Mauricio Giamellaro, CEO da Heineken no Brasil: “Respeito, paixão, coragem e diversão são os pilares da Heineken e também os meus. Quando você encontra uma empresa que compartilha seus valores, o trabalho deixa de ser apenas trabalho” (Heineken/Divulgação)
Repórter
Publicado em 29 de dezembro de 2024 às 08h08.
Última atualização em 29 de dezembro de 2024 às 20h25.
Prestes a completar seis anos como CEO da Heineken Brasil, Mauricio Giamellaro acredita que "gente feliz brinda mais". Sob sua liderança, a operação brasileira tornou-se a maior da companhia no mundo, enquanto iniciativas como a Diretoria da Felicidade reduziram o turnover voluntário de 5% para 0,7%. “Essa é uma conquista que levo com muito orgulho, afinal vejo a Heineken sendo reconhecida pela saúde mental e felicidade dos funcionários”, afirma.
Para Giamellaro, o segredo para crescer sem perder o dinamismo está em pensar como uma startup, mesmo sendo gigante. “Inovar em uma organização grande como a nossa exige permitir erros e aprendizados”, afirma.
Com 12 anos na companhia, o CEO já havia passado por outras gigantes como Unilever, Pepsico e Reckitt Benckiser, mas foi na Heineken que encontrou o que chama de "momento mágico": o alinhamento entre seus valores pessoais e os da empresa.
“Respeito, paixão, coragem e diversão são os pilares da Heineken e também os meus. Quando você encontra uma empresa que compartilha seus valores, o trabalho deixa de ser apenas trabalho”, afirma Giamellaro que é o primeiro brasileiro a ser o presidente da Heineken no Brasil.
Com a experiência de mais de 15 anos atuando com vendas em diferentes setores, Giamellaro entra na Heineken em 2012 como vice-presidente de vendas e distribuição. Em 2019, o convite para ocupar a cadeira de CEO, que era ocupada pelo francês Didier Debrosse, chega ao paulista que aceita e segue até hoje com o desafio de continuar destacando a companhia no setor que ele diz ser o mais desafiador de sua carreira – e do mercado brasileiro.
“Eu já trabalhei com queijo, com margarina, com molho de tomate, com produto de limpeza, com medicamento, isotônico, enfim, de tudo que eu já fiz, mas o segmento de bebida é sem dúvida o mais competitivo, o mais nervoso. Não dá para ficar entediado, é impossível”.
Na Heineken, o executivo completará em fevereiro 6 anos de presidência, devido a dois fatores. O primeiro ele chama de “momento mágico”, quando o funcionário encontra uma empresa que tem os meus valores. O segundo motivo que o mantém no cargo de CEO, inevitavelmente, são os resultados.
“Essa é a empresa que mais tempo fiquei e confesso que eu nem vi o tempo passar. Encontrei alinhamento entre os meus valores e o da empresa, e agora como CEO consigo direcionar ainda mais os valores da companhia para aquilo que eu acredito”, afirma Giamellaro.
Para fazer do pensamento “gente feliz brinda mais” uma realidade, o executivo teve a ideia de criar em 2023 a Diretoria da Felicidade. O novo departamento foi baseado na Ciência da Felicidade, que avalia os funcionários e cria ações voltadas para a saúde mental, física e social dos funcionários.
“Essa é uma conquista que eu levo com muito orgulho, afinal vejo a Heineken sendo reconhecida pelo aspecto de saúde mental e de felicidade dos funcionários”, afirma o CEO.
Hoje, a Heineken conta com 1.300 embaixadores de felicidade entre seus 14 mil funcionários no Brasil. Além disso, a empresa realiza pesquisas quinzenais para medir os níveis de felicidade dos funcionários, alcançando uma taxa de resposta de 82%. "Nos últimos três anos, tivemos os melhores indicadores de crescimento, participação de mercado e lucro", diz Giamellaro. Outra grande conquista do novo departamento foi a redução do turnover voluntário, de 5% para 0,7%.
O segundo grande marco da presidência de Giamellaro, depois da Diretoria da Felicidade, foi ver a operação da Heineken no Brasil se transformar na maior operação da companhia no mundo. “Vi a Heineken Brasil sair de 17ª para a primeira operação no mundo, isso também é motivo de muito orgulho, para mim e para o meu time.”
Outro marco foi o avanço em diversidade e inclusão. Atualmente, 43% das lideranças da empresa no Brasil são ocupadas por mulheres, com a meta de alcançar 50% até 2026. O foco, porém, está na diversidade racial, afirma o CEO. A Heineken busca atingir 40% de representatividade em cargos de chefia até 2030. “Já avançamos muito na inclusão de gênero, mas agora nosso foco está em ampliar a representatividade racial. Para isso, seremos cada vez mais intencionais,” afirma.
Para ser feliz com o que faz e continuar dando resultado como CEO neste mercado tão competitivo, Giamellaro diz que precisa ser feliz fora do trabalho também, mas para isso ele diz que é preciso ter muita disciplina. Ele acorda 5h30 da manhã, faz academia e só depois vai trabalhar. “Estipulo um limite para sair do trabalho, estourando no máximo até as 19h, depois vou sair com a minha esposa para um cinema ou restaurante”, diz. “Eu prezo pela qualidade de vida e preciso dar o exemplo”.
Com o regime de trabalho 100% home office para o administrativo, que engloba cerca de 4.500 funcionários, inclusive o CEO, Giamellaro acaba conseguindo dedicar um tempo para ele e para a família. E por isso, aprovou algumas regras internas para que seus funcionários também possam ter uma vida além do trabalho. Reuniões após as 18h não é para existir e toda sexta-feira os funcionários podem sair mais cedo, o famoso “Short Friday”.
“Hoje o meu escritório é na praia. Costumo ir para o escritório, em São Paulo, duas ou três vezes na semana. Tenho um apartamento na cidade onde fico com a minha esposa e o meu cachorro, mas boa parte da semana costumo trabalhar do litoral”, afirma o CEO que vive em São Sebastião, litoral paulista.
Em 2023, a receita da Heineken, segundo o balanço global, chegou a 30,3 bilhões de euros, 5,7% maior na comparação anual. Ao lado do México e da China, o Brasil foi um dos melhores em volumes e receita para a companhia. Segundo o CEO do Brasil, um dos motivos foi apostar na estratégia de premiumização do portfólio e no controle de custos.
“Conseguimos explorar grandes oportunidades, especialmente em produtos premium e retornáveis. Além disso, nosso foco em inovação e eficiência nos diferencia em um mercado tão competitivo”, afirma o CEO.
A marca lidera o segmento de cervejas premium no país, com 50% das vendas desse mercado, e se consolidou como referência também no segmento de super premium e economy. “Por conta da Heineken, o brasileiro hoje bebe uma cerveja de melhor qualidade. Hoje de cada 10 cervejas premium vendidas no Brasil, 5 são Heineken. Isso é motivo de muito orgulho para mim e para meu time,” afirma.
Para Giamellaro, o diferencial da Heineken está no foco no "como" e não apenas no "o quê". “Queremos crescer, mas sem perder a essência que nos diferencia. O nosso foco sempre será nas pessoas e na forma como conduzimos o negócio, porque isso é o que verdadeiramente importa”.
Esta reportagem foi publicada em 26 de agosto de 2023. Veja o link original.