Google: recentes demissões incentivaram alguns funcionários a se organizarem (Agence France-Presse/AFP)
Reuters
Publicado em 17 de dezembro de 2019 às 15h15.
Última atualização em 18 de dezembro de 2019 às 09h02.
São Francisco — O Google demitiu uma engenheira de segurança na sexta-feira depois que ela utilizou um sistema interno de alerta para lembrar colegas de que eles têm o direito de se organizarem em ações coletivas.
Kathryn Spiers, integrante há dois anos da equipe de segurança que trabalha no browser Chrome, afirmou que ela tinha autoridade para usar o sistema para alertar os funcionários da empresa sobre novas políticas.
Neste caso, ela chamou atenção para declaração da companhia de que funcionários poderiam se organizar e discutir várias questões do local de trabalho sem correrem risco de represália.
O Google publicou uma lista sobre tais direitos em setembro, resolvendo uma ação aberta pela Comissão Nacional de Relações de Trabalho dos EUA.
O alerta de Spiers disparava uma janela popup dentro do Chrome se funcionários visitassem a página sobre a política interna ou o site de uma empresa envolvida em tentativas de enfraquecimento de sindicatos e que foi recentemente consultada pelo Google.
"A questão aqui é que uma engenheira de segurança usou de maneira indevida uma ferramenta de segurança e privacidade para criar um popup que não era sobre segurança ou privacidade", afirmou uma porta-voz do Google. "Esta pessoa fez isso sem autorização e sem justificativa do ponto de vista de negócios."
Spiers foi suspensa no mesmo dia em que quatro colegas ativistas foram demitidos do Google, na semana do feriado de Ação de Graças. Após repetidos questionamentos pelos funcionários da empresa, ela foi demitida também.
"Eu não esperava ser demitida por isso", disse Spiers em entrevista.
O grupo sindical Trabalhadores de Comunicações da América (CWA), entidade que encaminhou uma queixa em nome dos quatro funcionários demitidos pelo Google anteriormente, afirmou que abriu uma nova reclamação em favor de Spiers.
A entidade argumenta que a demissão foi ilegal porque teve como objetivo "impedir Spiers e outros funcionários de reivindicarem seu direito de participarem de atividades organizadas".
O Google afirmou que teria agido da mesma maneira se Spiers tivesse publicado outra coisa. A empresa afirmou que ação foi mais grave porque Spiers usou um mecanismo de emergência para instalar o popup sem ter aprovação de uma segunda pessoa.
As recentes demissões incentivaram alguns funcionários a se organizarem mais para protestarem contra políticas da companhia e que recorreram à CWA após muitos meses de ações. Mas outros funcionários disseram que seus colegas estavam intimidados e falando menos.