área de atuação e que busque reconhecimento em uma nova vertente do mercado.